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Era muito comum que quando o laço de parceira fosse aceito, alguns casais tivessem dificuldades em se separar, fazendo com que uma noite durasse vários dias.

Lucien achava aquilo absurdo e impossível, até encontrar sua parceira. Havia sonhado com mais proximidade a ela por anos, e quando conseguiu mais do que esperava, entendeu o porque da demora para se separar. Claro que ele fantasiava com ela.
Por noites inteiras havia ido dormir pensando nela e assim que acordava, o rosto dela ia em sua cabeça, mas, a realidade o havia surpreendido.

Elain, havia sido um pouco mais... Fria em relação aos seus primeiros sentimentos. Havia decidido que não era boa o suficiente para ele e que devia se afastar esperar. Ele sempre ia nos aniversário de Feyre lhe levando um presente e ela odiava como ele parecia quer compra-lá, mas quando soube de tudo, o adorou completamente. Tudo em sua personalidade soava forte e diferente, de forma que ela por vezes se pegava pensando nele, e ela com o tempo havia aprendido a não se repreender por isso. O desejo sentido por ela era quase avassalador; tudo tinha um novo significado. A cor vermelha, os beijos, o ar em volta dele e até a luz do sol.

Ela não sentia mais falta do sol, porque tinha seu próprio sol particular. Sua própria Luz. Quando Lucien havia falado que pretendia foder com ela em cada canto da casa deles, ela não imaginou que fosse ser algo tão literal, mas quando ele a ergueu e a carregou até o quarto deles, até a sala e a cozinha para o mesmo, e então, parou no escritório, ela viu que seu parceiro era um macho de palavra.

Entre os carinhos e as pausas, eles haviam se declarando com murmúrios. Lucien confessando estar apaixonado, Elain confessando o mesmo, e que ambos se queiram o tempo todo.

Sempre que um tentava deixar o outro, eles davam um jeito de voltar para a cama. Lucien fazendo o máximo de drama, sorrindo, a seduzindo com murmúrios em seus ouvidos e então, a levando de volta.
Elain provocava Lucien, o puxando de volta para seus braços, perguntando se ele já estava cansado e se ela precisaria encontrar outro para terminar o que deveria ser trabalho dele; e com aquilo Lucien imediatamente voltava e a satisfazia até toda a casa tremer.

Nesse jogo, não havia se passado um dia, mas sim, uma semana. Os dois sabiam, mas nenhum dos dois ia falar; porque nenhum dos dois queria se distanciar. Se Elain voltasse para casa, Lucien iria trabalhar e se ele fosse trabalhar, sua parceira ficaria sozinha e Lucien odiava a ideia de deixá-la só. A união do laço o havia deixado ainda mais ciumento e Elain que sempre havia disfarçado bem esse sentimento, o encarou com semblante fechado ao ouvi-lo pronunciar o nome de Blanche, a fêmea que sempre lhe levava o almoço, ao comentar que ela era tão distraída quanto Elain.

Porém, quando ambos tomaram coragem de se levantar no 8° dia e encarar a realidade, ainda fizeram isso juntos.
Ele tinham acordado com Lucien erguendo Elain no colo, enquanto o mesmo trocava os lençóis e em seguida, indo para o banho, ambos levando suas roupas, Elain encheu a banheira e lá dentro, lavou e hidratou os cabelos de Lucien, enquanto o mesmo se mantinha apoiado contra o peito dela, de costas para ela, entre as pernas da mesma, seu novo lugar favorito.

- Passaram vários dias. Devem estar preocupados conosco... - Murmurou Elain.

- Verdade. - Concordou Lucien.

- Devíamos escrever para nossos amigos e eu preciso ir ver Feyre e Nestha. Não acha?

Ele concordou, se virando e abraçando Elain, de forma que sua cabeça encostasse sobre o coração da mesma.

- Você deve estar cheio de coisas para fazer.

- Sim. - Murmurou Lucien.

- Você não quer ir, não é? - Perguntou Elain.

Lucien não precisou responder.
A realidade, é que a anos não se lembrava de estar tão bem e tranquilo. As mãos de sua parceira estavam em seus cabelos, o enchendo de beijos e carinho. Mesmo durante os dias grudados juntos, ela o tinha coberto de cuidados, o tratando como um rei.

- Você quer que eu vá?

- Nunca. - Ela o abraçou com mais força. -Eu nunca vou querer que você vá embora.

Elain beijou o rosto de Lucien, e se ergueu, se mantendo de pé, se secando e saindo da banheira, indo para longe das mãos que a queriam desesperadamente.

- Elain...

Ela se vestiu com uma velocidade impressionante, e se ele não a tivesse visto sem roupa, poderia ter jurado que ela com seu vestido florido era a mais linda visão do mundo.

- Eu só vou fazer uma coisa e volto logo. Escreva para Vassa e Jurian; pode contar a verdade com detalhes se quiser, desde que conte que eu fui a melhor fêmea a pisar na sua cama.

Ela beijou a bochecha dele e então, saiu, calçando os sapatos, o cabelo ainda preso em um coque frouxo, ela apenas pegou sua capa escura e atravessou.

Os olhos de Elain chegaram a lacrimejar com a diferença da iluminação dos lugares. A Corte Diurna, que antes estava vibrante e alegre, era o céu em comparação as cinzentas terras mortais. Elain apenas subiu seu capuz sobre a cabeça, respirou fundo e se concentrando, sentiu seu corpo ser levado até o destino que queria, e ao abrir os olhos, ficou feliz ao encontrar o olhar assustado de Graysen.

A sala de seu escritório estava do mesmo jeito que Elain se lembrava: fria, sem luz e morta. Um cheiro de pó e vazio que a deixava triste, mas ali, naquele momento, não.

Ali, vendo o medo daquele que a queria mal, e que tinha humilhado seu parceiro, ela se sentia bem. Se sentia poderosa como ela era.

- Olá, Graysen. - Saudou Elain, tirando a adaga do bolso da capa.

O rosto dele havia ficado pior do que ela imaginou que ficaria. O olho dele ainda estava roxo, mas, não mais inchado e a cicatriz quase cicatrizando.

O olhar entre os dois, falou tudo.
Tudo o que Elain por meses havia pensando: eles poderiam ter tido tudo, mas agora, todo aquele sentimento havia sido reduzido a nada. Nada, porque isso foi o que um havia se transformado para o outro.

- Veio me matar?

Ela negou, um pequeno sorriso travesso nos lábios.

- Não. Talvez outro dia, mas, hoje não.

Ela se aproximou, e ele instantaneamente recuou, ficando contra a parede.

- Hoje, eu vim aqui como... Uma amiga. Uma amiga que se importa como você e que quer te dar um aviso.

Graysen, que tentava discretamente pegar algo dentro de uma gaveta, ficou surpreso ao sentir Elain avançar com alta velocidade e pôr sua adaga em sua garganta; afiada a ponto de que com um movimento, ele perderia a cabeça.

- Você ficará longe de Lucien Vanserra; ficará longe de seus subordinados. Se o ver na rua, mude sua direção e se tiverem que ir para o mesmo lugar, mantenha distância. Se eu sequer sonhar que você pronunciou o nome dele, eu mesma voltarei aqui, cortarei seus dedos, arrancarei seus olhos e então, abrirei sua boca e cortarei sua lingua, para que saiba o motivo de sua morte. Não se engane, Graysen, eu posso ser doce, mas para você, eu não deixaria nem se quer os farelos de minha bondade.

Ela o pressionou mais, a faca ainda mais forte contra ele.

- Você entendeu?

- Sim. - Murmurou.

- Ótimo.

Ela então, passou a faca sob a pele dele, atravessando e deixando em seu ex noivo mais uma cicatriz.

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