Amor da sua vida - 2

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   Se existisse um campeonato de pessoas mais sociáveis no mundo eu seria a primeira desclassificada.

   Quando se trata de amizades eu sou a pior no mundo, nunca tive nenhum amigo além de meus pais e nunca foi por ser chata, nunca foi por aquele negócio de ser estranhamente insuportável a ponto de afastar as pessoas.

   Desde sempre nenhuma criança nunca quis ficar perto de mim, as que arriscaram se aproximar amigavelmente começavam a sofrer bullying também e logo se afastavam, isso prosseguiu até minha pré- adolescência que foi quando me cansei e desisti da possibilidade de fazer amigos.

   Em contrapartida existem pessoas tão sociáveis e extrovertidas que me assusta.

   Nero sempre foi o cara legal, o adolescente bonito que encanta as garotas e que sempre faz amizade com muita facilidade, ele sempre foi o adolescente engraçado e ridiculamente talentoso.
   Ao meu ver ele sempre foi e sempre será patético.

   Faz tempo que estou jogada na arquibancada assistindo o garoto de quase um e noventa de altura correr ao redor da quadra com seu casal de melhores amigos não radioativos, acho que Andreas e Ruthe são os únicos amigos legais que ele tem nessa vidinha medíocre.

   O garoto tem uma pele escura tipo bronze derretido, seus olhos escuros estão focados na pista de corrida e os lábios perfeitamente desenhados se mexem dizendo algo que graças a distância não consigo escutar.

   Minha situação seria cômica se eu não estivesse desesperada.

   Faz duas horas que saí da sala de minha mãe, faz dez minutos que a aula de educação física começou e eu estou parecendo uma stalker.

   O trio de amigos começaram a chegar perto, foi quando sem querer os olhos de Nero se trombaram nos meus.
   Nem ele e nem eu fizemos questão de desviar, o adolescente continuou conversando e correndo no mesmo ritmo.

   Só desfizemos o contato visual quando ele voltou a ficar de costas para dar a nona volta na pista, mas no momento em que pude ver seu rosto novamente ele olhou diretamente para mim.

   Eu desviaria o olhar se fosse qualquer outra pessoa mas quando se trata de Nero eu nunca quero perder nada pra ele.
   As vezes, quando vamos fechar nossas janelas ao mesmo tempo (nossos quartos coincidentemente ficam em frente um do outro) e acabamos nos olhando começamos a trocar palavras "carinhosas" e gestos "fofos" e as vezes costumamos fazer isso em público também.

   Nosso ódio é mútuo, muito recíproco.

   Tentei pensar em um milhão de formas de aborda-lo para conversar mas em todos esses anos nunca tivemos uma conversa descentes, e mesmo que eu conseguisse, como faria ele aceitar?

   Em sã consciência Nero nunca aceitaria ser meu falso namorado.

   — ... Você nunca bateu bem da cabeça mesmo — ouvi a voz de Ruthe zombar do amigo, Andreas gargalhou alto.

   — Vão a merda vocês dois — ele não estava mais me olhando mas estava sorrindo, seus amigos continuaram a corrida quando ele diminuiu os passos para vir beber água.

   Por coincidência (ou não) sua garrafa está bem perto de mim.

   Eu o acompanhei com os olhos até vê-lo ao meu lado, seus braços grandes dão três do meu. Observei cada movimento do seu corpo, desde os dedos abrindo a garrafinha com água até o líquido gelado escorrendo pelo seu pescoço.

   — Quer uma foto? — a voz grossa de Nero seria tão bela se não pertencesse a ele.

  — Quero — tirei meu celular do bolso e abri a câmera, apontei o aparelho na sua direção e tirei duas fotos na qual não vi o resultado antes de guardar meu celular novamente — Se meu celular der defeito a culpa é da sua feiura.

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