Eu já estava no carro junto com a minha mãe indo para o ateliê depois de tanto tempo.Decidi colocar uma música no rádio, porque é algo que sempre gosto de fazer, afinal, o clima está muito parado. Gostava da animação que somente as letras dos meus cantores e bandas favoritas conseguiam proporcionar.
Comecei colocando "Why do you only call me when you are high? - arctic monkeys" Uma das minhas preferidas.
— Filha, esse som precisa ser tão alto assim?! — minha mãe perguntou quando eu aumentei o volume.
— Mãe, eu tenho que compartilhar a boa cultura para o resto das pessoas, então sim. — digo dando de ombros.
Se Esther estivesse aqui provavelmente já estaria cantando o refrão comigo. Ensinei minha irmã todas as melhores músicas, mas devo dizer que foi mérito dela sentir vontade de ouvir outras vezes, decorar e cantar juntamente comigo. Uma ótima influência de irmã, eu sei.
Até chegarmos ao ateliê outras músicas tocaram, mas isso foi só até minha mãe estacionar o carro na frente da grande loja onde fazia roupas, boa parte delas vestidos ou até mesmo roupas específicas, que precisam de detalhes feitos de um jeito mais aperfeiçoado.
— Estava sentindo saudade de vir com você até a loja filha. Quanto tempo não vem aqui? Uns 3 anos? — minha mãe pergunta segurando meus ombros.
Antes de responder eu olho a vitrine, lindos vestidos estampados nela. Alguns desenhados por minha mãe até mesmo, outras pela estilistas, modistas e costureiras que trabalham com ela. Apesar de ser formada em moda, arquitetura, design de interiores e mais coisas assim, minha mãe não costuma desenhar com tanta frequência suas peças. Não tanto quanto antes pelo menos, mas eu vejo o carinho que ela tem pela loja, afinal, eu também tinha antes. Talvez volte a ter.
Desde que Kim morreu, eu simplesmente parei de vir aqui, já que minha mãe também parou por bastante tempo. A loja nunca fechou, sempre outras pessoas da confiança da minha mãe cuidavam de tudo, mas mesmo assim não era a mesma coisa.
Após a morte de meu irmão eu me privei de muita coisa. Viver, algumas vezes parecia um egoísmo. Seguir minha vida parecia um ato egocêntrico quando isso era a única coisa que Kim não poderia fazer. Porque ele está morto. Não parecia justo me divertir, aproveitar e curtir, quando enquanto meu irmão estava em baixo da terra.
Bom, depois de várias e várias sessões com psicólogas. Sarah, Daisy e Emilly me ajudando, minha mãe também, eu entendi que tinha que seguir minha vida. A verdade é que sim, Kim não estaria mais aqui, nunca mais, porém isso não significava que eu teria que entregar minha vida também. A dor do luto sempre estaria presente comigo, a saudade também, todos os dias, mas eu aprenderia a conviver com isso. Afinal, meu irmão iria odiar me ver parada, chorando, quieta pelos cantos como fiquei por tantos meses.
— Pronta? — minha mãe pergunta com um sorriso me abraçando de lado. Respiro fundo.
— Pronta. — digo firme.
— Ótimo. Tenho certeza que seu irmão iria ficar orgulhoso Isabel, tanto quanto eu estou agora. Você é forte, querida.
[...]
Minha mãe e eu já tínhamos voltado da loja, e realmente foi muito diferente ter voltado, mas não no sentido ruim, no sentido bom. Eu sempre odiei mudanças, coisas novas e diferentes sempre me amedrontaram, mas dessa vez significou um recomeço, uma nova página. Continuar seguindo algo que sempre quis seguir pareceu uma boa opção.
Eu tinha feito alguns esboços de desenhos, os quais minha mãe simplesmente amou. Fez alguns ajustes que ajudaram o desenho a ficar ainda mais elaborado e impecável. Logo em seguida enviou para algumas pessoas, para que criassem o projeto, estilo e enfim.
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O último ano
RomanceIsabel Williams está no último ano da escola, mesmo sendo a filha do diretor não gosta de nada naquela lugar, exceto suas melhores amigas. As coisas nunca são interessantes, ou bom, pelos menos eram assim até um novo aluno novo aparecer. Lucas Cole...