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Quando o mesmo acordou novamente, já era noite. Cansado de ficar em sua cama, se ergueu com todo seu esforço e caminhou até a sala. Seu coração se apertou com a cena que entrou.

Feyre e Rhys choravam, abraçados, segurando uma carta. Cassian chorava enquanto era consolado por Nestha e o coração de Lucien doeu ao ver a pequena Gwyn, chorando compulsivamente ao lado do encantador de sombras, Mor e Emerie sentadas ao lado uma da outra.

Contrariando todo o resquício de sua autopiedade, Lucien atravessou para sua casa.

Tudo estava como eles tinham deixado;
e aquilo quebrava ainda mais o coração já dilacerado de Lucien.

Depois de dias de esforço, a sala tinha ficado finalmente pronta, de forma que acabaram por mudar algumas coisas; as paredes ficaram duas amarelas e duas verdes, todas com os detalhes de ramos com flores e pássaros. Tudo tinha ficado lindo, como ela tanto queria.

Saindo e indo até o corredor que levava para a escada, se tinha o escritório. Porém, Lucien não se deteve ali, e subiu as escadas, entrando no quarto tentando não olhar para nada e pegando uma muda de roupas qualquer, mas, para seu azar, o cheiro de limpeza e lavanda o atingiu e uma de várias memórias o atingiu.

Era tarde, Lucien tinha acabado de chegar e quando foi até a cozinha, viu Elain pela janela. Ela estava lá fora, usando um vestido branco e estendendo todas as roupas que tinha acabado de lavar.

Ele sabia que ela tinha acabado de levar, pois seu vestido branco estava molhado na área da barriga e das coxas, seu cabelo preso para trás e usava uma bandana azul. Ela olhou para a janela e ao vê-lo sorriu com tanta alegria que o coração de Lucien se encheu a ponto de transbordar, como se tivesse sido derretido e então, moldado novamente.

Imediatamente, Lucien atravessou até ela e então, enquanto a abraçava foi recebido com beijos no rosto.

- Olá, minha luz! - Murmurou Lucien.

Elain nunca admitiu, mas amava ser chamada assim por ele. Sentia como se mil borboletas abrissem voo juntas dentro dela e como se ela tivesse seu lugar um lugar dentro do coração dele, algo óbvio, mas que era bom ser lembrado.

- Oi, meu amor. - Disse Elain, após mais alguns beijos.

O nariz de Lucien passou pelos cabelos de Elain, e em seguida ele se inclinou, passando o nariz pela orelha dela até o pescoço, onde o cheirou, a fazendo estremecer assim que as mãos dele foram até a cintura dela.

Lucien mal conseguia respirar enquanto saia da casa, as lágrimas ameaçavam derramar de seus olhos e ele se sentia um tolo. A última coisa que tinha pego antes de sair de seu quarto, tinha sido a caixa com as alianças que ela tinha dado a eles.

Para a surpresa de Lucien, de frente a sua casa, apareceu uma grande carruagem com detalhes de ouro e a dirigindo, o mesmo macho que tinha levado Elain até lá, certa vez.

- Você é Lucien Vanserra?

- Eu era. Por quê?

Apesar de parecer confuso, o macho continuou.

- Minha senhora pediu para que o leva-se até a casa dela. Disse que é urgente e que só senhor precisa ir.

Lucien só se deu conta do quanto podia estar em perigo quando a carruagem já andava a alguns minutos, mas claro, ele não se importou. Ao invés disso, colocou a aliança que tinha ganhado de sua parceira
em seu bolso e retirou a parte de baixo, lá, encontrando um papel dobrado, que ele cuidadosamente abriu, mas que para sua surpresa, só continha uma única frase no meio da folha, em uma letra muito diferente da de sua parceira.

Eu menti; seu presente é outro.
Atenciosamente, Évora Battonrugie.

Lucien franziu o cenho, se sentindo ainda pior. Se aquela carta não era um presente, o que era?

Quando Lucien menos esperou, ele se viu diante de uma casa que lembrava um palácio e ao olhar aquele lugar, seu estômago apertou. Esse era exatamente o tipo de lugar que ele gostaria de ter dado a Elain; algo elegante, rico e digno de beleza, digno dela. Seus olhos voltaram a arder quando ele se deu conta de quantas coisas gostaria de ter feito por ela; queria ter estado mais presente e ter descoberto coisas que ele não fazia ideia, como se ela tinha planos para o futuro ou como estavam as vendas dela. A culpa e o desespero chegavam a consumi-lo por alguns segundos e nem mesmo o sol, que por vezes era seu maior e único consolo parecia fazer efeito. Aquele sentimento era semelhante a sensação de dor que sentiu quando perdeu Jesminda e aquilo o quebrava mais. Quando a porta da carruagem se abriu, Lucien saiu sem demora e então, olhou para o macho que apontou para dentro da casa.

Enquanto caminhava até lá, via fontes, grama e verde, mas não via beleza. Ouvia relinchos ao longe, junto ao vento suave do começo da tarde, mas ele não se importava.
Assim que entrou, cruzou o grande salão ignorando a escada e se virou em direção a uma sala e ao ver o que viu, o resto de seu coração pareceu evaporar.

Era uma sala pequena e redonda, com portas para o jardim, e janelas por toda a parte, inclusive no teto de vidro. Os móveis eram de madeira refinada, com estofados floridos e jarros por toda a parte.
Porém, o que o assustou, foi a visão de sua mãe, uma mulher magra, pálida e de vestias pretas, sentada em um divã, com o Grão-Senhor da Corte Noturna diante dela, as duas mãos dele segurando as mãos dela, que chorava enquanto contava algo a ele, que também o fazia chorar.

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