Ele dava as ordens (era o que pensava)

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Sicília, Itália

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Don se acostumou muito rápido a ouvir Jimin falar pelos cotovelos, então quando ele ficou calado, após sair do apartamento de Dionísio, foi estranho. Não que ele se preocupasse com os sentimentos de Jimin, ele sequer o conhecia para ter qualquer tipo de afeição, só foi estranho não ouvir sua voz por tanto tempo.

Observando o loiro pela primeira vez, ele percebeu o quão patético ele parecia com aquelas roupas largas e quem diabos saía de casa com sandálias? Em compensação, Jimin tinha um rosto bonito, seus cabelos eram de um tom dourado raro, quase castanho e sua pele era muito branca, como a de quem não costuma tomar sol com frequência.

Don Russo estava satisfeito por sua perspicácia, descobrir que Park Jimin era um escritor frustrado foi um grande trunfo. Ele teria que usar suas conexões para conseguir que Jimin tivesse seu livro publicado pela Editora Lancellotti. Por sorte, a dona da editora tinha uma dívida com sua Borgata, então ele só precisava estalar os dedos para conseguir o que queria. Como sempre.

Para gastar tempo, Jungkook abriu um joguinho de xadrez no celular, algo que sempre lhe ajudava a distensionar, já que Jimin estava aéreo, olhando para fora da janela do carro. Ele detestava não ser o centro das atenções, então não demorou para que ele rompesse o silêncio dentro do carro.

— Você está muito quieto desde que saímos da casa do seu amigo. — Comentou, exausto daquele silêncio insuportável que se instalou no SUV.

— Nos conhecemos há anos e eu não sabia que ele era um policial federal, como acha que eu me sinto? — Rosnou em resposta, não se movendo um único centímetro para encará-lo.

— A vida é feita de decepções, acostume-se. — Em sua mente, ele realmente considerou aquelas palavras como palavras de conforto.

— Quero ficar sozinho, se não se importa. — Murmurou em resposta, ainda olhando fixamente para a direção oposta.

— Bem, desde que estamos em um carro, é difícil te deixar sozinho. — Revirou os olhos para a estupidez do pedido do mais novo.

— Apenas se cale. — A alteração do tom de voz fez o motorista de Don Russo se surpreender, geralmente ninguém era tão louco para erguer a voz para o Soberano da máfia siciliana.

— Você não dá ordens, eu dou, mas vou te dar o silêncio que deseja. — Disparou incisivo, recebendo um bufo do loiro em resposta. Jungkook sabia que cedo ou tarde, aquele homem ao lado faria com que perdesse a cabeça.

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Até mesmo quando o carro parou na garagem da mansão, Jimin continuou calado, ele também não trocou palavras durante o curto percurso para dentro da casa, o que deveria ser bom para Jungkook, que o via como alguém irritante e alegre demais, no entanto, ele só conseguiu sentir-se frustrado.

Sem perguntas, Jimin caminhou sem orientação para seu quarto, enquanto ele se viu parado no meio da sala de estar como um tolo.

Dispensando os pensamentos sobre o novo empregado, Jungkook seguiu direto para o escritório, onde se serviu com uma dose de Rum e uma rodela de limão.

Beber aliviava a tensão, não mais do que sexo, mas aliviava, assim como o trabalho e drogas, ainda que Jungkook nunca tenha tocado nas mercadorias que traficava. Ele era o diabo que corrompia, mas não se deixava ser corrompido.

Ao ver o laptop aberto em cima da mesa, Jungkook decidiu que um pouco de números lhe cairia bem, mas bastou se sentar à mesa e seu refúgio foi invadido por Lorenzzo.

— Ainda parece surreal que você foi buscá-lo. — Lorenzzo disparou, ao entrar no escritório do primo.

— Ele não teria voltado, se eu não tivesse me desculpado, é um pouco ingênuo, mas não é burro. — Afirmou, analisando as planilhas apresentadas por Stella sobre o drop do sul, que ao invés de lucros, estava lhe dando dor de cabeça.

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