Um passo para trás

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Sicília, Itália

Park Jimin estava nervoso desde que acordou.

Don Russo realmente havia se declarado ou tudo não passou de uma alucinação tosca de sua mente confusa?

Foi apenas o desejo de seu inconsciente?

Não! No fundo, ele sabia o que realmente ouviu e isso estava relojoando em sua mente de forma avassaladora.

Ele nunca esperou encontrar alguém para fazê-lo se sentir tão nervoso e ansioso. Jimin sempre esteve no controle de suas emoções em relacionamentos, além disso, ele nunca se permitiu se apaixonar por alguém e quando Jungkook surgiu em sua vida, tudo que ele sentiu foi raiva por ser inserido em um mundo sombrio, aonde os criminosos dominaram, que não queria participar. Pensar romanticamente naquele homem seria  insano no início e agora, ele estava olhando com ternura para o mafioso mais respeitado do país, quiçá do mundo, que comandava a Borgata mais estruturada dentro da Máfia.

Com a mão tremendo, Jimin se sentou na beirada da cama e tocou o rosto de Jungkook com cuidado, desenhando suas linhas faciais. Que Don Russo era um homem bonito, Jimin nunca discordaria, mas pensar que aquele homem tinha sentimentos por ele arruinou completamente sua estrutura emocional.

Com o corpo transpirando excessivamente, aliado ao nervosismo, ele correu para o banheiro e se trancou, tomando algumas respirações mais profundas, antes de se livrar das roupas e seguir para debaixo do chuveiro. A água gelada ajudou a clarear a mente enervada de Park, acalmou seu corpo e equilibrou suas emoções. No entanto, ao retornar para o quarto, Jimin ficou petrificado ao ver Jungkook sentado na beirada da cama. Ele estava cabisbaixo, com os dedos pressionados juntos sobre as pernas e o cabelo ainda estava bagunçado, mas seu semblante, no momento que Don ergueu o rosto, ao notar a presença de Jimin, era totalmente diferente. Sem a embriaguez da noite anterior, ele se comportaria de forma diferente e Jimin tinha consciência disso.

Em contrapartida, a ressaca moral  atingiu Jungkook quando ele lembrou parte de sua conversa com Lorenzzo sobre Jimin e como ele bebeu depois disso, mesmo sob todos os protestos de seu primo, que conhecia seu infeliz histórico com bebidas. No passado, por muito pouco Jungkook não foi internado em uma clínica de reabilitação por causa do álcool.

Ele não conseguiu passar um dia sem ficar embriagado quando Martina sumiu pela primeira vez, mas com o apoio dos primos, os únicos que se importam verdadeiramente, Jungkook conseguiu livrar-se do vício, então ele sabia que continuar bebendo era perigoso e poderia levá-lo ao extremo outra vez.

Ele também estava envergonhado por esperar Park em seu quarto e cobrar explicações. Ele sabia que Nicolo era Bi, mas ele não tinha nenhum direito em questionar sua amizade com Jimin, tampouco, o que ambos faziam em seu horário livre.

— Eu sinto muito. — As palavras proferidas atingiram diretamente as emoções de Park Jimin.

— Você sente muito? — Fez a pergunta retórica.

— Bebi demais e não sabia o que estava fazendo quando vim te perturbar com minhas confusões. — Jimin riu com sarcasmo, caminhando até seu closet, separando um par de roupas para se vestir, ignorando completamente a presença de Jungkook ali. — Eu não sou... — a voz sumiu antes de concluir a afirmativa.

— Bi? — Arriscou, sorrindo com escárnio.

— Eu não sou como você está pensando, não foi uma brincadeira da qual me arrependo. — Explicou, se levantando da cama.

— Tudo bem, não vou mencionar isso. — Assegurou, terminando de se vestir. Ele estava tão nervoso que o zíper da calça prendeu na boxer, causando uma dor lancinante. 

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