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Era provavelmente madrugada, tarde da noite quando ouvi um barulho vindo da minha janela.

Que porra é essa?

Rapidamente me levantei, acendendo o abajur e peguei um canivete que tinha bem guardado na estante do lado da cama. Não me pergunte o motivo para eu ter tal coisa, apenas tenho.

Meu quarto era o mais afastado da casa, no entanto ficava do outro lado do corredor.

O barulho continuava cada vez mais alto, e eu fiquei nervosa com isso. Será que era coisa da minha cabeça? Me virei ficando de costas para a janela, pegando meu celular.

Oi, princesa. — ouvi e rapidamente me virei quase caindo pra trás quando vi Lucas. Parado, na frente da minha janela.

Havia alguns dias que eu não o via, ele também não tinha mandado mensagem, então sua visita definitivamente não era esperada por mim.

— O que está fazendo aqui? — pergunto, ainda segurando o canivete e Lucas me lança um sorrisinho, se aproximando um pouco mais, porém ainda continuo firme.

— Bom, dias atrás me pediu um tempo, e foi isso que eu lhe dei, mas agora, resolvi voltar e conversar. — diz, me fazendo negar com a cabeça.

— Como entrou aqui?

— Sua janela não é tão alta, meu bem. — fala com um sorrisinho.

Filho da puta, tinha que ser tão gostoso?

— Não vai me acertar com isso, amor, ou vai? — pergunta, se referindo ao canivete que tenho, mas não parece temer nenhum pouco caso eu realmente fizesse tal coisa.

— Talvez. — digo, respirando fundo. Ainda olhando firmemente para ele. — Melhor ir embora. Continuo com a mesma decisão que fiz antes. — minto, mas Lucas inclina a cabeça levemente para o lado como se duvidasse. Então anda mais alguns passos se aproximando cada vez mais de mim.

— Uma pena. — murmura.

O quarto estava parcialmente escuro, apenas a luz fraca do abajur perto da minha cama e a visão da janela com a luz da lua iluminava o ambiente.

Ao passo que Lucas se aproxima, eu me afasto, até que minhas costas batem contra a parede. Me fazendo fechar os olhos, mas ainda continuar firme com o canivete.

— Não respondeu nenhuma das mensagens que te mandei. — eu falo. E me sinto uma egoísta do caralho, já que sinto raiva dele por ter me ignorado durante todos esses dias, mas ele também deve ter sentido raiva de mim por afastá-lo daquela forma. Lucas tinha o direito de decidir não responder minhas mensagens, afinal.

— Depois da noite do baile, no dia seguinte saí cedo com meu pai para outra cidade. Precisei resolver algumas coisas que eram necessárias na empresa, então eu não levei meu celular, mas acredite, princesa, eu com certeza não ignoraria suas mensagens, aliás, seria eu o primeiro a te mandar milhões delas. — diz, e eu fico calada por alguns instantes, olhando em seus olhos cor de âmbar. Parece ter sido sincero.

— Pensei ter sido clara quando disse que não queria mais nada com você. — falo, estremecida. Merda, Isabel, pare de mentir, porra.

— Pensei ter sido claro quando digo que não acredito em certas coisas que saem da sua linda boca. — devolve me fazendo cerrar os olhos. Meus dedos parecem estar suando quando apertam a extensão do canivete que seguro em minha mão, mas mesmo assim posiciono perto o suficiente de Lucas, para acertar caso eu quisesse.

O garoto, no entanto, não parece sentir medo daquilo, seus olhos expressam divertimento, como se estivesse interessado para saber meu próximo passo.

— Posso cortar sua garganta agora, caso eu queira. — digo, e ele passa a língua pelos lábios. Maldito, provocante.

O último anoOnde histórias criam vida. Descubra agora