Queimada- 22

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   Tinha parado de chover dez minutos antes de tocar o sinal para a aula de educação física.

   A única onde nós quatro estamos juntos.

   Eu me atrasei como sempre mas não era bem um problema já que minha professora me conhece bem e me odeia na mesma proporção.

   Por isso me fez dar quinze volta no campo de futebol americano quando cheguei e voltou a repassar o aquecimento com os alunos.

   Engoli minha língua grande quando a professora disse que eu deveria colar um relógio no pulso e me segurei ainda mais quando Nancy e Arianne riram.

   Não estou fora de forma, meus pais me obrigam a fazer exercícios, caminho e corro com mamãe toda semana e faço exercícios com papai já que ele também trabalha muito na frente do computador e se por acaso não se cuidar acaba pondo sua saúde em risco.

   É por isso que sou magra também, isso e a falta de vontade de me alimentar graças a maldita depressão.

   Então quando eu parei ao lado de Andreas e bebi um pouco de água mesmou não estando tão cansada assim.

   — Você não deu quinze voltas — a professora me olhou com desconfiança.

   — Dei sim — rebati sem paciência.

   — E por que não está cansada? — questionou colocando as mãos na cintura.

   — Porque eu tenho condicionamento físico, gênia — cuspi irritada.

   — Você tá louca pra levar outra detenção né? Faz tempo que eu não te dou uma — ameaçou com o orgulho ferido.

   — Desculpa — pedi, se eu pegar detenção mamãe me mata.

   A professora de pele retinta me olhou sob os óculos de grau e jogou uma de suas tranças para trás antes de ceder e voltar ao que estava falando.

   Sentei entre Andreas e Nero.

   Os dois estão usando a farda de exercícios branca e verde, shorts também próprios para a aula e tênis pretos. Parece até que combinaram.

   Rue que sentou ao lado do namorado usa o shorts e a blusa na mesma cor que a dos meninos, a diferença entre nós duas é que eu estou usando calças e uma camiseta larga, por baixo um casaquinho fino para esconder meus pulsos horrendos.

   — Por que ela implica tanto com você? — Andreas franziu os olhos quando ergueu a cabeça para olhar na direção da adulta.

   — Uma vez ela falou algo xenofóbico sobre asiaticos e latinos então eu disse algo que ela não gostou — os três me olharam ao mesmo tempo, curiosos.

   — O que você disse? — Rue perguntou com curiosidade.

   — Falei que saía mais merda pela boca do que pela bunda dela — eles gargalharam tão alto que alguns alunos olharam na nossa direção, incluindo a srta. Benson que me encarou seriamente mas não parou de falar.

   Depois de ter falado isso nós entramos numa discussão feia onde ela me mandou para a diretoria e eu me recusei a ir sem ela. Quando chegamos lá eu contei o que aconteceu e o antigo diretor a fez se desculpar comigo.

   Depois disso ela pegou birra de mim.
   São três anos suportando essa velha chata agindo como se eu fosse a pior aluna da sua classe.
   As coisas só pioraram quando a nova diretora entrou na escola.

   — Você é de mais Jonna — Andreas falou enquanto se recuperava das risadas.

   Sorri.

   — Vamos fazer uma queimada, Nancy forme seu grupo e Nero — a professora chamou nossa atenção — Forme o seu.

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