Vôlei - 37

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Jonna - quatro dias antes:

   Eu havia acabado de revelar tudo para os meus pais.

   Sobre o meu relacionamento de mentirinha, sobre o bullying, sobre o tempo que fiquei sem tomar remédio, sobre o que realmente aconteceu com Nero e tudo que ele fez por mim durante esses anos.

   Estou deitada no colo do meu pai que acaricia minha cabeça e as lágrimas rolam de tanta culpa, culpa por Nero e de ter mentido para eles por tanto tempo.

   Mamãe está sentada no chão bem na minha frente e secou minhas lágrimas.

   — Vocês não estão com raiva? — perguntei com a voz chorosa.

   Eles sorriram.

   — Nunca sentiríamos raiva de você, filha — mamãe acariciou minha bochecha com cuidado.

   — Nós já desconfiavamos que era mentira — papai revelou, eu olhei para cima e enxerguei seu rosto com uma expressão cuidadosa — Você é uma péssima mentirosa.

   Mesmo querendo chorar eu acabei rindo com ele. Quando voltei a olhar para minha mãe ela estava me analisando com um pouco de diversão.

   — Sobre Nero, acho que depois que vocês viraram namorados de mentira sempre foi fácil de notar os sentimentos que ele sente por você — disse com paciência — Foi por isso que chegamos a acreditar, porquê ele fazia tudo ser muito sincero e genuíno.

   — Como eu sou burra — a crítica saiu além da minha mente.

   — Não fale assim de sí mesma Jonna — mamãe me repreendeu — Você não é burra... Só é lerdinha — papai gargalhou da esposa e eu acabei rindo graças a sua risada contagiosa. Mamãe revirou os olhos — Calem a boca! — ela bateu no joelho do esposo e o olhou com graça — A questão é que você já estava tão acostumada a parecer desinteressante diante dos outros que não exitia uma boa auto-estima para perceber os flertes ou os olhares de Nero. O seu subconsciente negou qualquer afeto que ele demonstrasse e você acabou acreditando muito nele.

   Assenti de vagar. Assimilei suas palavras escolhidas uma a uma para me reconfortar. Ter mãe psicóloga tem suas vantagens.

   — E quanto ao resto? O que eu faço sobre tudo que eu causei a ele? — me referi ao fato dele ser meu escudo contra o bullying antes mesmo de eu saber.

   — Por que não conversa com ele sobre isso? Acho que ele é a melhor pessoa para explicar o próprio ponto de vista — sugeriu com calma.

  Comecei a me levantar do colo de papai para me sentar.

   — Eu deveria?

   Eles me olharam confusos.

   — Óbvio? — papai franziu as sobrancelhas louras e esperou pela minha explicação.

   — É que... E se ele não gostar de saber da forma na qual eu descobri? — murmurei e de repente comecei a rir — Sem contar que eu não sei como falar sobre essas coisas.

   Papai revirou os olhos antes de me responder:

   — Ele não tem o direito de ficar bravo.

   — Ah...

   Eu discordo.

   — Mas e você? — mamãe questionou curiosa — Você gosta dele de verdade? Ou só sente a necessidade se ser amada?

   Eu li livros de romance a vida inteira. Li contos e diversos livros onde cada um possuía um pouco de romance. A questão é que ao viver isso você finalmente entende como as protagonista se sentem confusas.

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