35 - escrava

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Mia

O dia amanhece e pela milésima vez me olho no espelho. Depois da noite de ontem decido que o melhor é ficar o mais longe possível daqui. Já sofri demais e temo pelos meus filhos, eles não podem encontrar um mundo tão desprezível como esse que estou vivendo.

Olho pro relógio só para ter certeza que agora não tem volta. Minha mala está pronta e desço lentamente as escadas deixando a carta que fiz na mesinha próxima ao sofá. Meus olhos ardem e rezo pedindo ajuda para fazer a coisa certa, não posso ficar aqui.

Entro no avião e logo o piloto se apresenta e diz que vamos decolar. Pego na bolsa uma foto que revelei com Liam da nossa viagem pra Punta Cana e choro em silencio pedindo para que ele fique bem e não venha atrás de mim. Quero viver minha vida e ser feliz, ser completa para os meus filhos e dar todo o amor que merecem.

Liam

Acordo com a cabeça explodindo, mais uma vez fui enganado... mais um vez fui traído. Levanto lembrando da cena de ontem, do tapa que dei em sua cara e dos dois que recebi. Tinha jurado que nunca mais iria toca-la dessa forma, mas não deu. Depois da ligação de Emma e da prova que tive... Mia estava com a caixinha da minha mãe escondida em seu guarda-roupa. Não entendi muito bem para o que queria, mas estava lá... Emma, em troca de dinheiro, disse que Mia estava juntando provas para me desestabilizar... e foi isso que aconteceu.

Ontem...

-Parabéns, Mia. - falo batendo palma depois de ter destruído quase metade de seu quarto - Parabéns por ter me feito acreditar em você.

-Liam... - ela fala ao chão não escondendo o acúmulo de lágrimas em seus olhos - Deixa eu te explicar....

-Não - passo por ela e deixo cair uma lágrima em meus olhos - Você iria tentar me ferir do jeito mais baixo. - minha mãe, ela iria usa-la para me atingir.

-Não é verdade, deixa eu te explicar...

Já basta. A mulher que olho não é a mesma pela qual me apaixonei, está mais para uma vigarista que só pensa no dinheiro... no meu dinheiro.

Hoje...

Levanto da cama e sigo em direção ao banheiro, preciso tomar um banho bem gelado para aguentar o restante do dia. Não quero vê-la, vou direto para o trabalho e esquecer que um dia já gostei de Mia, vou ser o pai ideal dos meus filhos, mas dela... apenas distância.

Depois de tomar banho e me arrumar saio do quarto em direção a cozinha e encontro Judith assustada e branca.

-Está passando mal? - pergunto me aproximando.

Ela nega com a cabeça e apenas me entrega um papel que está em suas mãos. Pego sentindo meu coração acelerar e antes de abrir pergunto:

-Mia?

Ela concorda com a cabeça e começa a chorar. O papel que está em minha posse parece queimar a pele da minha mão, ando divagar até o escritório tentando retardar o máximo para abri-lo, meu coração já sabe do que se trata e meus olhos escurecem ao pensar que fui abandonado... de novo.

Sento em minha cadeira e abro o único botão do paletó respirando profundamente, pego a carta e assim que abro não consigo segurar o choro, lágrimas escorrem por minha face.

"Liam

Tentei aguentar até onde consegui. Não podemos ficar juntos, são muitas intrigas e desavenças para fazer existir algo mais forte entre nós. Quero dizer que não me arrependo de ter de conhecido, de ter passado por tudo que passei, você me deu a coisa mais preciosa na minha vida: meus filhos. Vou ser eternamente grata e não me procure, não vou deixa-lo longe deles, mas por hora... por favor, respeite minha decisão."

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