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Tudo estava bem entre os dois.

Na verdade, tudo estava maravilhosamente bem. Acordaram abraçados, juntos e de excelente humor. Após se limparem e vestirem, Elain penteou o cabelo de Lucien e ele prendeu o cabelo de sua parceira em um rabo de cavalo. Pela primeira vez, pessoalmente, Elain escolheu a roupa de Lucien e ele escolheu a dela.

Ela desceu as escadas com um vestido azul claro e detalhes escuros, que pareciam ramos de flores, e sapatos escuros. Lucien, foi posto em uma camisa branca de botões, com calças verdes escuras, suave, feita de algo parecido com algodão. Ele nunca a havia usado, porque não a achava adequada, mas era delicioso de se usar.

Ao ver os olhares de Vassa e Jurian, se deram conta do que havia acontecido.
Era claro que eles sabiam; porque bem, estava claro. Não podiam fazer nada além de se culpar, porque não era como eles tivessem sido discreto ou algo do tipo, e mesmo se tentassem ter feito menos barulho, todos ali tinham a audição e o olfato bem apurados.

Elain levou o chá a boca e desviou os olhos dos presentes, enquanto os mesmos observaram Lucien com uma veracidade digna de serpentes famintas. Porém, os amigos de Lucien estavam famintos por detalhes, pela pura fofoca. E que Deus o ajudasse, como ele iria disfarçar ou negar algo? Ele estava mais vivo, de forma que era notável apenas pelo olhar. Ele estava de bom humor, mas como não estaria?

- Bom, Lucien. Se sente bem?

Jurian e Elain quase engasgaram com o chá, a ousadia de Vassa sempre se sobressaindo.

- Digo, se sente melhor?

Lucien olhou a amiga, desejando poder estrangular a língua da mesma.

- Sinto. Na verdade, sinto que poderia trabalhar hoje mesmo, se vocês...

Jurian o parou.

- Não vamos deixar você ir a lugar nenhum doente e com o pé desse jeito.

Lucien se esquivou.

- Eu posso apenas analisar alguns documentos, ou escrever. Eu ainda sou útil, eu juro!

A voz de Elain se saiu antes mesmo que ela pudesse evitar.

- Seu valor não está ligado ao seu trabalho, e sim a você mesmo.

Todos a olharam e ela corou, deixando o interior de Lucien menos nervoso. Aquela reafirmação havia sido algo gentil, apesar de inesperada. Ela tinha essa mania de sempre falar algo que ele precisava, mesmo sem saber.

- Ela está certa. -Destacou Jurian. - E é claro que sabemos que você é útil. Você sempre será parte disso, Lucien, sempre será necessário.

- Você tem... -Vassa brincou. -Digo, você é um membro muito necessário para muitas pessoas.

As bochechas de Lucien coraram e Jurian precisou morder os lábios para não rir.
Uma das criadas apareceu na soleira da porta.

- Senhorita Archeron, chegaram duas cartas para a senhorita.

Elain olhou para o trio.

- Podem me dar licença por alguns minutos?

Eles assentiram e ela se levantou, indo para longe, deixando Lucien a mercê das serpentes.

A carta de suas irmãs era simples, direta e previsível. Na verdade, ela já esperava por aquilo.

"Querida Elain,

Não queremos parecer controladoras, mas você sumiu no meio da noite, e não disse onde ia e estamos muito preocupadas.

Tivemos que rastrear seu cheiro para escrever a carta, então, desculpe por isso.
Sei que você sabe se cuidar, mas, ainda sim, por favor, dê notícias e se possível, escreva de volta.
Sentimos sua falta, te amamos!

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