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Estava na minha cama, sem vontade pra levantar ou fazer qualquer coisa possível. Tudo bem, não precisa me dizer que eu fui uma idiota. Sei que fui.

Consegui fazer com que Lucas fosse embora, para assim eu não ter que correr nenhum risco caso isso acontecesse depois. Na hora pensei que fosse a melhor decisão, mas foi só após proferir as palavras, logo após elas sairem da minha boca que já me arrependi.

Deveria falar com ele. Ligar, mandar uma mensagem, ou qualquer coisa que for, isso é o que o meu coração diz, o lado que gosta de Lucas mais do que tudo, porém a minha cabeça manda deixar as coisas como estão. Somente assim para não me machucar novamente. Então sim, foi uma espécie de auto proteção, fazer isso eu mesma antes que acontecesse alguma outra hora. Talvez mais tarde eu mande alguma coisa, porém no momento só quero ficar deitada nessa cama.

Esther já tinha vindo no meu quarto algumas vezes, na tentativa de me convencer para descer e fazer doces para o café da manhã, porém além de ser uma péssima amiga provavelmente consegui ser uma péssima irmã, já que disse para ela que não queria fazer nada disso agora.

Me viro na cama, enrolando o cobertor no meu corpo. O quarto está com uma temperatura amena graças ao ar condicionado ligado, mas mesmo assim me sinto com frio, e com absolutamente nenhuma vontade para sair da cama.

Todas as caixas de lenços já acabaram, graças ao quanto eu chorei na madrugada. Nem sequer me atrevo a olhar para algum espelho. Na certa me assustaria com meu próprio estado.

Sei que pode parecer hipocrita estar mal e chorando por algo que eu mesma dei um jeito de acabar, mas esse é o problema. Estou assim justamente por isso. Fala sério, Isabel, nunca pensei que fosse chegar tão baixo.

Então, de repente tudo bate. Todas as sensações vem a tona em uma mistura infernal. Arrependimento; culpa; insuficiência; solidão;

Esse é o problema; eu me afasto das pessoas mesmo querendo tê-las por perto. Algo automático, não sei o que fazer sobre.

A cama de repente parece ficar quente, como se tivesse um forno em baixo do meu corpo, mas bom, sei que isso não é verdade. Deve ser somente mais sensações para que eu saia da minha cama, mas apenas troco de posição e permaneço bem ali.

Tento pegar no sono, mas ele parece ter acabado completamente. Afinal, não dormi nada essa noite, estou cansada, mas o fato de não conseguir descansar me deixa maluca.

Não sei quantos minutos se passam, mas escuto batidas na porta. Não faço ideia se é minha mãe ou até mesmo Esther, porém sei que independente de qual das duas for, ambas vão tentar me convencer mais uma vez de descer para comer.

A porta logo é aberta, mas eu continuo virada para o lado contrário.

— Uma vez quando você estava tão mal quanto agora eu te fiz prometer que ia comer, então não estou gostando do fato de quebrar essa promessa agora, Isabel Williams. — a pessoa diz, e escutar essa voz me faz reunir todas as forças que tenho para obrigar meu corpo a sair dessa cama.

De uma forma desajeitada arranco os lençóis de perto de mim para olhar para Sarah, que não parece estar brava, ou nada do tipo.

— Qual é, eu vim andando nesse calor, e ainda fiz cookies de chocolate só porque sei se que são seus preferidos, e você não vai me dar um abraço? — pergunta cruzando os braços me fazendo sorrir.

Pulo da cama e vou até ela, não esperando nem mais um segundo para abraçá-la.

— Me desculpe por ser uma idiota. — eu falo ainda abraçada com ela, que sorri me rodeando com seus braços. Tento segurar o choro, mas é quase impossível.

O último anoOnde histórias criam vida. Descubra agora