Amor Café & Ódio

Meia de dedinho - 36

Nero - Dias atuais:

   — Que troço ridículo!

   Jonna está rindo de mim com lágrimas de felicidade nos olhos. Sua gargalhada boa e engraçada me tira sorrisos e reviradas de olhos.

   Faz mais ou menos uns três dias que ela estava agindo um pouco estranha comigo. E, desde então venho fazendo de tudo para tornar o clima mais agradável.
   Não sei o que houve, não sei se algo aconteceu, se ela descobriu o que não devia, se só está tendo uma recaída ou seja lá o que for, só sei que andei tão aflito esses últimos dias que quase não consegui dormir.

   Sem brincadeira, cheguei a ter uma crise só de pensar que se eu desse qualquer vacilo Jonna tentaria se suicidar de novo.
   Não consigo, não quero e não posso imaginar um mundo onde deixei essa garota escapar por entre meus dedos. Eu me culparia para o resto da minha vida.

   — Cala a boca sua escrota! — chutei de leve a mão de Jonna quando ela tentou segurar meu pé.

   A garota loira pegou meu tornozelo com força e colocou sobre o colo, se inclinou na direção do meu pé e quando viu minha meia mais de perto começou a rir tão intensamente que dessa vez ela realmente chorou.

   Estou sendo zoado por usar uma meia de dedinhos.
   Meias essas que uma vez Jonna tinha me falado que eram patéticas e eu só as coloquei hoje na intenção de fazer ela rir.

   Não que as coisas estejam estranhas entre nós. Jonna continua chata, implicante, sem paciência, bonita mas a sua mudança significativa de comportamento me fez pensar em todos os cenários possíveis e eu andei muito aflito.
   Apesar de ela estar bem mais tranquila e consideravelmente carinhosa, (do seu jeito estranho, claro) ela também está distante, consideravelmente mais quieta do que o normal, muito pensativa e aparenta estar ansiosa, talvez triste.

   Eu ia contar para ela sobre absolutamente tudo, estava decidido a me declarar mas do nada ela começou a agir desse jeito estranho e eu fiquei com medo. O constante medo de ela não poder corresponder aos meus sentimentos só me desencorajou.

   Jonna sempre deixou claro que não gosta de mim e tenho medo de que isso ainda seja uma verdade.
    Eu quero que ela goste de mim.
   Quero muito.
   De verdade.
   É quase desesperador.

   Sua risada estridente fez esse pensamento se dissipar.

   A garota se contorceu e amassou meu pé que ainda estava no seu colo, uma lágrima escorreu pela sua bochecha absurdamente vermelha e os olhinhos estão fechados graças ao sorriso surreal de grande.

   — É ridículo — zombou com dificuldade — E engraçado.

   — Você é ridícula e ninguém chora de rir da sua cara — provoquei e ganhei um beliscão na panturrilha — Aí!

   Mesmo assim Jonna não parou de rir.

   — Você é tão estiloso cara, nunca pensei que fosse se submeter a usar algo assim — ela estava começando a se controlar mas era só olhar para o meu pé que caía na gargalhada novamente.

   — Você não sabe nada sobre moda! — escondi meu sorriso — Sem contar que essa meia é mais confortável do que as normais.

   A garota jogou meu pé para o chão e colocou a mão na barriga, depois se inclinou para trás na minha cadeira e respirou fundo.

   — Se eu olhar, vou rir — falou com o tom de voz divertido — Ufa — suspirou sorrindo — Que patético.

   Não consegui desviar o olhar.
   Seja do seu pescoço longo e chamativo, do seu maxilar desenhado, de seus ombros nus graças ao vestido de alcinha que Jonna está usando, os quadris gradativamente mais largos já que está sentada, barriga um pouco marcada no vestido preto meio colado e suas malditas pernas bonitas.