³⁰* Precisamos conversar.

28 8 1
                                    

Pov'Ellen.



- porque deixou ele vir?

- porque se você bem lembrar, tem uma criança que tá sofrendo - Eric murmurou no mesmo tom raivoso que falou com Giacomo.

- eu não esqueci - suspirei

- Giancarlo não vai entrar aqui... Você está segura - sua voz suavizou.

Eu sabia que Eric estava com raiva porque não aceitava a minha escolha, nem do aborto, nem de fugir, ele preferia começar uma batalha ainda maior, em uma guerra que já ficava décadas, que já existia antes de nós, e eu só queria fugir dela.

- eu sei - eu não tinha tanta certeza, apesar de ser meu irmão diante de mim, agora eu só conseguia ver um mafioso.

- melhor ir descansar, você já aprontou muito por um dia, e acabou de sair do hospital.

- eu fiz o melhor para mim - murmurei indo em direção ao meu antigo quarto - e não me arrependo.

- eu sei disso Ellen - ele estava frustrado.

- quando vai conseguir o que preciso?

- já estou resolvendo - Eric suspirou.

- obrigada - mostrei um sorriso sem vida.

- Ellen! - dessa vez não era Eric, parei no meio das escadas e virei para olhar para ele.

- sim?

- sinto pelo bebê - sua voz mostrava seu ressentimento.

- eu também - voltei a subir as escadas devagar, tentando não chorar ali, eu havia perdido muito aquele dia. Sabia que minha escolha teria um peso muito grande, e ainda sim não conseguia me arrepender.

- filha! - senti meu pai mais perto.

- preciso descansar - suspirei.

- queria conversar com você - senti ele segurar a minha mão.

- hoje não, por favor... Estou exausta, meu corpo todo dói.

- tudo bem.

Não era só dormir física, era emocional, mesmo querendo odiar Giacomo, eu o amava, meu lado emocional o amaria por muito tempo, mesmo odiando o que ele fazia, odiando suas mentiras, e odiando que por culpa dele eu estava ali sem rumo, odiando principalmente o amar tanto quanto amava; me encolhi na cama e tentei dormir, queria esquecer mesmo que por algumas horas todo aquele drama, queria não pensar em como Francesca ficaria ao saber que eu havia morrido, a diferença entre morrer de verdade e morrer de mentira, é que de verdade a dor acaba, e ali eu tinha toda dor e culpa sobre mim. Mas ainda sim, eu não conseguia me arrepender, apesar da dor que Francesca sentiria, eu não suportaria continuar naquela vida, ser prisioneira deles, ver meu filho crescer e se tornar o herdeiro da máfia. Preferia seguir a decisão que tomei e supor as consequências dela.


---------




- obrigada por nós deixar vir - ouvi a voz familiar, voltei com urgência para dentro do escritório e me encostei contra a parede.

- não tive muita escolha - Eric respondeu - onde está sua filha?

- no carro... Com a babá, e ... Ela?

- morta - a voz do meu irmão era dura. Não era raiva, tinha mais ali, era o confronto de máfias, nem conseguia imaginar o que seria ter seu inimigo dentro da sua casa.

- tudo bem... Eu vou esperar lá fora também.

- ela não culpa só você - Eric murmurou - ela culpa a nós também... Eu e o papai também mentimos.

Vingança, segredos e poder.Onde histórias criam vida. Descubra agora