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Assim que o café da manhã ficou pronto e foi colocado na mesa, os dois sentaram frente a frente e quando estava prestes a começaram a comer, Lucien a parou.

- O quê? Tem algo errado?

Lucien negou. Apesar de estar com medo, não era certo deixar que aquilo continuasse. Ela deveria saber.

- Eu não posso comer sua comida, porque é como... É como usar anéis de casamento no seu mundo. Aqui, é a forma de se aceitar um laço de parceria. O primeiro passo.

Elain assentiu lentamente e Lucien suspirou.

- Você não liga, não é?

- Nenhum pouco. -Admitiu Elain.

Lucien sentiu o estômago de embrulhar ao olhar Elain e admitir o que o mais incomodava.

- Sabe por que eu nunca tentei ir adiante com você?

Elain sentiu o estômago gelar e o medo a preencheu. O ar foi deixando seus pulmões a medida que a garganta se fechava e as mãos tremiam. Uma memória tomou a memória de Elain, que sentiu o estômago se fechar.

Certa vez, enquanto tomava café com seu ex noivo, ele a repreendeu pela quantidade de comida, e no dia seguinte, por seu peso, alegando que muitas mulheres magras seriam mais desejosas que ela. Era tolice, mas aquilo a havia deixado tão mal, que ela havia passado meses evitando todas suas comidas favoritas.

Um dia, deixou isso escapar para Nuala e Cerridwen, e elas imediatamente a convenceram a fazer um doce, e assim, Elain acabou aprendendo a cozinhar.

Não havia se dado conta, mas seria por algo de errado nela? Ele também a achava muito cheia? Não a achava boa o suficiente?

-Por quê? -Murmurou ela.

Ao ver Elain ficar nervosa, Lucien também sentiu a garganta fechar e se apressou a acalma-lá.

- Não é nada com você. O problema era que eu não me sentia... Nunca me senti verdadeiramente digno de você. Você era... Você é a minha parceira, a fêmea mais linda que eu já vi e eu sou só Lucien, filho rejeitado de um Grão-Senhor. Um abandonado que nem se quer ter família. Que nem se quer tem uma casa, não tenho um salão de baile ou um grande jardim para você. Não tenho nada para te oferecer além de um coração quebrado e presentes que qualquer outro poderia te dar.

Elain se levantou, pegando seu prato e seu copo, e então, quando Lucien esperou o pior, ela deu a volta na mesa e se sentou ao lado dele.

Ela segurou as mãos de Lucien e as beijou, os olhos dele quase se encheram de lágrimas. Ela então soltou suas mãos e segurou seu rosto, o levando para perto.

- Você é o suficiente. O problema entre nós, eram as dúvidas, agora, tudo de ruim entre nós, é a falta do seu amor próprio e minha baixa autoestima. Precisamos resolver isso; mas eu não faço ideia de como. -Admitiu Elain.

Lucien suspirou e ela negou com a cabeça, espantando os pensamentos ruins.

- O importante é que, agora estamos no mesmo barco e não pense nem por um segundo que está sozinha, Lucien. Antes de ser sua parceira, quero ser sua amiga, eu estou do seu lado. Não pense nem por um segundo você não tem ninguém, porque a partir de agora, essa casa é nossa, não minha.

Se Lucien não estava chorando antes, agora ele estava, mas Elain também estava e não se importou com nada ao tirar um pedaço do pão dela e levar aos lábios de Lucien, que o recebeu com um suspiro. O melhor pão de canela de todo o mundo.

Logo após o café da manhã, a menor havia feito questão de mostrar para o parceiro todos os outros cômodos da casa.

O escritório, a própria Elain havia falado sobre como queria tirar a estante, por a mesa mais para o centro e trocar o lustre quebrado.

O primeiro quarto, aos olhos de Lucien era lindo. A imagem virada para o quintal da casa, e era de tamanho considerável. Ela havia dito que ali queria duas camas grandes para o caso das irmãs a visitarem. O quarto possuía uma cômoda e um guarda-roupa simples.

O quarto dela, ele realmente havia adorado. Possuía duas janelas que ficavam de frente para a cama, um guarda-roupa de tamanho médio, duas cômodas e uma penteadeira. A frente da cama de casal, havia um baú velho e apesar da poeira, era realmente maravilhoso.

A vista havia tirado parte do fôlego de Lucien, e Elain por outro lado, se aproximou da janela e se sentou na ponta, tomando sol.

A respiração dos dois ficou mais leve ao contato com o sol. O ceu azul límpido junto ao sol radiante e quente, mas não ao ponto de ser incomodo. A brisa soprava suave, deixando tudo fresco e arejado.

- Eu ficaria aqui para sempre.

As palavras de Lucien haviam saído sem que ele se desse conta, e Elain se virou, olhando para ele com cumplicidade e empatia.

- Se você vier, eu venho.

- Um dia. -Prometeu.

A hora de irem para casa chegou e os dois foram de mãos dadas, nenhum dos dois viu a hora passar.

Quando estavam próximos a padaria de Fred, os dois resolveram entrar. O lugar estava cheio e como por sorte, Fred servia almoço, eles se sentaram e escolheram o pedido.

Lucien havia escolhido o prato do dia e Elain o de peixe com arroz e salada. O suco os dois haviam escolhido de abacaxi e concordará que era a melhor fruta, logo depois de laranja, maçã e limão.

Tudo tinha estado maravilhoso, Lucien estava prestes a se levantar quando Elain o fitou.

- Onde você acha que vai?

- Pagar a conta.

Ela ia impedir, mas ele apenas sorriu orgulhoso e seguiu para o caixa. Ele havia dado as costas para a mesa por 5 segundos e quando se virou, já havia um macho ao lado de Elain.

Lucien foi até lá e enquanto ia conseguia ouvir perfeitamente Elain negando a companhia do macho que insistia, falando que nenhuma fêmea tão linda devia ficar sozinha.

Lucien chegou pelo outro lado e a abraçou pela cintura, levando ela para perto dele e a afastando do macho bêbado.

- Ela não está sozinha.

O macho olhou para Lucien e engoliu em seco. Os olhos frios de Lucien fitando o rosto do macho.

- Perdão, eu não... Não...

- Não me importa. Apenas se desculpe pela inconveniência e saia.

Os lábios tremeram ao olhar para ele e se desculpar, mas Lucien só ficou mais enjoado.

- Para ela. -Rosnou Lucien.

O macho a encarou e Murmurou.

- Perdão.

E logo saiu. Assim que estava lá fora, Lucien se virou para Elain.

- Desculpe. -Murmurou. - Não queria ter sido tão... férrico.

Elain deu de ombros.

- Obrigado por ter me defendido. Preciso me impor mais. Só... Vamos deixar de lado.

Dito isso, eles continuaram a caminha, mas, quando estavam na esquina da casa, Elain parou e Lucien a levou para a área das árvores, a encostando ali e a abraçando.
A respiração dos dois, leves e sincronizadas. Pela primeira vez em tempos, nenhum dos dois se sentia só.

- Eu sei que vai ter que voltar para as terras mortais, mas, eu vou poder te escrever? Umas duas cartas por dia? Tudo bem se não quiser.

Lucien assentiu, feliz.

- Claro que pode! Duas está ótimo! Eu prometo que também vou te escrever e tentar vir te ver mais vezes.

Elain negou e se aproximou mais, colocando as mãos na nuca de seu parceiro, sussurrando em seu ouvido.

- Pode me encontrar diretamente em casa, assim só um de nós fica desconfortável mais tempo.

Lucien a iria reprimir; mas ela foi mais rápida.

- Você faria o mesmo por mim ou por qualquer um.

Lucien iria rebater; mas se calou. Não podia mentir. Dito isso, ela tomou coragem, ficou na ponta de seus pés e o beijou.

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