Todos os segredos que não foram revelados

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Sicília, Itália

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— Finalmente alguém da Borgata Russo deu as caras nessa casa e... — Pollo parou de falar quando percebeu que o mais velho estava com os pensamentos muito distantes dali. Nicolo estava sentado em um sofá, no escritório de Jungkook, olhando fixamente para um anel em seu indicador esquerdo. — Está me ouvindo? — Estalou os dedos na face do moreno pensativo.

— Don me pediu pra tentar lidar com você como adulto, mas se continuar falando assim no meu ouvido, eu não vou conseguir atender o desejo do Don.— Rosnou em resposta, fugindo do olhar julgador do outro.

— Ele está bem? — Pollo sentou-se ao seu lado.

— Sim. — Mentiu, esfregando os olhos com os punhos fechados.

— Você não parece bem. — Observou, analisando minuciosamente os traços do rosto bronzeado do maior.

— Eu não quero conversar com você. — Bradou, não se importando em parecer mais ranzinza do que habitualmente.

— Onde está indo? — Pollo seguiu Nico para fora do escritório, como se fosse sua sombra.

— Não é da sua conta. — O moreno estava começando a dar nos nervos do Consigliere. — Pare de me seguir ou eu vou te... — seu tom ameaçador arrancou um sorriso de escárnio do menor.

— Pode me bater, você é maior, mais forte, mas isso não vai me impedir de te seguir onde quer que vá. — Bradou, igualmente furioso com o comportamento do outro. — Estou esperando, Nicolo. — Cruzou os braços em sua frente.

— Fique em silêncio. — Nico ordenou, caminhando à frente do outro.

— Eu sei manter minha boca fechada. — O loiro resmungou, perseguindo a cauda de Nicolo de perto.

Para Pollo era estranho estar em um carro. Eles não se falaram ou se olharam durante o percurso até o cemitério do centro da Sicília. O Consigliere estranhou o fato de Nico ter guiado o carro para aquele lugar, quando todos os seus familiares estavam enterrados do outro lado da cidade, em um cemitério particular.

Quando Nicolo estacionou o carro, ele sinalizou para que o menor ficasse no carro e claro que ele não ficou. Pollo o seguiu até um um dos túmulos e ficou em silêncio, observando-o. Nicolo observava o nome  escrito na lápide de bronze, onde estava escrito Jorge Nolasco. Garoava, enquanto as árvores só ao redor sacudiram seus galhos frondosos.

Era uma manhã muito fria na Sicília e Pollo estava arrependido por seguir o Subchefe da Borgata Russo, só pareceu certo naquele momento. Quando uma mulher baixa, de franja e cabelos grisalhos sobre os ombros se aproximou, o loiro ficou intrigado. Ela usava um cachecol de cor vinho, com um guarda-chuva estendido sobre sua cabeça e um sobretudo preto.

— Você veio visitá-lo também, querido? — Ela puxou Nico para um abraço, estranhamente, maternal.

— Não poderia faltar. — A voz do mafioso era fraca, quebrada. — Ele é...—  Começou, sem saber como concluir a fala.

— Um amigo. — Pollo completou, estendendo a mão para a mais velha.

— Olá, sou Mariana Nolasco. — A estranha se apresentou, nunca soltando a mão de Nico.

— Pollo Vicentini, é um prazer conhecê-la. — O aperto ao redor dos dedos de Mariana se afrouxou.

— Tio Carlos não veio?

Tio Carlos? Até onde Pollo sabia, Nicolo Russo não tinha tios, tampouco um que se chamava Carlos.

— Ele está doente, querido. — Informou Mariana, seu semblante cansado.

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