⁵²* O vilão e a vítima.

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Pov'Giacomo.



Eu acreditava que nunca mais sentiria paz, a sensação de que estava tudo bem, que nada nos machucaria, ou ninguém, desde a morte de Jeanine, eu percebi que a "normalidade" que criei era só uma mentira, porque mesmo que você não queira, ou você se torna o vilão ou a vítima, dentro da máfia era assim, não existia o herói, essa era uma versão diferente de todas as histórias já cintadas, a versão que você descobre que quem deveria ser herói e bandido, a pessoa que deveria te proteger é o primeiro a te ferir, porque seu pai/herói é o chefe da máfia, e quando você entende isso você percebe que ele nunca foi o herói, e você nunca será também, você só terá a escolha de ser outro vilão ou outra vítima.

- preciso estar de volta a Madri no sábado.

- tão rápido?

- não sei como vou explicar pra Stefania que não achei nada... Mas fiquei tantos dias fora.

- ela quem te ajudou?

- sim, e sei que ela vai cobrar o favor... Ellen... Eu preciso que você fique quietinha, vocês duas ... Comprei celulares novos, novos números, tenho um que vou usar pra falar unicamente com você.

- tenho medo do que ela vai querer.

- não se preocupe com isso, Stefania não é a pior pessoa... Só não faz nada de graça... Eu cuido dela, quero que você cuide dele, e em breve de Francesca, vou convencer Giancarlo a deixar ela ir para um colégio interno.

- eu sei que a uma hierarquia dentro da máfia, mas Francesca é uma menina, e é sua filha, e é VOCÊ que decidi o destino dela.

- eu sei... Eu vou dar um jeito - me estiquei e beijei o rosto dela - prefiro sentir falta dela e saber que vai estar longe daquela casa, eu sei que vocês vão estar bem juntas.


****

Eu sabia que Ellen sentiria o impacto agora, a cidade não era nem de perto o que ela estava acostumada, a casa era menor, mas seria confortável para eles, acreditava que Catherina iria sentir bem mais, ela não perguntou nada sobre como seria, se poderia trabalhar ali, mas a resposta está implícita, quando chegamos ao aeroporto havia uma garota a nossa espera, sabia que era a nossa espera porque ela segurava uma placa com meu nome.

- Giacomo - apontei a placa.

- Alessandra... Alex me passou algumas instruções.

- obrigado.

- são só vocês?

- sim, mas eu não vou ficar, só vim trazer elas.

- tem um carro à nossa espera, ele me passou algumas coisas que gostaria de discutir com você.

Sentia o olhar de Ellen em mim, queria contar tudo, contar quem estava me ajudando, mas isso só a colocaria em mais perigo, deixei elas entrarem em um dos carros junto com Guilhermo, e entrei em outro com Alessandra.

- esses são os contatos que elas podem usar - a garota me entregou um caderno pequeno - fala pra só usar em caso de extrema importância - a observei abrir - esse é o meu, pode ligar em caso delas ficaram doentes, ou algo do tipo... Fala pra não procurarem nenhum hospital sem antes falar comigo, tem nomes de lojas e supermercados, restaurantes nas redondezas... A escola que pediu - ela indicou o nome - é um colégio interno, mas também aberto.

- obrigado.

- Alex te deu dois meses para conseguir o que pediu... Se não tiver nada, elas ficam sem proteção.

- vou conseguir... Preciso de um último favor.

- mais? - ela sorriu, mais não riu.

- Catherina é uma médica de excelência... Eu sei que seria de grande ajuda, sem precisar saber mais que o necessário... Na verdade as duas são, mas Ellen precisou abrir mão disso quando fugiu, o hospital será só se uma delas não tiver o que precisa em casa - acabei rindo.

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