40 - Felizes

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Ficar sentada esperando para depor é uma das piores sensações do mundo, o calafrio que sobe por minhas pernas me deixa mais agoniada que o normal.

-Se não parar de tremer vai acabar tendo um treco - Liam fala. Olho de lado e o vejo sorrindo pra mim, ele parece tão confortável aqui, nem parece que vamos depor... depor contra os meus pais. - Se você quiser ir embora...

-Não - falo rápido, sinto que se insistir um pouco mais vou acabar correndo daqui para nunca mais passar nem na frente - Eu quero ficar.

-Se você diz - ele dá de ombros e voltar a ler seu jornal.

Depois de todos os acontecimentos: da prisão preventiva dos meu pais, da gravidez um pouco conturbada e da falta... bem, da falta de sexo, me sinto a ponto de gritar e pedir um pouco de paz. Elevo minhas mãos a minha barriga e rezo para que venham logo, depois do pesadelo fiz de tudo para descobrir o sexo das crianças, mas sempre que ia ao médico Liam ficava comigo e acabava me convencendo a não descobrir.

-Mia - saio de meus devaneios e o olho de lado - Estou falando sério de ir embora, posso chamar o advogado.

-Já disse que estou bem - falo impaciente, até no meu depoimento ele que mandar?

-Estou falando porque minha mão está sem circulação de tanto que aperta - olho para nossas mãos dadas e rapidamente solto, nem tinha percebido - Vou ficar na minha.

-Bom mesmo, fique ai na sua, calado... lendo seu jornal - viro para o lado e ouço sua risada - O que? - me viro e o olho com todo meu ódio.

-Eu já estou fazendo isso, não precisa falar...

-Cala a boca, Liam - me levanto e vou pegar água, ultimamente tenho vontade de arremessar um vaso na cabeça de cada pessoa que fala comigo, porque não sou invisível?

Os minutos parecem horas, horas parecem séculos... acho que já estou na minha quarta reencarnação quando um policial chega em nossa sala chamando Liam.

-Vai tudo ficar bem - ele beija meus lábios e sai por entre as portas.

Sabe quando disse que as horas pareciam séculos? Me enganei, elas parecem milénios... cadê ele que não volta? Saio da sala e começo a andar por um longo corredor, eu vim por aqui? Não sei dizer bem.

-Senhora? - meus pensamentos se dispersam quando escuto algo perto de mim - Senhora?

-Eu? - me viro e vejo um policial.

-Não pode ficar aqui, a não ser que seja a hora de entrar no julgamento - ele fala e reviro meus olhos, homens pensam que mandam em nós.

-Só estou passeando...

-A senhora pode voltar? - o olhar que lanço o assusta e ele fala rapidamente - Está precisando de algo?

-Estou precisando parir, você pode fazer algo a respeito disso? - o ouço tossir e ficar vermelho - Foi o que pensei.

Me viro indo em direção a sala que estava, porque ando tão mal humorada? É sintoma da gravidez? Não, não... deve ser a falta de um bom sexo, uma boa rola, uma mão segurando com força meu cabelo...

-Senhora? - droga, agora até quando penso em sexo alguém me atrapalha - Está na hora.

Paro rapidamente com a mão na maçaneta, como assim já está na hora? Eu precisava ser avisada, no mínimo, com meia hora de antecedência... o que? Como passou tão rápido? Estou aqui com 5 minutos contados... estou não? Liam já entrou?

-Senhora? - ele me chama novamente e me viro respirando fundo - Seu advogado já está chegando.

Inspiro e expiro algumas vezes, sempre sonhei com esse dia, o dia que faria meus pais pagarem por quase terem matado o amor da minha vida... meu Liam. Vejo o advogado se aproximar e me cumprimentar, sorrio e ele começa a falar sem que nada chegue a minha cabeça... meus pés andam no automático e quando reparo já estou em frente a porta dupla pronta para ser aberta.

Contrato de submissãoOnde histórias criam vida. Descubra agora