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Havia se passado uma hora, e Lucien ainda se sentia péssimo. Estava no quarto, isolado, sozinho e havia arrumado suas malas, porque estava decidido a ir embora no dia seguinte, o mais cedo possível.

Ele tinha tentado ler pelo menos 5 livros diferentes, mas tudo no que conseguia pensar era em como sua parceira ficaria magoada e em como ele se sentia abandonado. Todos tinham ido embora, e ele não queria a fazer o mesmo com Elain. Nunca com ela.

Quando Lucien menos esperou, de trás do espelho de corpo todo, surgiu Elain. Ainda de azul, mas agora com o cabelo preso em um coque.

- Lucien?

O mesmo saltou de sua cama, fechado o livro ao ver sua parceira chegar mais perto.
Com um estalo dos dedos de Lucien, a luz do outro candelabro se acendeu e tudo ficou mais claro.

Ela ainda estava lá, segurando um prato e olhando para ele, preocupada.

- O que foi?

Ela olhou para trás, como se para garantir que não havia nada e se aproximou, sentando na cama.

- Você surgiu do nada.

Elain negou.

- Não... Eu fiz o que fizemos hoje.

Lucien a olhou, negando.

- Não, nós... Nós não fomos andando?

Elain negou.

- Como iríamos andando de Velaris até a Corte Diurna andando?

Certo, Lucien não havia pensando naquilo, mas, não havia se dado conta.

- Quando exatamente você fez aquilo?

- Eu não sei. Eu só... Eu só consigo ir para os cantos. É como se eu estivesse em um corredor escuro, onde eu posso andar. Eu abro a porta e pronto, chego em qualquer lugar.

- Então isso é atravessar?

- Não.

- Então o que é?

Ela ia falar, mas parou e estendeu para ele o prato que ela havia levado junto a ela.
Ela se aproximou, ficando mais próxima a ele. Encima, haviam duas fatias de belo e dois morangos enormes.

- Eu pensei que talvez, pudesse estar com fome.

Na realidade, Lucien ainda estava faminto e malditos fossem seus pensamentos, mas não era fome de comida. Ela estava tão perto, o rosto tão próximo e estava sendo tão doce... 

- Obrigado!

Lucien colocou o prato na cômoda e se aproximou, a deixando atenta. Elain não estava nervosa, na verdade, se sentia a vontade só por estar tão perto de Lucien. Havia algo nele que a fazia querer sorrir e rir como idiota, que a fazia querer até mesmo ouvir cada batida da respiração dele.

- Eu tenho que te falar uma coisa.

Elain esperou, Lucien respirou fundo e com todo o cuidado, segurou as mãos da parceira. Eram pequenas, levemente arredondadas, macias e com unhas em tamanho médios. Já as de Lucien eram grandes, de dedos longos e de unhas curtas.

- Eu pensei bem, e acho que será melhor, se eu for embora.

Ela sentiu seu coração ficar frio, duro como pedra e seus olhos arderem devido a aproximação das lágrimas. Muito podia ser dito sobre Elain, exceto que ela não era compreensiva. Claro que ela sabia que aquilo seria melhor para ele, mas, isso não diminuiu a dor em seu peito... Ela estava pronta para se levantar e ir embora quando Lucien, a pegou e a levou para perto dele. Não de forma sexual, mas de forma dócil, gentil e amável.

Ele beijou sua testa e de repente, as sombras que envolviam os pensamentos de Elain se foram. Ela o olhou nos olhos e pela primeira vez, se deu conta do quanto eles eram belos e sinceros.

- Eu prometo a você, que irei escrever e que sempre que você quiser me ver basta me dizer que virei correndo para você.

Eles ainda se olharam, e algo ficou claro: existia muita coisa ali. Ainda tinha muita a ser dito, a ser escrito, a ser mostrado. Ainda existiam barreiras vindas de ambos os lados, mas toda a barreira possuía pelo menos um furo, e eles estavam passando por elas. Passo a passo eles estavam indo juntos, para a mesma direção.

Elain se aproximou e beijou a testa de Lucien, que a abraçou, novamente, tentando capturar boa parte de seu cheiro com ela. Lavanda, jasmim e terra molhada. O melhor perfume de todos.

Elain deu outros dois beijos nas bochechas de Lucien, e devagar, se pós de pé.

- Eu tenho que ir.

- Tudo bem.

Era mentira, não estava tudo bem, nenhum dos dois queria aquilo. Com um sorriso tímido, ela se afastou e andou até a porta, mas o coração de Lucien tomou conta do juízo e ele foi até ela, a virando para ele e a beijando.

Um beijo forte, de tirar o ar dos dois. As mãos dele a erguendo, as pernas dela enrolando nas costas dele e ela sendo colocada contra a porta do quarto.

Quando o ar dos dois cessou, ambos estavam arfantes e levemente envergonhados, mas ainda inebriados de desejo.

Lucien sentiu seu lado mais necessitado se agitar. Queria falar que ela não precisava ir, que por ele, ela poderia passar a noite e que... Bom, e por que não? Antes que Lucien descartasse essa ideia ridícula, o sentimento de necessidade tomou mais força e quando deu por si, só havia feito.

- Não precisa ir.

- Se quiser que eu fique, eu posso ficar.

- Eu quero que você fique, mas, você quer ficar?

- Quero. Pode me emprestar uma blusa? Eu só preciso trocar de roupa.

Lucien não queria solta-lá, queria beija-lá até o dia seguinte, e até depois do dia seguinte, do dia seguinte, mas não podia.
A colocou no chão com cuidado, ainda a olhando nos olhos. Antes que Elain fosse para o chão, ela se aproximou mais e o beijou de novo. Lucien sorriu, e foi até suas coisas, pegando uma camisa verde e a dando para Elain, que apenas entrou no banheiro e se trocou, enquanto Lucien comeu o bolo.

A blusa era grande, ia até metade das coxas de Elain e as mangas passavam de suas mãos, mas ela adorou. Seus cabelos, antes presos em um coque, foram soltos e seu rosto foi lavado. Porém, ainda havia um problema. Na verdade, um segredo.

Elain saiu do banheiro de cabeça baixa e mãos juntas, respirando fundo. Lucien olhou para ela e seu coração parou. A fêmea mais bela estava a frente dele, usando uma roupa dele, com o cheiro dele.

A forma que ele olhou para ela a fez sentir algo diferente do que qualquer outro fez. Elain não se sentiu tímida, mal ou nervosa. Foi um toque de confiança com conforto. Ela caminhou até ele e se sentou de frente a ele.

- Oi!

Ele a puxou novamente para o colo dele, afastando o cabelo do rosto dele e beijando a bochecha dela, os lábios e em seguida, a outra bochecha. Ela sorriu, o abraçando.

- Eu preciso te mostrar algo.

Lucien sentiu os olhos se apertarem, atentos e curiosos.

- É algo pessoal e eu preciso que você entenda o quanto eu estou confiando em você para isso.

Lucien a olhou com carinho e as bochechas de Elain coraram, a fazendo sorrir.

- Pode me mostrar qualquer coisa.

Ela se levantou, respirando fundo e ficando de frente a ele, levantando a blusa até a altura dos quadris, expondo as coxas, onde em cada uma, haviam duas fitas.

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