O carro para e eu olho para frente, eu sei onde estamos, reconheceria esse lugar a qualquer horário.
- Ohm, não sei se é uma boa ideia.
- Vai ficar tudo bem, vem!
Ele sai do carro e me espera do lado de fora, olho para o bar, então para ele, tiro o cinto de segurança e saio. Ele sorri, segura a minha mão e beija.
- Vamos!
Nós entramos no bar e ele está praticamente vazio, a maioria das mesas estão com cadeiras em cima o que impede de as usar. O Ohm me puxa para perto do palco onde tem uma mesa disponível.
- Senta que eu vou pedir batatas para você.
- Tudo bem.
Fico olhando ele indo até uma porta e entrando, alguns minutos depois ele sai, vai para o bar, anda para lá e para cá e quando sai está com um copo de refrigerante na mão. Ele senta ao meu lado e me beija.
- Eu quero fazer uma coisa, mas você tem que tentar não ficar nervoso.
Eu viro para olhar para ele.
- Eu quero dançar para você, quero que você veja o que eu faço aqui, eu sei que isso ainda te incomoda, então eu quero que você saiba como é.
- Tudo bem, mas se você ver que eu estou irritado não chega perto por favor, eu não quero te machucar.
Ele abaixa, cheira o meu pescoço e sai. Alguns minutos depois uma mulher chega com a batata e eu começo a comer enquanto espero.
Uma música começa e eu olho para o palco, fecho os olhos e tento me concentrar, não posso perder a cabeça, respiro fundo e olho para o palco de novo. Ele está sentado em uma cadeira, sem camisa, apenas com uma calça de couro preta e óculos aviador. Começa dançando sentado, levanta, gira a cadeira e coloca ela na sua frente, então gira ela de lado e equilibra ela em apenas duas pernas, então levanta e chuta, ela desliza pelo palco e ele começa a dançar em pé. Eu fecho os olhos mais uma vez e tento me controlar. Ele coloca a mão no pescoço e desce pelo peito, quando chega na calça abre um botão. A música acaba, mas o meu olhar ainda está preso naquele botão.
Ele desce do palco e vem até a minha mesa, quando está próximo eu fecho os olhos. Ele fala comigo e da pra ver que ele está próximo, mas não está me tocando.
- Está tudo bem? Você está com raiva?
Eu abro os olhos e solto a respiração que estava prendendo.
- Não, eu estou com tesão.
Ele sorri e segura a minha mão.
- Então acho melhor ir para casa cuidar disso.
Ele me puxa e nós saímos, ele acena para o bar, a mulher que levou a batata para mim acena de volta, quando chegamos no carro ele se vira.
- Você sabe dirigir?
- Sei, mas não posso.
Ele olha para mim sem entender.
- Muitos estímulos negativos.
- Entendi, que pena, queria te chupar no caminho.
Ele sorri, pisca pra mim e entra no carro. O meu corpo que está totalmente alerta a ele,que ainda está apenas com aquela calça de couro com o botão aberto, responde imediatamente a isso. Eu respiro fundo mais uma vez e entro no carro, espero ele ligar o carro, mas ele não faz, então solto o cinto e me viro.
- Aconteceu alguma coisa?
Ele se vira para mim também.
- Você está bem? Sabe com a dança e tudo mais.
- Não, eu não estou bem, provavelmente se outras pessoas estivessem vendo seria muito pior, mas eu não posso te impedir de trabalhar, quero, mas não posso e mesmo que eu tente você não pode deixar isso acontecer.
- Você acha que isso vai ser um problema?
- Vamos tentar fazer não ser um problema, ok.
Ele sorri e me beija, puxa o meu cinto e encaixa, então coloca o dele e começa a dirigir.
Quando chegamos eu olho para ele e suspiro, vou até a sua calça e fecho o botão. Nós saímos do carro e minha agente se aproxima, ela olha para o peito do Ohm e isso me irrita.
- O que você quer aqui?
Ela me olha e começa a gaguejar.
- Nanon .. me desculpe, eu não sei por que eu fiz aquilo, por favor, você tem que me desculpar.
Eu olho para o Ohm que dá de ombros, ela da um passo na minha direção.
- Por favor, Nanon, eles já me demitiram, eu sei que estou errada, mas você precisa me ajudar, vocês não podem me processar...
- Espera, você foi demitida?
Ela me olha confusa e depois olha para o Ohm.
- A empresa não informou?
- Eu não estou com o meu celular.
Percebo que o Ohm se mexe e fica próximo a mim.
- O que aconteceu?
Ela me olha e começa a chorar.
- Me desculpe! Fui eu que tirei as fotos de vocês e vendi.
- O que!? Sua vadia!
Eu avanço para cima dela, mas o Ohm me prende nos braços.
- Me solta Ohm, eu vou matar essa vagabunda! Me solta!
Eu começo a me debater e tento me soltar xingando ela sem parar, eu só preciso de uma chance para colocar as mãos nela. O Ohm continua me apertando, não deixando eu me mover enquanto pede para eu ficar calmo.
- LEW!
A irmã dele vem correndo na nossa direção.
- O que aconteceu?
- Tira ela daqui, Lew!
- Me desculpe Nanon, eu não devia ter feito isso! Me desculpe, por favor!
- Vadia desgraçada! Ele podia ter se machucado vagabunda!
A irmã dele me olha, então olha para o Ohm.
- Porque ele está assim?
- Foi ela que tirou aquelas fotos da internet.
- O que?
Enquanto eu tento mais uma vez me soltar, ela pega Kwang pelo cabelo e começa a arrastar.
- Lew, não faz isso!
- Eu só vou ajudar ela a sair daqui.
A minha agente grita e leva um tapa na cara, elas vão embora e o Ohm continua chamando pela irmã. Quando elas estão longe ele volta a falar comigo.
- Nanon? Nanon, por favor, eu preciso que você se acalme para eu ir até lá.
- Me solta Ohm!
Ele suspira e me aperta mais, então coloca o nariz no meu pescoço e cheira. Sinto ele afrouxando o aperto, mas ele segura o meu pulso esquerdo, me cheira novamente e para de me abraçar, fica apenas com a mão segurando o meu braço.
- Ok, se você quiser ir até ela, é só se soltar, mas você vai ter que me machucar.
Eu grito e levanto a mão para bater nele, mas ele não se mexe, quando estou para acertar, tento desviar e acerto o carro, ele me abraça, cheira o meu pescoço e fala no meu ouvido.
- Esse não é você, você nunca vai me machucar.
Eu fecho os olhos e tento me acalmar, não posso machucar ele. Eu controlo a respiração e vou relaxando.
- Como ele está?
Levo um susto, me afasto e olho para trás, o Ohm suspira e me solta.
- Por favor, me diga que você não machucou ela.
- Ela recebeu o que mereceu, nem venha encher o meu saco. Como ele está?
Ela me olha, eu respiro fundo e aceno.
- Eu estou bem.
- Devia ter deixado ele dar uma lição nela.
- Lew!
- O que? Ele está certo, aquela vadia merecia!
Ele segura o meu rosto e faz eu olhar para ele, eu aceno e ele sorri, então pega a minha mão e olha para ela.
- Você se machucou de novo?
- Está tudo bem, não se preocupe.
- Vamos entrar então.
Ele segura a minha mão e me puxa, quando entro no apartamento ele me beija.
- Apartamento legal, por isso você não sai daqui.
- Vai embora Lew, ele não gosta de outras pessoas aqui.
- Está tudo bem, pode ficar.
Ela senta no sofá como se estivesse em casa, o Ohm balança a cabeça e vai para o quarto, volta com o kit de primeiros socorros e limpa um corte que está sangrando, depois coloca um curativo. Escuto o meu celular tocando e vou atender, o Ohm vem junto.
- Fala velho.
- Nós descobrimos a fonte.
- Eu sei, ela veio aqui.
- Por favor, me diga que ela não se machucou.
- Não tenho certeza, mas eu não toquei nela.
Ele fica em silêncio um pouco.
- O que isso significa garoto?
- Uma vizinha bateu nela, eu acho, mas eu não estava perto.
- Vou pedir para investigar.
Ele fica em silêncio mais uma vez.
- Está tudo bem?
- Está velho.
- Nós vamos providenciar outro agente para vocês.
Eu olho para o Ohm e tenho uma ideia.
- Eu posso escolher dessa vez?
- Faça o que quiser, não esqueça de entrar em contato com o departamento de recursos humanos.
- Ok.
Eu desligo e olho para o Ohm.
- Quer ser o meu agente?
Ele me olha primeiro surpreso e então sorri.
- Não.
- O que? Porque não?
- Eu vou trabalhar só com você?
- Não, com a equipe inteira.
- E tudo bem eu ficar fazendo coisas para os outros, seja lá o que for que um agente faz?
- Tem razão. Merda!
- O que?
- Agora vou ter que arrumar um agente.
- Fala com os outros, talvez eles tenham alguém para indicar.
- Boa ideia.
Nós voltamos para a sala, mas a irmã do Ohm não está por perto, ela aparece com alguns sanduíches.
- A sua geladeira está bem cheia, gostei.
O Ohm olha para ela irritado e eu acho engraçado, então percebo uma coisa, ela não me incomoda.
- Lew? É Lew, não e?
Ela me olha e sorri, ela tem um sorriso igual ao do Ohm.
- Desculpa, eu fiquei com fome depois de bater naquela vadia.
- Não, tudo bem. Lew, eu preciso de uma agente, quer trabalhar pra mim?
Os dois me olham surpresos.
- Ganha bem?
- Acredito que sim, tem que ficar disponível o tempo todo e ficar correndo atrás de cinco caras cuidando deles, acho que deve ganhar bem pra isso.
- Nanon, não é uma boa ideia, ela nunca fez isso.
- Eu peço para algum agente treinar ela, nós trabalhamos com várias áreas de entretenimento na empresa do velho, vai ter alguém para ajudar.
Ele olha para ela.
- Lew, não!
- Fala sério, eu vou ganhar bem pra aguentar cinco pirralhos ao invés de milhares de bêbados.
Ele suspira, olha para mim e concorda, eu beijo ele e vou para o computador. Quando logo no jogo já estão todos online.
- Triple você ficou sabendo?
- Sabe o que aconteceu TN?
- Boa tarde pessoal, a empresa descobriu que a Kwang vazou aquelas fotos, por isso ela foi demitida
- Que droga Triple, nós vamos ficar sem agente agora?
- Sobre isso Talarico, conseguem entrar em uma sala de transmissão privada?
O Jimmy abre a sala e todos entram.
- Pessoal, eu tenho um presente para vocês.
Eu viro a câmera e aponto para o Ohm e para a irmã dele.
- Conheçam a nossa nova agente.
- E aí galera.
- É a minha deusa?
- CALA BOCA TALARICO!
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Vizinho
Hayran KurguNanon um jovem gamer profissional, solitário e anti social, vive apenas focado na sua profissão. Um dia ele vê a sua vida sendo abalada com a chegada do seu novo vizinho.