Nero - outono de dois mil e dezoito:
Suguei o suco da caixinha pelo canudo.
Apoiei o braço livre na proteção de ferro no corredor livre do segundo andar e permiti que o Sol me banhasse.
De longe analisei Jonna, ela ri genuinamente de algo que Dina diz, Andreas, ao lado da namorada folheia o livro da minha futura garota. Ele parece focado de mais com o mundo fotografado em letras a cada linha lida. As outras meninas também estão ali, conversando e rindo.
Já fiz isso outras vezes só que nelas Jonna estava sozinha com o celular ou o livro em mãos, ela não sorriu desse jeito pra nada nem ninguém, apenas quando sua mãe vinha lhe fazer companhia. Das outras vezes também não podia só a encarar como agora, não podia ser visto fazendo isso.
— Isso tá durando muito — a voz conhecida não me fez desviar o olhar mas fez meu corpo se enrijecer — Admito que de início achei que fosse mentira mas agora tô começando a acreditar.
— O que você quer? — segurei a caixinha com mais firmeza me sentindo estranho com sua presença.
— Senti saudades do meu velho e bom amigo — a voz sonsa me deu calafrios, ela nunca me considerou seu amigo e sempre deixou isso bem claro pra mim.
Nancy e os outros me excluíam sempre que possível, ela me usava para tirar sarro da cara de Jonna e me manipulava dizendo que se eu não fizesse o que mandasse eu seria expulso ou que ela iria dizer aos meus pais todas as merdas que já aprontei.
As merdas que eles me obrigavam a fazer.
Em momentos quando tudo dava errado a culpa sempre era minha, mesmo que eu não fosse o verdadeiro culpado ela brigava com quem estragou tudo e arranjava uma forma de me meter no meio. Isso tirando todas as agressões que já sofri com ela.
Giorge, Louis e nem mesmo Arianne nunca fez nada.
Arianne dizia gostar de mim e sempre soube que era a única capaz de controlar a melhor amiga mas nunca movia um dedo pra me ajudar.
— O que você quer Nancy? — insisti trocando o peso do meu corpo para outra perna.
— Saber o motivo de ainda estar insistindo nela — revelou com a voz preguiçosa — Qual é Nero, perto da Anne essa criaturinha ali não é nada.
— Aparência é tudo pra você? — claro que é, ela só se importa com isso.
— Sejamos sinceros meu bem, ela não tem um pingo de graça, como se apaixonou por alguém assim? — respirei fundo desencostando do guarda-corpos de ferro — Essa aberração asiática é o puro nojo.
— Ah cale a boca — mandei.
Senti meu corpo leve. Sempre quis dizer isso pra ela, para todos os quatro.
Sorri quando Nancy me olhou de olhos arregalados, ela parece horrorizada com minha nova ousadia.— Enfia essa merda desse seu ódio alheio na sua guela — cuspi irritado — E pare de dizer coisas assim da minha namorada — ordenei me sentindo bem — Não vou mais tolerar esse tipo de coisa, essa merda já passou dos limites e agora eu não tenho mais medo de você pra abaixar minha cabeça.
— Uau, que medo — a ironia em sua voz preguiçosa me faz querer joga-la daqui de cima — O que vai fazer então querido?
— Eu sei de todas os seus podres, Nancy, sei de onde vem a maior parte do dinheiro de seus pais, sei que você gosta de sair beijando garotas e sei que seus pais não iriam gostar de saber disso, sei que sabe sobre as tentativas de suicídio de Jonna mas se ela tentou se matar roi por sua culpa e eu tenho certeza que se souberem disso a reputação da sua família vai pro esgoto — ameacei com a voz baixa, apenas ela me escutou, vi seu rosto se tornar vermelho de raiva e os punhos cerrados tremeram com o certo medo que causei — Se continuar usando falas racistas pra se referir a Jonna na minha frente não vou ter medo de denunciar a façanha da família Evans.
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Amor Café & Ódio
Novela JuvenilJonna sempre detestou tudo que envolvesse Nero Calion e seu grupinho de amigos, mas quando se viu em um beco sem saída tendo que mentir para cuidar da sanidade mental de sua mãe a única mentira que saiu de sua boca foi a pior que já inventou em toda...