Eu desço do meu carro, batendo a porta com pouca força, apenas o suficiente para fechar. São pouco mais de 7 da noite e eu acabei de sair do CT quando chego até a praia.
A primeira coisa que faço é arrancar meus sapatos, a sensação da areia nos meus dedos dando uma satisfação momentânea quando eu levanto meu olhar para o horizonte, me lembrando repentinamente que sempre vínhamos nessa praia, a essa hora, e que você amava brincar com as ondas como uma criança, e que isso deixava a praia ainda mais incrível para mim.
Era estranho andar sozinho por aí agora que tínhamos terminado, mas não era exatamente difícil, a praia era meu lugar favorito por sua causa, mas estar na praia sozinho também era bom.
Eu vejo uma sombra de longe, perambulando pela praia em uma noite serena e eu não consigo parar de pensar que talvez seja você, meu coração acelerando apenas em cogitar a possibilidade.
Eu desvio o olhar, mantendo meus olhos em movimento, olhando em volta e vendo o exato lugar onde eu sabia que o fim nos pegaria, o exato lugar onde você estendeu a toalha e me abraçou forte, dizendo que meu coração estava esmurrando minha caixa torácica e me beijando com toda a sua alma.
Você não disse nada sobre nós, mas eu senti, eu sabia -sempre soube- que o fim iria chegar, mesmo que isso fosse tudo o que eu não queria.
Minha atenção é captada pela mulher que continua andando, chutando a areia entre os dedos da mesma maneira que você amava fazer, e ela não precisa se aproximar muito para que eu reconheça, eu jamais esqueceria aqueles olhos, mesmo que agoras eles estivessem vermelhos como se ela quem tivesse chorando aquele oceano.
