Menos um - 10

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   Eu não sou exatamente anti- romântica como as pessoas costumam dizer.

   Livros de romance não são meus favoritos mas isso não torna eles menos interessantes.

   Quando comecei a me apaixonar por livros o gênero de romance era sim meu favorito, mas em algum momento da vida eu passei a me distanciar desses assuntos já que coloquei na minha cabeça que ninguém nunca me amaria nessa vida.
   Na minha cabeça é praticamente impossível existir um homem que possa me amar, ou que possa ser digno do meu amor, graças as realidades fictícias eu tenho padrões muito altos e isso complica ainda mais na minha vida.

   Andar de mãos dadas com Nero pela escola faz com que eu me sinta péssima em relação a essa invenção.

   Existe essa sensação boa que essa mentira causa em mim, ela me faz ansiar por um toque verdadeiro de um parceiro que nunca terei e me faz aproveitar cada momento de "namorados" que eu e o Calion temos, isso porquê nunca serei amada então por qual razão eu negaria descobrir a sensação de ter alguém apaixonado por mim? Mesmo que seja mentira.

   E isso me deixa ainda pior.

   Gostar e querer estar próximo assim de Nero por achar que a partir do momento que nossa mentira acabar eu jamais estarei em uma situação parecida de novo me deixa muito mal.

   — Jonna?

   — Sim?

   — Alergias?

   — Ah — resmunguei, nós estamos trocando algumas informações relevantes para fingir que nos conhecemos de verdade na frente de outras pessoas — Sou alérgica a glúten e fico com coceira mas não deixo de comer nada por isso, então toda semana acabo tomando anti-alergicos.

   — Você não tem medo da alergia evoluir e ter um treco?

   — Morrer é meu maior sonho, Nero — brinquei, ele não sorriu e me olhou com muita seriedade — Tô de sacanagem.

   — Não teve graça — advertiu — E até hoje não descobri minha alergia.

   — Sortudo — observei nossas mãos entrelaçadas e todas os olhares que não tentam ser discretos na escola.

   Essa semana vem sendo a mais estranha de toda minha vida, as pessoas não param de falar sobre nós dois e o pior nisso tudo é que Nancy não fez ou disse absolutamente nada para mim.

   Isso me deixa realmente assustada porquê significa que algo de errado não está certo.

   — O quarteto fantástico não te intimidou? — perguntei para meu falso namorado que se aproximou muito de mim quando encostei no meu carro.

   — Não — falou, os olhos observando cada canto do meu rosto — Por que você tá tão obcecada por eles?

   Não é obsessão, é preocupação.

   — Eles estão aprontando, Nero — falei, nossas vozes estão baixas — E eles não tem um pingo de senso para colocar limites nas brincadeiras de mau gosto.

   — Se eles brincarem conosco nós brincamos com eles — assegurou, sua mão subiu até meu rosto e o dedão acariciou minha bochecha.

   — Vamos logo embora.

   Dessa vez eu estou dirigindo até nosso bairro.

   — Do que você tem medo? — perguntei na intenção de voltar ao antigo assunto.

   Nero sentou ao meu lado e ficou pensativo enquanto colocava o cinto de segurança.

   — Insetos — revelou um pouco envergonhada e eu ri alto — Idiota. Você tem medo do quê?

Amor Café & ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora