²⁹* Luto outra vez.

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Pov'Giacomo.

Sentia meu peito queimar, era a mesma sensação que tive quando Jeanine morreu, me sentia de luto por Ellen, por meu filho, outro filho que perdi, parecia uma sina, uma praga, ou um castigo. Todas as opções sem dúvidas, a dor era paralisante, mas eu não podia parar, porque outra vez Francesca era a maior vítima, outra vez ela perdia alguém que ama, como falaria para minha filha que Ellen havia ido embora? Achava que não poderia ficar pior até entrar em casa e me deparar com Giancarlo sentado no meu sofá brincando com minha filha.

- o que faz aqui?

- Giacomo - meu pai levantou e andou em minha direção.

- o que faz aqui?

- vim saber como está - sua voz era calma, mas ele não conseguia esconder o olhar de sarcasmo, eu odiava aquilo, parecia que ele nunca falava sério sobre nada, tudo era sim jogo onde ele comandava, meu pai era como a merda de um menino mimado que não aceitava não ganhar.

- Francesca, sobe para tomar banho.

- onde está a Ellen? - ela me encarou por um tempo, depois a porta fechada.

- ela... Filha - caminhei até onde minha filha estava e sentei junto com ela no sofá, sua expressão mudou, ela sabia que algo tinha acontecido, era doloroso ver a alegria deixar seus olhos outra vez.

- o que aconteceu?

- Ellen, perdeu o bebê - comecei devagar - ela...

- mas ela vai ficar bem? -

Os olhos de Francesca ficaram marejados, aquilo me causou ainda mais ódio, pelo homem parado na minha sala e por mim mesmo.

- não, ela teve problemas... Uma hemorragia grande - contei a mentira da forma mais verdadeira que pude, sentia o olhar duro de Giancarlo atrás de mim, ele queria ter certeza da minha história - eu não entendo dessas coisas, mas... O coração dela não suportou.

- ela morreu? - agora minha menininha chorava, seu corpinho curvou enquanto seu choro ficava mais alto e sofrido.

- eu sinto muito filha.

- porque? Porque ela morreu?

- filha... Ela sofreu, doeu nela... Foi demais para o seu coração - falava aquilo sentindo o meu próprio querendo parar.

- papai - Francesca me abraçou, seu choro era de cortar o coração.

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Tentei acalmar minha filha de todas as formas possíveis, era uma tortura ver ela daquele jeito, seu choro só acalmou quando ela pegou no sono, fiquei observando ela dormir por um tempo, eu sabia que seria outro momento difícil, nos adaptar a essa nova vida sem alguém que amamos; quando desci na esperança de comer algo e depois dormir também me deparei com Giancarlo ainda na minha sala.

- o que ainda faz aqui?

- vim conversar, ainda preciso de respostas - ele se ajeitou no sofá colocando os braços no encosto mostrando o quanto estava a vontade ali.

- não sei o que quer ouvir - admiti.

- quero entender como Ellen morreu por causa de um aborto.

- ela morreu porque provocou o aborto - murmurei. Vi a expressão dele mudar o sarcasmo deixar seu rosto e ser substituído por choque, finalmente uma emoção real, acho que foi a primeira vez que vi.

- ela não faria isso.

- ela fez, tomou tanto remédio que matou o bebê e a si mesma.

- e como ela conseguiu? Como não notou?

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