O último ano

6

Já estava no final da tarde, Sarah infelizmente havia ido embora e eu fiquei aqui.

Foi aí que eu decidi ir logo para o meu quarto, até porque já tinha demorado até demais.

Digamos que o meu tempo para ser uma pessoa social já acabou.

Entrei pela porta dos fundos, passando pela cozinha.

Acontece que eu desligada como sempre, esqueci o degrau baixo que havia no chão, e quase caí, quase.

O que me impediu foi mãos fortes segurando minha cintura me fazendo voltar ao lugar.

As mãos fortes de Lucas.

Merda.

Me virei olhando para ele, que estava com um rosto inexpressivo.

Me afastei dele rapidamente já que estávamos em uma curta distância bem duvidosa.

Ah, ele some literalmente o dia todo, e aparece justo quando eu estou quase caindo no chão.

— Nem um muito obrigada? - ele perguntou e eu franzi o cenho.

— Não me lembro de ter te pedido para aparecer como se fosse um príncipe encantado para me salvar de uma queda. - falei cruzando os braços.

— Preferia ter caído?

— Sim. - falei e o garoto revirou os olhos. - E aliás, onde esteve todo esse tempo? - perguntei e Lucas me analisou antes de responder, um sorrisinho surgindo no canto de seus lábios.

— Está interessada em saber, loirinha?

— Obviamente não seu idiota! Quem procurou por você o dia todo foi o seu pai, não eu, inclusive ele queria que você falasse comigo, acredita? - perguntei com sarcasmo.

— Ah, acredito sim, uma pena que eu não queria falar com você. - disse.

É um idiota de categoria mesmo.

Por que o fato dele ter dito isso não me impressiona?

Como pode ser tão chato assim?

Eu tento, juro que tento, mas não tem possibilidade nenhuma de me tornar amiga desse cara.

Mentira, eu nem sequer tentei, porque não tem motivo para tentar.

— Como se eu quisesse falar com você, faça mil favores Lucas, preferia cair de cara no chão do que isso.

— Bom saber, loirinha, na próxima vez eu te deixo cair no chão. - ele falou e eu revirei os olhos.

— Quer saber? Por que eu ainda estou falando com você? Tchau. - falei passando por ele e subindo as escadas em direção à porta do meu quarto.

Não sei como aguentei ficar tanto tempo perto de tanta gente assim.

Amanhã seria domingo, e sim, todo domingo à noite eu tenho uma crise existencial.

Motivo? Bom, o inferno volta no dia seguinte.

Tem algum motivo mais plausível do que este? Porque para mim acordar 5:00 da manhã é uma desculpa mais que valida.

Me deitei na cama e peguei o meu celular para mexer nas redes sociais.

Sobrevivi, mas algo me diz que ainda vem muito pela frente.

[...]

Hoje já era domingo de manhã, e eu estava me arrumando para sair com Sarah para a praia.

Como havíamos combinado ontem.