Três anos - 41

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   Nero se sentou na cadeira e me posicionei entre suas pernas, eu coloquei a bolsa de gelo sobre seu olho com cuidado.

   Há muito silêncio dentro do seu quarto, diferente da noite passada. A subta lembrança fez meu rosto queimar e deixou todo meu corpo em alerta.

   De repente eu estava muito ciente da nossa proximidade e do seu joelho roçando na minha perna e da sua mão na minha cintura e do seu olho bom me analisando com cuidado.

   — Por que não me acordou? — perguntei firmemente.

   — Eu também acordei tarde, o vídeo já tinha sido publicado quando eu levantei — falou com a voz baixa.

   Afastei a bolsa do seu rosto para o gelo não queimar sua pele e o olhei com receio.

   — Então você foi pra escola só para brigar? — ele afirmou com um aceno de cabeça e sorriu.

   — Você realmente acha que eu ia deixar isso desse jeito? — questionou com certo deboche, sua mão me largou para tocar os joelhos de forma ansiosa.

   — Hm...

   Nero continuou me olhando quando voltei a cuidar do seu olho.

   Nós suspiramos ao mesmo tempo.

   A cama ainda estava bagunçada, eu estou completamente indecente, tem embalagens de proteção jogadas pelo chão do quarto e o ar ainda está ligado porque sentimos muito calor ontem a noite.
  Era impossível tentar não me lembrar disso, quando, independente do lugar que eu olhasse teria um resquício da nossa fome um do outro. Era ainda pior ter ele tão perto assim de mim e me lembrar que seus olhos me viram totalmente despida.

   Não que eu seja feia, eu gosto do meu corpo mas isso não significa que eu também não me sinta insegura com ele.

   A questão é que ele não me deixou insegura em momento algum. Ele sussurrou elogios sinceros e sempre que me tocava fazia isso como se eu fosse uma obra de arte muito cara e frágil. Nero me fez sentir coisas espetacular e não há mais dúvidas do desejo gritante que sinto por ele.

   Foi diferente.
   Uma experiência que me trouxe a vontade de continuar respirando para descobrir o que de novo a vida tem para me oferecer.
   Eu realmente gosto dele.

   — Nós vamos conversar sobre isso ou vamos ignorar? — sua voz quebrou o silêncio.

   — Sobre o que? — fiz uma voz sínica e ele me olhou com muita seriedade.
   — É sério? — Nero revirou os olhos — Você quer ignorar?

   Não quero ignorar mas é que também não sei o que falar sobre tudo o que aconteceu.

   — Por que não quer conversar sobre isso? — perguntou. Eu coloquei a bolsa de gelo sobre sua escrivaninha e cruzei os braços para sustentar seu olhar.

   — Nós dormimos juntos — murmurei sem graça — O que tem de demais nisso?

   Por um momento ele me olhou chocado, depois soltou uma risada sarcástica e me olhou como se eu estivesse louca.

   — Jonna até semana passada você me odiava — disse ele com indignação.

   — Irônico não é? — tentei brincar, nenhum de nós dois rimos.

   — Eu sei que você não se arrepende. Você mesma disse que não era uma decisão precipitada e se você tivesse desistido da idéia nem teria me deixado continuar — alegou enquanto afastava sua cadeira alguns centímetros — Sei que pode ser confuso mas nós precisamos conversar.

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