⁴⁵* Covardia

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Pov'Ellen.

Eu sentia que estava sendo covarde, pior que isso, me sentia alguém tão suja, agora eu usava Thomas para tentar preencher o vazio deixado por Gio. Estávamos saindo a quase dois meses desde que ficamos a primeira vez, houve momentos em que por um segundo quase o chamei pelo nome de Giacomo, houve momentos em que me senti traindo o homem que eu realmente queria ter ao meu lado, mas eu não sabia como sair disso, como voltar atrás em todas as decisões que tomei, principalmente a de ter deixado Giacomo, não dava só para voltar e pedir perdão, porque não era só um final comum de relacionamento, não era só a minha mentira sobre o aborto, minha vida estava destruída e eu não sabia como mudar isso.

Mas ainda sim permaneci ali, porque eu precisava recomeçar, e Thomas era bom, ele gostava de Guilhermo, e gostava de mim, e isso possivelmente era muito mais do que eu merecia depois do que fiz com Giacomo. Eu só não sabia como me fazer gostar dele do jeito certo, porque a cada beijo, cada toque, cada carícia no fundo de casa pensamento meu habitava as memórias dos momentos que vivi com Giacomo, de como éramos intensos, como parecíamos nos compreender tão profundamente.

- você parece distante - ouvi a voz de Thomas.

- estava pensando na minha mãe - menti.

- tem certeza?

- sim, na minha família - fui mais específica - em como eles fazem falta.

- imagino que sim - ele não parecia confiar muito nas minhas palavras, mas nunca forçava além, às vezes eu gostava disso, mas parecia que tudo ali era superficial, não sabia tanto sobre ele, e ainda sim era muito mais do que ele sabia sobre mim - preciso ir, ainda tenho que trabalhar - Thomas levantou pegando Guilhermo - até mais garoto - ele beijou a cabeça do meu filho, senti a familiar culpa que me invadia quando via o carinho de Thomas por Guilhermo, e lembrava que havia usurpado essa alegria de Giacomo, a culpa estava me corroendo e me tirando o sono, eu só não sabia como dizer para ele que não teríamos futuro, quero fugir outra vez, mudar de cidade e nunca mais ver Thomas.

- tudo bem... - o segui até a porta, abri e saímos quase juntos, Thomas ainda segurando meu filho, notei o taxi parado na minha porta, e o homem que sai dele, senti meu peito esfriar, meu corpo todo gelou - entra agora - empurrei Thomas, mas já era tarde demais.

- Ellen, o que houve.

- Ellen - outra voz me chamou ao mesmo tempo.

- só entra - mandei.

Mas não tinha mais o que ser feito, Thomas viu Giacomo, e ele viu Thomas segurando um bebê de cabelos escuros, um bebê grande, um bebê de oito meses, e não precisaria ser muito esperto para descobrir quem era o pai.

- é ele - Thomas perguntou.

- sim - sentia vontade de chorar - eu...

- tudo bem - Thomas me entregou Guilhermo - precisa de ajuda?

- não, não... Ele ... Não vai me machucar.

- tudo bem.

- Ellen - Giacomo parou diante de nós, havia incredulidade em seu olhar, raiva, desprezo, e muito ressentimento e dor, era impossível não ver a dor neles, meu peito doeu de uma forma intensa a familiar culpa voltou, só que ainda pior, como ele nos achou?

- melhor eu ir.

Gio não falou nada, esperou Thomas se afastar, então eu entrei e ele me seguiu, ouvi o som mínimo da porta sendo fechada.

- você mentiu - sua voz saiu alta.

- por favor - o encarei sentindo que iriam chorar - não grita...

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