Capítulo 34

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A Lew termina de me arrumar, me levanto e vou para o quarto. O Ohm não esta conseguindo colocar a gravata por causa da mão ferida, eu me aproximo e dou o nó. Ele fica me olhando sério.
- Aconteceu alguma coisa?
- Eu só estou pensando na quantidade de acasos que nos trouxeram até aqui. A Lew querendo sair de casa, eu decidindo não deixar ela sozinha, alugar o nosso apartamento entre vários outros, não ter energia quando me mudei, o celular descarregar, eu tocar a sua campainha... Só pode ser destino.
- Eu não acredito em destino, eu acredito em escolhas. Foram as suas escolhas que te trouxeram até a minha porta e foram as nossas escolhas que nos trouxeram até aqui. Eu te escolhi e você me escolheu.
- Gosto disso, gosto de pensar que você me escolheu.
- Escolhi, escolheria mil vezes novamente e mais mil se fosse necessário.
Ele sorri e me beija, eu me afasto, faço ele sentar, pego o kit de primeiros socorros e faço o curativo na mão dele, não precisa mais e sei que ele não vai me pedir, mas também sei que ele fica nervoso sempre que vê o ferimento. Vai demorar mais para cicatrizar, mas não importa quanto tempo leve e quantos curativos eu vou ter que fazer, apenas o fato de que um simples curativo deixa ele mais tranquilo já é o suficiente para mim.
Eu coloco o curativo e beijo a sua mão.
- Eu te amo!
Ele fecha os olhos e sorri.
- Fala de novo?
- Eu te amo! Agora vai lá pra Lew arrumar o seu cabelo, senão vamos nos atrasar.
Ele me beija, se levanta e vai para a sala, eu guardo tudo no armário e vou ficar com eles.
Quando chegamos no local que eles escolheram para o jantar eu já começo a me arrepender de ter deixado a minha mãe fazer isso. Paro na porta com o Ohm e ele dá risada.
- Porque eu acho que esse aqui é o ensaio para o nosso casamento?
Eu reviro os olhos, respiro fundo, seguro a sua mão e entro.
- Bebê!
A minha mãe grita de longe e todos olham para nós, o Ohm tenta soltar a minha mão, mas eu entrelaço os meu dedos nos dele e continuo andando. Não me importo com quem estiver vendo e isso me ajuda a ter controle.
Quando nos aproximamos a minha mãe me abraça e então abraça o Ohm, segura no braço dele e puxa.
- Vem dançar comigo, pãozinho, esse aí e o pai dele nunca me acompanham, eu fiquei sabendo que você é dançarino. Ele me olha e eu levanto os ombros, se tem uma pessoa que nunca me escuta é a minha mãe.
- Nanon!
Falando em pessoa que nunca me escuta.
A Lew me alcança e segura no meu braço.
- Eu não vou dançar.
Ela dá risada.
- Até parece que eu não te conheço. Vamos, eu vou com você até a mesa.
Sentamos e ficamos observando o Ohm e a minha mãe dançando, ele dança muito bem e a minha mãe parece muito feliz. Olho em volta e o salão está cheio.
- Lew, quem são todas essas pessoas?
Ela olha em volta e depois pra mim.
- Muitos são patrocinadores ou patrocinadores em potencial, estamos aproveitando para que os patrocinadores conheçam a equipe.
Eu não gosto disso, mas não discuto, começamos a ganhar muito mais depois que os novos patrocinadores entraram.
A música termina e eles vem para a mesa, o Ohm estende a mão e espera. Eu fico olhando para ela, mas não me mexo.
- Vamos lá, você disse que me escolheria mil vezes, vamos começar a contar.
Eu suspiro e seguro a sua mão, vamos para a pista, ele segura na minha cintura e me puxa para ele, eu seguro no seu ombro e na sua mão e começamos a dançar. Ah, esse sorriso...
- Você dança bem.
- A minha mãe me ensinou quando eu era mais novo.
Ele sorri e me gira.
- O que você sabe dançar?
- Um pouco de tudo, valsa, foxtrot, dança de salão, tango...
Ele começa a tossir.
- Você sabe dançar tango?
- Sei.
Ele me beija e se afasta.
- Fica aqui.
Ele sai correndo e eu fico no meio do salão, olho em volta e só algumas pessoas estão dançando, quando eu me viro para ir pra a mesa a música para de repente. As pessoas que estavam dançando se afastam, eu dou alguns passos e uma música começa a tocar. Ele só pode estar brincando!
Ele aparece sorrindo e anda até mim, fica sério e estende a mão. Olho em volta mais uma vez e todos estão olhando, se eu recusar ele vai ficar chateado. Pelo menos é um tango famoso, o favorito da minha mãe, La cumparsita.
Eu espero, quando música chega no momento que eu quero eu dou dois passos e quase encosto o meu corpo no dele, olhando nos seus olhos eu toco o seu rosto e desço como um carinho, passo pelo seu pescoço e peito, quando chego na sua cintura, envolvo ele e puxo para mim, ele me olha surpreso e eu seguro a sua mão, começamos a dançar por todo o salão e ele começa a ficar excitado, sempre que a sua virilha me toca eu consigo sentir o seu pau. Quando a música acaba, várias pessoas aplaudem, o Ohm se vira para eles e se abaixa agradecendo, eu reviro os olhos e ainda segurando a sua cintura eu levo ele para a mesa.
- Isso é muito injusto, bebê, porque você não dança comigo também?
- Porque eu não gosto de dançar.
- Mas com o pãozinho você dançou.
- Ele é uma exceção, ele sempre vai ser uma exceção.
O Ohm me olha e sorri, aquele sorriso que sempre me encanta, ele com certeza sempre vai ser uma exceção.
O meu pai chega com alguns homens e nos apresenta, eles ficam surpresos quando o meu pai apresenta o Ohm como genro dele, se tratando do velho isso não vai sair de graça.
Depois do jantar a minha mãe faz o Ohm dançar com ela de novo e nós ficamos observando mais uma vez.
- Você dança também, Lew?
- Danço, o Ohm ensaiava comigo. Aprendi quase tudo o que ele sabe, as vezes eu me apresentava, mas ele nunca gostou que eu fizesse.
Ela volta a olhar para a frente e eu ouço os homens da mesa atrás de nós falando muito alto para quem não quer ser ouvido.
- O único filho e nem um herdeiro ele vai dar, sorte que ele já está no fim da vida, não vai ver tudo que ele construiu se perder.
- E ainda fica fazendo essas coisas na frente de todos.
- Mas o que vocês esperavam daquele moleque encrenqueiro?
Sinto o meu corpo inteiro tremendo e fecho os olhos.
- Lew?
- Nanon?
Ele coloca a mão no meu ombro.
- Não me toca!
Ela tira a mão rápido.
- Lew, eu preciso que você me distraia.
Ela fica em silêncio.
- Rápido!
- Distrair, distrair, distrair.... Hmmmm, o Ohm fez xixi na cama até os dez anos! Uma vez ele pegou um gato doente e ficou com ele escondido no nosso guarda-roupa por duas semanas até a minha mãe encontrar e levar ele pra rua! Ele tem uma cueca de oncinha lá em casa, se você quiser eu posso te mostrar... Distrair, distrair... Ele me contou sobre a história do chuveiro, quando ele se declarou,  ele entrou em casa pelado e eu me assustei, chorou muito aquele dia.
Eu abro os olhos e viro para ela.
- Ele estava completamente apaixonado. Sabe, ele nunca se apaixonou de verdade antes, eu fiquei surpresa por ele ter se apaixonado por você tão rápido e de uma maneira tão devastadora. Eu quase bati na sua porta pra te dar uma surra por deixar ele daquele jeito, mas ele não deixou eu fazer.
Eu dou risada, eu consigo imaginar a Lew tocando a minha campainha e me batendo, é exatamente o tipo de coisa que ela faria.
- Eu fico feliz que você ama ele também. Na verdade eu acho que você ama ele até mais do que ele te ama.
- Provavelmente.
Ela sorri e me abraça, o Ohm se aproxima da mesa com a minha mãe.
- O que é tão divertido?
- Eu estava contando para o Nanon sobre a sua cueca de oncinha.
- Lew!
Ela mostra a língua pra ele e se levanta.
- Acho que vou ter que arrumar alguém para dançar comigo.
Ela sai andando, eu sou capaz de doar um mês de salário se ela não for direto para o Mark. Quando ela puxa ele para o meio do salão eu dou risada.
- O que é tão divertido?
Eu olho para o Ohm e sorrio.
- A sua irmã é divertida.
Ele senta ao meu lado e fica olhando a Lew dançar.
Ficamos no jantar por mais meia hora e eu decidi que era hora de ir antes que aqueles homens me irritassem de vez com os seus comentários. Nós despedimos de todos e partimos.
Quando chegamos em casa o Ohm começa a me beijar no corredor, antes que ele tente transar aqui mesmo eu vou andando até a porta. Eu me viro para destrancar e ele abre o botão da minha calça, quando ele tenta abaixar a minha calça eu entro no apartamento.
Ele entra, fecha a porta, me encosta nela e começa a me beijar.
- Eu estou querendo muito foder você desde a hora que nós dançamos.
Quando ele pega o meu pênis eu seguro a sua mão.
- Hoje não.
Ele me olha surpreso.
- Você não quer?
- Não assim. Hoje eu quero que você faça amor comigo.
Ele continua me olhando surpreso, mas sorri, eu entrelaço os nossos dedos e o levo para o quarto. Tiro a sua roupa e a minha e me deito, ele se deita sobre mim e fica olhando nos meus olhos. Eu com certeza amo ele muito mais do que ele me ama, mas eu sei que ele me ama muito também.
- Eu te amo!
- Fala de novo?
- Eu te amo!

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