⁴¹* Guilhermo.

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Pov'Ellen.



- como assim jantou com o cozinheiro?

- foi só um jantar, acho que ele tem pena de mim - dei de ombros - foi divertido, normalmente eu só converso com você.

- sei... Acho que ele tá afim de você.

- claro, a garota grávida, isso é bizarro - fiz uma careta - eu também não quero saber de ninguém, o único homem que me interessa no momento é esse bem aqui - apontei minha barriga.

- em breve ele vai sair, e você vai ter que te uma vida... Não pode só ser mãe.

- quem disse?

- sério, você é médica, tá não pode exercer medicina... Mas pode achar algo para fazer.

- eu sei que se preocupa... Mas por hora, eu quero só ser mãe...

- eu sei que tem medo de sair, de viver, mas eles não vão nos achar nunca.

- não é só isso... - me ajeitei na poltrona, o quarto de Guilhermo estava quase totalmente arrumado, faltava apenas alguns detalhes, mas ficaria lindo, a poltrona que comprarmos era confortável, ajeitei minha pernas sobre o puff no mesmo tom da poltrona e suspirei sentindo um alívio.

- então é o que?

- eu não sei o que fazer, já pensei em tantas coisas, mas eu não sei ser mais nada ... Eu sempre sonhei em ser médica, é o que eu nasci para ser, eu não quero ser outra coisa.

- eu sei - Catherine afastou meus pés e sentou - fiquei com muita raiva por não ter me ouvido... Mas estamos aqui, e você vai achar outro caminho, e nós temos Guilhermo - senti seu carinho em minha barriga, e nos sentimos, ele chutar.

- por que tem que doer tanto? - deixei as lágrimas que segurava a dias saírem.

- porque você ama ele, Giacomo é bom de algum modo... E o amor nem sempre faz sentido.

- queria odiar ele... Seria mais fácil.

*******

Queria odiar ele, mas só sentia falta, sentia que faltava algo, estava tudo pronto, tudo perfeito para a chegada de Guilhermo, mas ainda sim parecia faltar algo, sentia falta de Giacomo, do seu sorriso ao me ver chegar, do seu abraço, do seu olhar cheio de amor e desejo, de como suas mãos parecia se moldar ao meu rosto sempre que ele o tocava, não conseguia deixar de pensar no quanto ele estaria sentindo culpa por achar que nosso filho estava morto, eu não me arrependia de ter fugido, mas sentia por ele não estar ali, por não ver nosso filho nascendo.

Senti meu peito doer, não era só ele que estava perdendo algo, Francesca estava sozinha outra vez, e por mais que eu tentasse me confortar por minha decisão, uma criança perdeu algo outra vez, eu roubei dela, pensar no quanto ela ficou feliz por saber que teria um irmão, e agora também sentia a ausência, eu roubei deles algo importante e por mais que eu tivesse me protegendo, eu roubei algo deles.

- porque está chorando?

- minha bolsa estourou - falei entre as lágrimas.

- isso é maravilhoso.

- cath... Eu não posso - meu desespero aumentou, senti o ar faltando, simplesmente parecia que eu havia desaprendido a respirar - eu preciso dele aqui.

- Ellen, você só está frágil, eu estou aqui, e não vou soltar sua mão.

- eu tirei dele outro filho...

- amiga - Catherine me abraçou - lembra que eles tirariam Guilhermo de você.

- eu sei... Eu sei, tudo bem - respirei fundo - eu ... Tô com medo.

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