🌤️Capítulo XV.

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(And then I lose it I'm delusional, delusional, you say)

Estar exposta para todos aqueles repórteres fez com que eu sentisse desgosto pela profissão que exerci nos últimos 5 anos. Sentia-me encurralada, sem saída, sendo massacrada por perguntas que nem de longe teriam respostas satisfatórias. E o pior era saber que o desejo deles era exatamente esse, que não houvesse nada que eu pudesse dizer que não seria absolutamente contraditório.

Ao passar pela multidão que disparavam perguntas em minha direção, onde os flashs das câmeras faziam com que me sentisse tonta, sentir o toque de Rebecca na intenção genuína de me acalmar, foi a salvação. Infelizmente, quando subi ao palanque ela se afastou. Forcei meus pulmões a respirarem da forma mais profunda possível, segurando o ar por alguns segundos e soltando calmamente. Repeti o exercício por algumas vezes, sem sucesso. Ainda estava sofrendo de um ataque de pânico. Minhas mãos firmes contra a madeira da tribuna sustentam-me de pé. Mal posso sentir minhas pernas. Meu corpo inteiro está tremendo.

Ei, está tudo bem. Você consegue. Mas, se quiser, podemos sair daqui agora. — Não consegui prever sua aproximação, me surpreendendo com os dedos de Rebecca fechando em meu braço, me puxando com gentileza para falar da forma mais doce possível no pé do meu ouvido. Sua voz serena me teletransportou para outra dimensão, quase fazendo com que me esquecesse do que fui fazer ali.

Viro minha cabeça em sua direção, deixando nossos olhos se encontrarem. Sempre que isso acontece parece que saem faíscas de nós. Fico em dúvida do que se manifesta mais, meu corpo ou as batidas do meu coração. — Obrigada, Baby. Vamos terminar isso logo. — Pareço desconcertá-la com minha resposta e me sinto idiota por permitir ir além. Não era o momento.

Meus dedos batem contra o microfone, testo a saída do som e dou início ao pronunciamento. O silêncio de repente se faz presente e tudo que posso ouvir é minha voz e o alerta das fotos sendo tiradas. Fecho os olhos para me concentrar, pois percebo que esqueci tudo que havia planejado dizer. Organizo os meus pensamentos e sigo reportando os últimos acontecimentos e todas as medidas aplicadas pela ACorp para conter danos e impedir novas ocorrências.

"[...] Dito isso, a ACorp gostaria de dizer que está 100% disposta a cooperar com as autoridades e dar suporte a qualquer um que tenha sido ou possa ser afetado pelas ações desses..." Minha voz se interrompe por um instante. Não estou certa de que quero dizer isso. "... Delinquentes. O que depender de nós, não haverá impunidade. Toda a segurança será reforçada e o time de tecnologia está empenhado em utilizar desse incidente lamentável para trazer mais segurança não somente para a ACorp, como para o mundo todo."

Encerro a declaração, abrindo espaço para perguntas e nem consigo selecionar direito quem seria o primeiro, são tantas pessoas falando ao mesmo tempo. Minha cabeça dói.

"O Sr. Armstrong não fará nenhuma declaração?"

"Por que não houve manifestação do time jurídico?"

"Vocês estão mesmo colaborando com as autoridades?"

"Como o invasor acessou a ACorp?"

"Nenhuma câmera conseguiu captar o culpado?"

"Por que a Srta. Armstrong estava de mãos dadas com você? O que ela disse em seu ouvido?"

Paraliso ao ouvir a pergunta. Tenho a impressão de reconhecer a voz, mas não consigo ver o rosto de quem a profere, está coberto por óculos e máscara. Olho para trás, Rebecca está com a mesma expressão perplexa e desconfiada que eu.

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