🌥️Capítulo XIV.I

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(You left your diary at my house and I read those pages)

Uma sensação diferente estava tomando conta de mim. Na maior parte do tempo não havia muita confusão em minha mente, preferia sempre ser clara e objetiva, então, não tinha como sentimentos inoportunos pairarem ao meu redor. Até agora. Na verdade, até o momento em que Freen chegou na empresa.

As coisas não estão mais em meu controle, mas sim no dela. Ela consegue definir todos os meus passos, minhas decisões. Estou realmente incomodada por basear todas as minhas ações em uma pessoa. Não é o meu normal. Principalmente quando tenho tanto no que pensar, no que resolver. Os acontecimentos da minha vida não esperam que eu decida meu lado emocional. Pior ainda é ver que estou me envolvendo com alguém tão indecisa quanto. É doloroso ver sua fuga sempre que damos um novo passo.

No dia em que saiu do hotel, ignorando minha mensagem logo em seguida, fez com que eu duvidasse se queria continuar jogando este jogo. Mas, vê-la frágil, necessitando de cuidados, despertou instintos em mim que até então desconhecia por completo. O meu controle às suas investidas foram um retrato claro de alguém que não me reconheço ser, ainda que tenha sido fraca depois.

Quando tomou os meus lábios, se encaixou em meu quadril, em um momento tão íntimo, alimentou meu desejo por nós. Nunca havia me sentido desse modo com ninguém. Talvez seja resultado de sempre conseguir tudo que quero e, com ela, não estava funcionando bem assim. Fui forçada, portanto, a novas experiências. A usufruir do meu próprio toque, sem me preocupar com os limites e, claro, materializá-la em minha mente durante meu ato foi apenas mais um entre tantos incentivos que me dava. O que não esperava era que ela estivesse acordada para ver como cedi às minhas vontades mais primitivas, como uma adolescente.

Felizmente, para mim, quando se aproveitou da minha distração, dando indícios de que havia me observado por muito tempo, algo nela se manifestou diferente. Estava desinibida, expansiva, como se tivesse se libertado das próprias amarras. Foi revigorante ouvir sua voz pedindo para que eu a satisfizesse. Não consigo nem explicar como consegui interromper nosso contato após atingir seu ápice. Eu poderia continuar dando prazer a ela por muitas horas.

Mais uma vez ela me devolveu sinais confusos. Amanhecer ao seu lado parecia significar que alcançamos um ponto sem volta. Eu estava enganada. Bastou uma descontração de minha parte para que ela se fechasse novamente, me deixando em dúvida sobre o que realmente queria. Como saiu apressada, foi ainda mais esquisito de lidar. Mas, ao prestar bastante atenção à notícia que eu havia acabado de dar, algo parecia se conectar.

Por precaução não especifiquei para ela onde Richie havia encontrado o objeto duvidoso. Mas, eu sabia. Com certeza era no prédio C, onde Irin me disse que estaria. E, talvez eu esteja muito enganada, mas me lembro bem de vê-la acessando locais que não deveria. Agora, fazia sentido que eu retomasse toda minha objeção ao seu aparecimento repentino. Sua chegada sem aviso, sendo alguém completamente diferente ao que me lembro de contratarmos, seu histórico impecável, sem desvios e sem possibilidade de acesso até mesmo para uma das melhores hackers que conheço, a falta de referências locais, as redes sociais sem muita história. Era tudo... montado demais. Quem era ela?

Ainda que pudesse estar tirando conclusões precipitadas, de certo modo, me sentia manipulada. Por mais que minhas suspeitas fossem infundadas, não mudava que eu não sabia nada sobre a pessoa pela qual me apaixonei. Pensando bem, ter me rendido a essa paixão foi totalmente incalculável, puro impulso de alguém que estava exausta das mesmas aventuras. A sua expressão assustada quando mencionei a coletiva foi, no mínimo, curiosa. E, me fez pensar. Como uma profissional como ela, com o histórico que tem, nunca foi vista em nenhuma coletiva? Nenhuma representação? Não existem fotos ou vídeos dela em qualquer lugar. As empresas que ela, em teoria, representou, estão fora do mapa.

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