⁷* O batismo.

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Pov'Giacomo.


- porra, merda... Inferno - bati no volante com raiva, comecei a reduzir a velocidade e parei no acostamento, havia uma viatura de casa lado da rua e pelo menos quatro polícias, um deles se aproximou e me pediu para descer, peguei o documento do caminhão, as notas que dizia ter apenas um carregamento de cristais, e meu próprio documento, desci do caminhão e cumprimentei o policial.

- o que tem aí? - ele andou até o fundo com caminhão.

- um carregamento de cristais - ofereci a nota fiscal. Mantive minha voz baixa para não demonstrar nervosismo.

- por que está nessa rota a essa hora?

- houve um atraso na remessa, o cliente é importante, estou levando pessoalmente e indo me desculpar, me chamo Giacomo... Essa rota é mais tranquila.

- senhor Giacomo, pode abrir o baú? - ele me olhou e aguardou.

- só tem caixas cheias de cristais - fui até a porta do baú e destravei, abri a deixei ele olhar as caixas de madeira, todas estavam forradas com palha para proteger as peças.

Não demonstrei, mas estava com medo, me apoiei na ponta do caminhão e deixei ele olhar, sua lanterna focou dento do baú e analisou. Depois ele subiu e abriu uma das caixas, remexeu e ouvi o barulho de algo quebrando.

- são cristais, são frágeis - murmurei.

- recebemos uma denuncia de uma carga ilegal, possivelmente drogas.

- cristal? - lembrei que metanfetamina é chamada assim, isso quase me fez rir, uma piada idiota e sem graça, queria rir mesmo assim. Mas o outro policial estava rondando apenas observando - o senhor pode procurar saber, sou dono da fábrica de cristais em Sicarusa, trabalho com isso a mais de sete anos... Não tenho nenhuma dívida.

- aguarde perto do carro - ele indicou o carro deles, segui até lá sem me importar em fechar o baú do caminhão, não falei nada, mas me encostei na parte de trás do carro.

Imaginava quem havia feito a denúncia, Giancarlo estava me testando, fiquei olhando para o céu enquanto só dois conversavam, os outros dois estavam dentro do outro carro apenas olhando, eu apostava que eles não estavam procurando saber quem eu era, e sim conversando sobre quanto me pediriam para que me liberassem. Demorou menos do que imaginei até o mesmo policial voltar.

- vamos ter que retirar a mercadoria e averiguar.

- por que faria isso?

- por que a denuncia que recebemos do caminhão bate com as informações repassadas.

- quer retirar? - perguntei.

- sim.

- pode fazer, se tiver uma ordem de busca e apreensão... Até lá, vocês não tocam nos cristais - aumentei um pouco meu tom de voz para que soubesse que não estava brincando, mas não o suficiente para ser um desacato.

- meu senhor, não pode me impedir de cumprir a lei.

- não estou, vamos ficar aqui até alguém trazer um mandado... Eu sei quais são meus direitos, não apresentei resistência, tenho empresa consolidada, anos no mercado, nenhuma dívida com o estado ou qualquer coisa.... Não vou representar ameaça ou resistência, mas não vou deixar que quebre mais nada daquele baú... Ou eu quem vai registrar uma queixa será eu.

- isso foi uma ameaça?

- não senhor, estou repassando uma informação, não sou leigo, sei sobre meus direitos... Então ou trás um mandato, ou me libere, tenho um horário a cumprir e minha filha está sozinha com a babá.

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