Capítulo 82

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Fico sentado observando o Ohm dar uma entrevista para o repórter de uma revista, ele foi escolhido como um dos 10 jovens empreendedores revelações do semestre, nós dois fomos indicados, mas eu recusei.
A loja de esportes e os quiosques estão fazendo muito sucesso, nós expandimos e abrimos mais quatro lojas, eu criei um projeto para uma rede de lojas de games e criamos um novo setor na empresa para Desenvolvimento de jogos. Nós fazemos uma boa dupla e um motiva o outro a fazer sempre o seu melhor.
A Lew senta ao meu lado e encosta a cabeça no meu ombro.
- Ele é bom, não é?
- Ele é incrível, ele nasceu pra isso, para liderar, dar entrevistas e palestras... ele é incrível!
Ela da risada.
- Claro que ele é incrível.
Um fotógrafo se aproxima e começa a tirar fotos, o Ohm olha para mim e eu aceno para ele saber que está tudo bem.
Ele está sentado em uma poltrona branca com um terno de cor grafite, com gravata e lenço de bolso laranjas, as cores da marca da loja de artigos esportivos.
- Uma última pergunta, todos estão chamando o seu marido de Midas, porque tudo o que vocês projetam e ele coloca em prática faz sucesso, o que você acha disso?
O Ohm olha para mim e sorri.
- Eu já ouvi chamarem ele de deus, acho que prefiro deus.
A Lew da risada mais uma vez.
- Vocês dois não existem!
Eles encerram a entrevista, o Ohm agradece, vem até nós e me abraça.
- Como foi?
- Incrível!
Ele sorri e me beija.
- É, foi incrível, vamos tirar essa roupa e a maquiagem que eu tenho que voltar a trabalhar, nós temos um jogo hoje.
Nós vamos para o camarim, o Ohm se troca e voltamos para a nossa sala, o Chimon aparece com uma xícara de coca e uma de café.
- Já falei que você tem que parar com isso, é ridiculo tomar refrigerante em uma xícara.
- Já falei para parar de reclamar. Vocês vão sair almoçar?
- Hoje não, pede alguma coisa para comermos aqui? Nós temos que revisar o projeto do novo jogo.
- Você quer dizer que vai passar a tarde jogando, não é?
- Nós quatro, Chimon, só vamos ter um parâmetro com níveis de jogadores e celulares diferentes.
Ele revira os olhos e começa a andar.
- Alguma preferência?
Eu olho para o Ohm e aceno para ele recolher.
- Chinesa.
- Ok, saindo muita comida chinesa por conta da empresa. Lanches?
Eu concordo.
- Perth, vai buscar lanches, o Nanon vai fazer a gente jogar de novo.
Eu olho para o Ohm e reviro os olhos.
- Quem vê ele falando pensa que está sendo obrigado a fazer coisas insalubres.
- Ele só está implicando, você sabe que ele gosta de jogar.
- Eu sei e sei também que você não gosta.
Ele sorri e olha para o lado.
- Emo, o que jogos são?
- Jogos são chatos!
- Esse é o meu garoto!
O Chimon entra puxando a cadeira dele e senta na minha frente.
- Que nível você já está?
Eu pego o celular e abro o jogo.
- 66.
- Caralho! Eu ainda estou no 43, nunca vou conseguir te alcançar.
- Se ficar só conversando não vai mesmo.
- Que nível você está, Ohm?
- 51.
- Ah pare! Você nem gosta de jogar!
- Mas sou mais focado que você.
Ele suspira de forma exagerada, vira a cadeira dele de lado e apoia os pés na cadeira que fica na frente da minha mesa. O Perth volta com os lanches e o nosso almoço chega, nós comemos enquanto jogamos.
No final do dia encerramos. O jogo é bom, mas tem algumas falhas de sequência e principalmente é pesado demais, temos que tentar deixar ele mais leve para travar menos e arrumar os gráficos para não consumir tantos dados.
- Não esqueçam de salvar a gravação de tela e mandar para mim.
- Ok.
O Chimon se estica quase deitando na cadeira e o Perth olha para ele com aquela cara que sempre faz, como se estivesse chamando ele de Idiota, mas o olhar é tão carinhoso que dá pra ver que não é um pensamento ofensivo.
Nós começamos a juntar as embalagens espalhadas pela sala, é impressionante a quantidade de bagunça que quatro homens conseguem fazer juntos.
- Vocês vão para a faculdade hoje?
- Não, hoje tem um recesso, não tem aula.
- Vão fazer o quê então?
Eu olho para o Ohm que responde.
- Quer que eu te conte o que vou fazer com o meu marido no meu tempo livre?
- NÃO! Não não não!
Ele pega as sacolas e sai da sala.
- Será que eu posso saber se nós temos planos, marido?
Ele pisca pra mim e vem na minha direção.
- Nós temos planos! Agora me chama de marido de novo?
Ele me abraça e cheira o meu pescoço.
- Eu te amo, marido!

Nós passamos em casa e trocamos de roupa e vamos de moto até a marina, descemos e ele tira o meu capacete e arruma o meu cabelo e eu coloco os óculos.
- Todo o mistério era para me trazer aqui?
- Da pra acreditar que eu já tirei a licença há três meses e nunca viemos sozinhos?
- E onde você pretende ir sozinho a noite?
- Para lugar nenhum, eu só quero ficar com você no meio do nada, só nós dois.
Ele segura a minha mão e começa a me puxar.
- Vamos dormir aqui hoje.
- Vamos dormir?
- Claro que não, mas você me entendeu, Vizinho.
Ele vai passando e cumprimentando os funcionários e até alguns donos de barcos e lanchas, nunca vi uma pessoa tão sociável quanto ele, exceto a Lew e a minha mãe, mas é impressionante e irritante a facilidade que ele tem para fazer amizades.
Nós chegamos na Triple N e ele me ajuda a subir, eu me sento e vejo ele começar a manobrar. Andamos por cerca de meia hora, mas já faz uns 15 minutos que não vemos nada a nossa volta, ele finalmente para a lancha e estende a mão, eu me levanto e vou até ele e o beijo.
- Vamos para o quarto?
- Não, vizinho, nós vamos ficar aqui e fazer amor sob o luar.
Ele olha para cima e eu olho também, a lua está cheia e nesse ponto em que estamos o céu está muito mais estrelado do que estamos acostumados. Eu sorrio para ele.
- É lindo!
- Como você! Na verdade não chega nem perto da sua beleza, mas o infinito e um bom começo para comparar.
- Você é muito exagerado!
- Eu estou falando sério, Nanon, você não tem noção de quanto é lindo... E é meu!
- Com a segunda parte eu tenho que concordar, eu sou seu.
- Já que você é meu, posso fazer o que eu quiser com você?
- Sempre!
Ele me beija e começa a tirar a minha roupa.
- Isso me dá tantas ideias, Vizinho...

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