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Como a velocidade de um flash de luz, Lucien se lançou escadaria a cima, sendo seguido por Alanthy, que informou o quarto, o que só fez o ruivo ir mais rápido. Seu coração estava a acelerado, mas ao mesmo tempo, parecia querer parecer. A esse ponto, as lágrimas já estavam rolando por seu rosto e ele sabia; era algo ridículo, mas algo o fazia seguir em frente.

Ao chegar na última porta do corredor, Lucien entrou sem se dar ao trabalho de bater na porta, sentindo como se todos os fios o ligassem aquela sala e quando sentiu o puxão em seu laço, seus olhos só viram Elain.

Como a naturalidade de uma pétala deixando uma flor, Lucien se lembrou de Évora, algo sobre... Sangue humano. "Nada que sangue humano não cure." Lucien não sabia o que ela tinha feito, mas não se importava. Ele só via ela. Elain estava sentada na cama, apoiada contra a cabeceira. Sua cabeça estava enfaixada, seu corpo coberto e de frente a ela, sentada em uma cadeira estava um macho muito parecido como Alanthy.

Quando o rosto de Elain voltou ao de Lucien, imediatamente ele foi até ela, mas não conseguiu se aproximar o suficiente e por isso se ajoelhou ao lado dela, chorando.

Elain se voltou para os presentes, gentil como sempre.

- Por favor, podem nos dar um momento?

Luxy e Alanthy então saíram, deixando ambos a sós. Elain se aproximou com esforço, segurando as mãos de Lucien, que agora cobriam seu rosto.

- Lucien, minha luz, por favor, olhe para mim.

Ele negou, soluçando e tremendo.

- Se eu abrir os olhos, você não vai estar aqui.

Elain sentiu seu coração se afundar de culpa e logo pensou em algo.

- Façamos um acordo. Feche os olhos e me dê suas mãos. Vou te dar algo para cobrir o rosto e quando se convencer de que eu realmente estou aqui, pode abri-los, que tal?

Lucien não respondeu nada, mas estendeu para ela uma das mãos e ela a pegou, o ajudando a sentar do outro lado da cama, logo o deitando ao lado dela, ainda com os olhos fechados.

Ela pegou a fronha de um travesseiro e com ela, fez uma venda para ele e então, segurou as mãos dele, e então começou a contar tudo.

Claro, ela sabia o que ia acontecer e sabia que não tinha chances de sobreviver, sempre soube. Desde o início, tinha evitado Lucien por esse e por seus motivos já mencionados.

Poderia ter cortado laços com Lucien, mas em uma visão, previu que teria sido pior e após começar a conviver com ele, viu que seria verdade. Lucien teria se culpado em dobro, argumentando que se tivesse sido presente, poderia ter empedido.

Em outra, ela contou e ele quem acabou morto. Em outra, a Corte Noturna foi invadida e Feyre e Rhys terminaram mortos, com Nyx sendo levado apenas por Nestha e Elain para longe, já que o plano da morte do general deu certo.
De todas as versões, a que era a menos cruel levava a morte de Elain. Talvez fosse egoísmo da parte dela, mas a partir do momento em que seus lábios tocaram os lábios de seu parceiro, Elain escolheu largar mão de todas as suas incertezas e se dar ao luxo de ser um pouco feliz antes de morrer, mas claro, ela não morreu.

Évora devia a ela um favor, e esse foi cobrado e pago de formas que ela não imaginava. Ela tinha se ferido na perna, não na barriga, assim como tinha previsto, e assim que se livrou da lança, conseguiu atravessar e para sua sorte, foi na margem de um rio, e enquanto se arrastava até um lugar ceco, Alanthy passou por lá, em sua carruagem, pois tinha ido até a casa de um antigo amigo, assim que viu a jovem, a ajudou e a levou para casa. Elain tinha passado todo o dia dormindo, e quando acordou, pediu para que Lucien fosse chamado.

Pediu primeiro por ele por alguns motivos, em específico, porque ele tinha o direito de saber em primeira mão e só ele poderia avisar a Feyre e a Nestha, já que Alanthy não sabia que Elain era irmã da Grã-Senhora da Corte Noturna.

Quando terminou de se explicar, continuou vendo Lucien, mas agora estava feliz porque seu parceiro não via que ela também chorava.

- Sei que deve estar muito chateado comigo, mas, espero que um dia possa me perdoar.

A voz de Lucien saiu rouca e arrastada.

- Pensei que tinha perdido você. Você era tudo o que eu tinha, Elain! Acha que estou chateado? Estou furioso, mas se acha que isso vai me fazer sair de perto de você, está completamente enganada.

Apesar de Lucien agora estar tirando a venda do rosto, Elain quem, agora, escondeu o rosto nos lençóis.

Quando ele a olhou, segurou as mãos dela e as beijou, ainda chorando e em seguida se aproximou mais, a abraçando.

- Se não se importa, quero que me deixe ver seu rosto, fiquei tempo de mais sem vê-lo.

Elain saiu de baixo dos lençóis corada, o rosto agora com alguns pequenos cortes, exposto junto as cabelos longos.

- Prometa que jamais vai me esconder algo assim.

- Eu prometo.

Ele a beijou e segurou suas mãos, algo se espalhando ali. A certeza de que tudo ficaria bem.

Claro, Lucien duvidou que tudo ficaria bem. Tinha feito muitas coisas, tinha passado por muita coisa e duvidava que tudo fosse simplesmente se encaixar, mas para sua surpresa, foi exatamente isso que aconteceu.

Os dias se passaram rápidos com Elain reencontrando os amigos e as irmãs, Jurian e Vassa indo até Lucien e ouvindo todas as novidades do amigo, também contando da morte de Graysen, que Elain pareceu não se importar. E após a primeira reunião dos grãos-senhores tranquila, tudo foi acertado. Lucien tinha voltado a ter um brilho natural que não tinha notado que perderá. Helion se aproximava do filho cada vez mais e tratava Elain como igualmente, enquanto Khalida seguia bem e firme, se recompondo aos poucos.

Os dias eram felizes, cheia de vida agora que o herdeiro da Corte Diurna estava em casa. Lucien sempre deixava Elain responsável pela Corte Primaveril, depois resolvia seus assuntos para com a Corte Diurna e juntos iam para alguns de seus três quartos: A casa na Corte Diurna, no palácio solar ou raramente na Corte Primaveril.

Era uma dessas tarde quando Lucien foi até Elain e a encontrou junto a alguns moradores, esses preparavam um grande pedaço de terra para o plantio. Ela não parecia uma rainha, estava coberta de terra, usava roupas velhas e estavam no chão, ao lado dos seus súditos, mas ainda estava linda. Ainda era a mais linda de todas aos olhos de seu parceiro, sempre apaixonado.

Assim que terminaram, Lucien se aproximou e beijou o único lado da bochecha de Elain que não estava sujo.
Seguiram para um jantar que tinha sido preparado para todos e juntos, ouviram os pedidos e os detalhes que ainda precisavam ser ajustados. Era tarde quando foram para casa, e quando estavam lado a lado na cama, Lucien falou.

- Elain?

- Sim, querido?

- Pode me dizer algo bom? - Pediu Lucien, a olhando de lado. - Tenho medo de que isso seja um sonho.

Elain se aproximou, o beijando no rosto.

- Você é doce.

Mais um beijo.

- Você é forte.

Mais um beijo.

- Você é o suficiente.

Mais um beijo.

- Daqui a alguns meses, a Corte Diurna terá seu primeiro herdeiro.

Lucien a olhou, os olhos brilhando junto ao restante do corpo enquanto a envolvia em abraços e beijos, agora com os dois completamente felizes e brilhantes.

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