O último ano

8

— Você com certeza está fazendo essa merda da forma errada. - falei para Lucas enquanto ele colocava o líquido de um frasco no outro.

— Você fica bem melhor calada do que falando. - ele resmungou e eu revirei os olhos.

— Tudo bem, quando o professor chegar aqui tomare que tire décimo apenas de você. - falei e Lucas parou o que estava fazendo para me encarar, logo em seguida olhando na direção do professor que dava voltas na sala pela 12º vez.

— Caso você não tenha percebido, loirinha, ele só está interessado em tirar qualquer um de sala na primeira oportunidade que tiver. - Lucas falou.

— Ah, ótimo, pra você deve ser super normal, não é mesmo?

— Sim, tão normal quanto respirar. - ele falou com um sorrisinho sarcástico.

Ai Deus, o que eu fiz para merecer algo desse tipo?!

Não estou tendo paciência nem comigo mesma, vou ter paciência com um idiota desse? Pedir pra morrer.

Todos nós estávamos com um jaleco branco, isso começou a ser usado desde o ano retrasado, quando eu, Sarah, Daisy e Emilly acabamos sem querer quase explodindo o laboratório com 40 alunos dentro.

Sem querer.

— Me dê isso aqui. - falei tentando pegar o frasco de sua mão, mas Lucas não soltou.

— Não. - ele disse simples

— Lucas, você claramente não sabe fazer isso. - disse e ele inclinou a cabeça me lançando um sorrisinho de canto.

Idiota.

— E o que garante que você saiba fazer?

Respira fundo Isabel, se você der um soco na cara dele aqui vai levar uma advertência bem bonita.

— Ah, dá licença. - falei puxando o negócio da mão dele, mas não foi tão fácil assim de tirar. Lucas continuo segurando, mas então acabou acontecendo um pequeno acidente.

O líquido caiu todo no recipiente errado.

Todo.

Olhei para Lucas com uma cara que esperava significar que estávamos ferrados.

— Você é maluca, caralho. - ele sussurrou, mas estava pouco me importando para o que aquele garoto estava falando e sim rezando para uma explosão não ocorrer.

Depois de alguns segundos nada aconteceu.

Eu cruzei os braços olhando para ele.

— Era para acontecer algo? - perguntei e ele se afastou um pouco da bancada passando a mão nos cabelos ondulados castanho escuro.

— Era.

— Ah, bom, então eu presumo que não tenha dado tão errado ass...- antes de eu terminar de falar uma bomba verde líquida explodiu.

Tarde demais.

Dá próxima vez eu juro que fico calada.

E voltamos ao ano retrasado com essa sala todinha suja.

Metade da sala estava coberta de verde, para todo lado, e a outra metade a que não tinha se sujado de tinta olhava para nós.

Sarah só sabia rir e eu estava em choque olhando para o meu jaleco, que antes era branco, agora parecia mais que um monstro havia vomitada em cima.

Senhor, o que eu fiz para merecer algo assim?

Odeio ser os centro das atenções, coisa que pareço ser no momento já que todos estão olhando para mim e para Lucas.