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Todos nós estávamos reunidos no outro dia para o almoço. Tudo o que meus olhos viam eram pessoas andando de um lado para outro pegando pratos, talhares, ou algum tempero diferente para colocar em sua própria comida.

Nunca fui do tipo que gosta de muita gente reunida em um mesmo lugar, mas devo admitir que ter a sensação da família inteira junta é algo confortável. Todos sentados, comendo a comida bem temperada que cada um ajudou um pouquinho no preparo.

Lucas está sentado ao meu lado. A mesa é tão grande que quase nem vejo a última pessoa sentada naquela cadeira. Definitivamente tem muitas opções de comida. Minha vó sempre é uma das que mais ajudam no preparo, por opção dela própria. Ela ama cozinhar, ainda mais para uma grande quantidade de pessoas, então fazer a maior parte das comidas para ela é uma dádiva.

Daisy é vegetariana, então minha avó também fez opções sem carnes para ela, que gostou bastante e agradeceu com um imenso sorriso carregado de gentileza.

Ontem minha vó tinha dado um jeito de levar Lucas para a cozinha para fazer com que o garoto aprendesse a receita de uma torta. Mas não qualquer torta. Esse prato está na família há anos, meu bisavô fazia para minha vó quando era criança e é praticamente uma lei que todos da família saibam fazer. Então, quando Lucas e eu ficamos em uma situação um tanto quanto embaraçosa o garoto simplesmente disse que nós estávamos sim namorando.

— Então quer dizer que eu sou sua namorada? — foi o que eu perguntei para ele, ontem e o mesmo sorriu me encarando.

— Pensei que já soubesse disso, princesa.

Mesmo raciocinando por um momento gostei disso. Mas voltando a história. Bastou falar essa frase para que minha vó levasse Lucas para o balcão da cozinha. Ele aprendeu a receita de forma rápida, e leva jeito para esses coisas. Afinal, eu realmente não sei algo que Lucas não saiba fazer.

Então, ontem a noite todos nós comemos a torta durante o lanche da tarde. É claro que quando minha vó estava falando os passos da receita teve que dobrar os ingredientes para que todos pudessem comer. Então sim, muitas formas foram ao forno ontem.

Fico feliz que minha vó goste de Lucas e de sua família. Afinal, ela só ensina suas receitas para as pessoas que gosta.

Isabel? — minha vó chama, e só então volto a minha atenção para a conversa que eles estavam tendo na mesa.

Lucas deve perceber que estou perdida e nem sei sobre o que eles estão falando, então o garoto inclina a cabeça pra trás e diz baixinho em meu ouvido:
"Assuntos sobre faculdade. Qual você vai cursar."

Merda, de novo esse assunto. Bom, a verdade é que querendo ou não quando se chega ao último ano do colégio essa se torna uma das perguntas mais frequentes.

Alguns dias atrás, antes de estar com Lucas na hidromassagem esse tipo de pergunta me deixaria com uma imensa dúvida, no entanto agora não vejo outra resposta a não ser...

— Moda. — digo firme e decidida. Minha mãe rapidamente ergue a cabeça me encarando. Tenho certeza que gostou da minha escolha. Não só ela, minha vó, meu pai, e mãe de Lucas também parecem felizes com tal resposta.

— Que bom, filha. Fico feliz que tenha escolhido isso. — minha mãe diz.

— É. Eu pensei melhor e me dei conta de que moda sempre foi minha grande paixão. Algo que eu gosto de fazer. Quero seguir isso. — digo com sinceridade.

Pode parecer algo simples, mas admitir isso em voz alta é realmente um grande feito. Depois de "largar" a moda por tantos anos, parar de desenhar, e parar de ir até o ateliê, ver os vestidos, as roupas, e as novas peças da coleção, falar que eu queria fazer isso na faculdade parecia até errado.

O último anoOnde histórias criam vida. Descubra agora