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Era cedo de manhã quando Elain já andava pela cozinha, evitando bater nas panelas e fazendo chá.

Era uma das poucas coisas que haviam vindo com ela da vida humana que ela pretendia manter: o gosto por chás.

Haviam dois chás, um de valeriana e o outro em especial, não eram para ninguém da casa, mas sim para uma amiga. Elas haviam se conhecido quando Elain a ajudará após Évora ser expulsar de uma loja, mesmo estando grávida.

Enquanto ela fazia chá, ela olhava pela janela, distraída. Havia tido sonhos ruins de novo e por isso, mal havia conseguido dormir, quando desistiu de tentar, foi até a janela e observou o sol nascer.

Enquanto fazia o chá, ainda olhava para o fraco vestígio de sol que passava pelo céu, desejando do fundo de seu coração que aquela luz não fosse apenas um vestígio.

Ela voltou a si, quando as costas de sua mão esquerda bateram na segunda chaleira quase fervente e então, engoliu o grito, xingando baixo:

- Porra! Porra! Porra...

Com um pano de prato, ela pegou o chá e o serviu em uma bandeja e o outro deixou resfriando. Ouviu paços atrás de si mesma e se virou, ao tempo de ver Feyre entrando pela cozinha. Ela já estava pronta para o dia, enquanto Elain ainda usava pijamas.

- Bom dia. -Murmurou Feyre.

A irmã do meio lhe deu um meio sorriso.

- Bom dia.

Elain não sabia demonstrar muito bem, mas gostava muito de Feyre, em especial, de como com ela tudo parecia fácil como falar. Porém, o problema era Elain não conseguir falar nada sem sentir que as palavras devorariam a língua d e as pessoas a volta dela a excluíram. Elas se encararam por um pequeno momento até que o olhar de Feyre mudou para a mão de Elain.

- O que houve com sua mão?

Ela deu de ombros, indo até a pia e a lavando na água corrente, suspirando em alívio.

- Eu a queimei na chaleira.

Feyre soltou um suspiro, como se sentisse a dor pela irmã, enquanto pegava a caixa de bandagens e ajudava a irmã com o curativo.

E lá vem ela, cuidando de tudo e de todos... Pensou Elain, observando a irmã fazer o curativo.

Ela queria fazer perguntas a Feyre, como: Você dormiu bem? E quanto a galeria? Você e Rhys saíram essa semana?

Porém algo a impedia, era como se uma barreira transparente e pesada a separasse do mundo.

- Teremos visita hoje pela manhã...

A mais velha disse em tom baixo assim que terminou o curativo e ela imediatamente sentiu como se seu coração também tivesse sido queimado. Sempre que ela dizia isso, era porque Lucien estaria por perto e ela detestava saber isso de última hora.

Não que saber com antecedência ajudasse, mas sempre que via ele não se sentia muito bem, era como se todo seu corpo começasse a ferver, seu estômago se revirava e ela sentia como se tivesse sido fervida em água.

- Quanto tempo ele vai ficar?

Quanto tempo vou ter que me esconder..?

A pergunta parecia ter feito Feyre se encolher e Elain se bateu mentalmente: Estúpida, burra e idiota. A casa era de Feyre, ela poderia receber quem quisesse e Elain não deveria dizer nada, e ela estava prestes a se desculpar quando a irmã respondeu.

- Não vai demorar, talvez duas ou três horas.

Elain assentiu e ela viu Feyre se virar para sair, e a parou.

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