16

159 13 0
                                    

Assim que estava pronta e bem arrumada, Elain seguiu até o quarto onde seu parceiro também já estava pronto e vestido.

Ele estava tão bem que tirou o ar de sua parceira. Uma camisa branca por baixo de um terno verde e calças elegantes de tom terroso, com as botas de sempre, pois havia limpado e guardado as botas que Elain havia lhe dado. Ela usava um lindo vestido rosa, ombro a ombro, com botões por todo o meio do vestido. Era simples, delicado e macio, mas principalmente, por baixo dele, havia um short de algodão, pois, ela não usava fitas.

Ele arrumava o cabelo, e a viu por reflexo do espelho, encostada na porta entre aberta e o admirando com os braços cruzados e um sorriso suave. Assim que seus olhos cruzaram com os dela, ele sorriu e ela, vendo como o convite que foi, se aproximou e o beijou. As mãos dela indo para a única dele, o fazendo se aproximar, enquanto os braços dele rodavam a cintura dela, a fazendo arfar sem interromper o beijo.

Ela havia arrumado o cabelo; duas tranças com as mechas da frente que ficavam presas para trás, seguranças por uma presilha. Lucien a sentiu quando a mão se cravou na nuca de Elain, a fazendo se arrepiar.

O beijo foi transformado em beijos pequenos, que foram dos lábios as bochechas de Lucien, o fazendo rir agora, o cabelo ruivo refletindo sob a luz do sol que se aproximava no horizonte.

Ela pegou sua mão e o guiou para fora do quarto, o levando até a cozinha vazia, onde o sentou em um banco, próximo a mesa dos funcionários.

- Panquecas com mel ou ovos mexidos com torradas?

Lucien deu de ombros.

- O que te der menos trabalho.

Ela o olhou por cima do ombro, decidida.

- Os dois então.

- Elain!

- Luci, não comece!

- Eu não quero dar trabalho.

- Você não dá trabalho, eu gosto de te mimar.

Ele apenas observava enquanto ela se mexia com beleza e graça, pegando os ingredientes e fazendo a massa da panqueca. Quando a massa estava pronta, ela acendeu o fogo e começou a assar os ovos, as panquecas e as toradas.

- Chá ou suco?

- Suco, porque pelo menos isso eu sei fazer.

- Você sabe fazer muitas coisas boas, só que, talvez, cozinhar não seja seu forte.

Lucien suspirou. Pegando os morangos, o espremedor, a jarra, a água e o açúcar.

- É, mas, sem ofensas, você falar isso, não conta muito.

Ele começou a fazer e ela se virou para ver ele, enquanto colocava os ovos em um prato.

- E por que não?

- Você é gentil com todo mundo.

Ela queria falar que não era verdade, mas não podia mentir e por isso falou algo diferente.

- Mas é diferente com você.

- E por quê?

- Porque você é meu parceiro, não é todo mundo. Eu sou gentil com você, não por ser assim natural, e sim, porque você merece.

Algo doce e quente borbulhou dentro do coração de Lucien, o fazendo se sentir especial e querido pela primeira vez na Corte Noturna.

Um suspiro de prazer saiu dos lábios de Lucien quando ele saboreou o último pedaço de panqueca que sua parceira havia colocado em seu prato. Um sorriso de satisfação foi dado por Elain ao terminar de comer.

- Está bom, não está?

- Excelente. - Corrigiu Lucien.

- Você acha?

- Tenho certeza.

Ela se levantou e após arrumar a mesa, voltou e se sentou ao lado de Lucien, que beijou sua testa e a abraçou. Havia chegado a tão indesejada hora que ele partiria.

A próprio Elain o levou até o portão, onde os dois pararam por algum tempo, juntos, lado a lado, encarando as grades pretas que levavam ao caminho que os separariam por algum tempo. Os dois se abraçaram ao mesmo tempo, o sentimento de saudade já começando a aparecer.

Lucien se abaixou e Elain se esticou, os braços rodando o pescoço dele, enquanto os braços dele iam para a cintura dela.

A cabeça nos dois encostava no ombro um do outro, e o abraço se estendeu por algum tempo.

Os dois se desgrudaram e Elain segurou as mãos de Lucien.

- Eu vou sentir sua falta. -Murmurou ela.

- Promete que vai me escrever?

A voz de Lucien saiu baixa, com uma urgência. A urgência de pedido necessário, como de alguém que quase implorava.
Ela segurou suas mãos com um pouco mais de força.

- Eu prometo. Só por favor, não...

Ela suspirou, ele se aproximou dando a coragem que ela precisava.

- Por favor, não me abandone.

Lucien assentiu, beijando a testa de sua parceira.

- Só, por favor, não esqueça de mim.

Ela negou, olhando para os olhos dela.

- Nem mesmo se eu morresse e voltasse a vida eu esqueceria de você.

Lucien sentiu um frio passar por sua barriga, mas sua parceira ficou na ponta dos pés e o beijou nos lábios e em seguida, na testa.

- Fiz algo para você.

Ela deu a volta nos jardins e de trás de uma moita pegou uma cesta fechada, e em seguida a ofereceu para Lucien.

- Elain...

- Nem comece. São alguns doces que eu fiz, mas, acabei não comendo, alguns dos meus poemas favoritos e uma pedra para feitiçaria.

- Uma pedra?

Elain tirou de um bolso ao lado, uma pedra cor de rosa, que cobria metade de sua mão.

- Foi um presente dado a mim por uma amiga, é muito precioso. Lave a pedra sempre que pensar em mim, em seguia, coloque na orelha e vai me ouvir. Vai sentir ficar quente, mas não a ponto de queimar, eu prometo. Eu quero te ouvir e ler um pouco de você, já que não vou poder te ver.

Lucien quase negou. Era algo muito valioso e ela querer usar com ele, parecia não ter sentido, mas, pelos Deuses, como ele negaria diante daqueles olhos?

Ele deu um meio sorriso.

- Muito obrigado. Eu prometo que vou te compens...

Ela cobrou a boca dele com uma das mãos.

- Não, não, não. Foi só um presente bobo. Me de um beijo de recompensa e estará tudo...

Lucien afastou a mão dela e a beijou.
Um beijo forte e doce, repleto de desejo e carinho que literalmente a tirou do chão. O jardim, antes cinzentos, agora brilhava como nunca pelo sol radiante. Talvez fosse só Lucien, mas nenhum dos dois notou.

O ar de Elain foi embora e Lucien a colocou no chão, dando um pequeno beijo, e mais um, e mais um e o último. Os olhos dos dois estavam fechados quando ele murmurou.

- Eu preciso ir.

- Sim, você precisa.

Nenhum dos dois queria aquilo. Elain quase caiu no chão, abraçou os joelhos de Lucien e implorou para que ele a levasse, e ele quase o fez. Ele quase a colocou no ombro e a levou junto a ele, mas não podiam. Seriam atitudes mal pensadas.

- Tchau, Elain.

- Tchau, Luci.

Ele deu um pequeno sorriso, saiu do portão, virou de costas e atravessou, enquanto Elain fechava o portão e voltava para seu quarto, escondendo as lágrimas.

Corte de Luxúria e Segredos Onde histórias criam vida. Descubra agora