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Dias e dias se passaram e Lucien e Elain continuavam com as cartas, mas, apesar de serem ótimas, ainda não haviam feito nenhuma comunicação pela pedra.

Todos os dias, cartas iam e chegavam; palavras eram escritas e lidas, sentimentos eram demonstrados e sentidos. Sempre que uma nova carta chegava, Elain sorria e ia para o quarto com pequenos pulos. Lucien sorria e já tratava de ler, não importando o lugar.

A mudança entre os dois era nítida para todos, mas, ficava mais clara especialmente quando estavam a sós. De estranhos, haviam passado para amigos e de amigos, estavam se tornando amantes.

Lucien sempre lia as cartas quando chegavam e antes de dormir. Sendo o macho prático como era, cortava e colava em um caderno suas partes favoritas (o que eram as maiores partes das cartas), enquanto Elain, lia tudo sorrindo e guardava todas, grifando com um linhas cor de rosa suas partes favoritas.

Em geral, não havia nada de novo na maioria delas. Lucien havia apoiado o jogo dos elogios e os retribuía com vivacidade. Havia também um jogo de cores, criado pelo próprio Lucien.

Os dois escolhiam a roupa um de outro com base nas Cores.

"Vermelho ou azul?"

E se um deles escolhesse "Azul", o outro usava. As vezes, nem tinham assuntos, eram só fatos bobos que eles amavam compartilhar entre eles.

O ponto baixo da semana de Lucien, havia sido sair de casa e acabar sendo atingido por um tomate podre. Sua parceira havia lhe dito que isso poderia vir a acontecer; mas ele não havia levado a sério e havia se arrependido.

O ponto baixo da semana de Elain, havia sido um macho que tentou levantar suas saias. Lucien quase havia saido das terras mortais e ido direto para Velaris matar o infeliz, quando na Carta, Elain contou que o chutou na virilha, pisou em seu estômago e saiu correndo, segura.

O ponto alto dos dois, na última semana que se passou, eram as cartas.

Elain havia conseguido um novo conjunto de sofás por metade do preço, Lucien havia comprado um caixa de ferramentas descente e os dois haviam marcado de se encontrar no sábado, na casa que era "deles".

Era uma sensação deliciosa para Lucien, que apesar de ainda temer que tudo fosse um sonho, se encontrava radiante. Elain, por outro lado, estava tão feliz quanto ele, ainda temendo o futuro, seu maior aliado e maior inimigo.

Era uma tardes, quando Elain se encontrava com seu melhor amigo, no jardim da casa de Feyre. Ela o adorava, era seu melhor amigo e por isso, recitou para ele uma frase na última carta de seu parceiro que a preocupou.

- "Você alegrou o me alegrou ontem...", Então eu incomodei hoje? Ele não quer mais minhas cartas? E se eu o incomodo? E se eu o sufoco? Acha que sou grudenta? Eu me acho grudenta!

O macho a sua frente simplesmente colocou a cabeça para o lado, sem julgamento em seus olhos. Ele era seu diário vivo, claro que não a julgaria e não diria nada a ninguém, ele era extremamente confiável.

- Você acha que eu estou exagerando, certo?

Nyx mordeu o brinquedo e Elain assentiu.

- Tem razão. É bobagem; mas, seja sincero, você acha que ele tem um interesse sério em mim? Como... Como querer se casar e tudo mais? Eu o corresponderia, claro, estou seguindo seus conselhos e aproveitando minha vida, mas...

Nyx largou o brinquedo, olhando para ela.

- Como assim?

Ele então jogou o brinquedo para longe e Elain o encarou em choque.

- Nyx! Eu não posso fazer isso. Largar tudo e ir para onde eu quiser é algo arriscado, porque... Bom, eu mal tenho dinheiro, é seu pai quem me ajuda com negócios e ainda tenho muito a fazer.

O bebê ilyriano pegou o brinquedo que havia arremessado e o colocou ao seu lado, mas, logo pegando um morcego de pelúcia, quase arrancando a cabeça dele com a boca.

- Algo sem compromisso? Eu não sei... Eu não sou como Nestha e sua Mãe, eu não consigo ter só diversão. Sou muito apegada e criativa para isso.

Nyx a olhou, esperando algo.

- Eu também não sei o que eu quero!

Nyx tombou para trás, caindo no travesseiro que Elain havia posto ali.

- Nossa, obrigada pela compreensão! - Ela suspirou. - Certo, o mundo vai acabar e eu não sei o que fazer. Eu sei disso, está bem? Só preciso de uma saída. O que você recomenda?

Nyx se virou de costas.

- Dar as costas para tudo não é a resposta!

Nyx pós a língua para fora e então fez um som que fez ele mesmo rir.

- Não que eu queira, mas eu não poderia ir embora. Deixaria Feyre magoada, e eu já a machuquei muito.

Ele virou de novo, olhando para Elain, esticando uma das mãos gorduchinhas para ela.

- Está certo, você tem razão, eu preciso de mais tempo.

Ela se levantou e saiu, mas ao chegar na porta de casa, voltou correndo.

- Desculpe, as vezes você é tão maduro que eu esqueço que você ainda não sabe andar.

Ela riu e eles entraram, indo para a sessão de cuidados diários deles.

Lucien estava se vestindo, quando recebeu uma carta de sua parceira. Tinha uma reunião que havia sido marcada pelo próprio Lucien, para garantir que tudo estava indo perfeitamente bem e em ordem.

Era só algo de rotina; entediante e necessário, ele já estava até acostumado. Não era nem preciso dizer que as cartas de sua parceira fizeram o dia valer a pena e que ele mal poderia esperar para chegar em casa e criar uma resposta, mas, algo na última parte da carta o preocupou.

"Querido Luci,

Olá! Eu espero que você esteja bem, meu raio de sol. 

Meu dia foi ótimo! Eu passei uma parte dele na nossa casa. Arrumei algumas coisas e aproveitei para terminar a faxina do quarto. Você se lembra que eu te falei que precisava de uma limpeza? Pois é, terminei! Foi satisfatório.

Enquanto eu limpava o quarto, algo me ocorreu.

Iremos dividir a mesma cama, mas, e se um de nós quiser algo que o outro não quiser? Claro que eu nunca o machucaria, e sei perfeitamente que você jamais iria me faltar com respeito; porém, tem mais disso.

Iremos dividir tudo; Cama, quarto, banheiro, responsabilidades... É algo muito forte. Muito íntimo.

Estamos realmente prontos para isso? Não sei. Só acho que talvez, devêssemos tentar sem a certeza. Se eu penso muito acabo desistindo e não quero isso.

Enfim, eu fiz um bolo. Quer um? Eu posso te fazer uma torta de amora; ou biscoitos, ou tudo. Talvez até uma torta de carne com batata, sei que você iria adorar.

Rosa ou vermelho?

Bem, é isso.

Atenciosamente; Elain.

Obs: Não saia pela manhã, confie em mim!

Beijos de luz e amor!
Você é lindo, forte e único!"

Lucien franziu a sobrancelha.
Da última vez que não escutou sua parceira, acabou com a camisa suja de tomate. Porém que escolha ele tinha? Não podia simplesmente ser irresponsável.

Vassa e Jurian precisavam dele, o não iria desapontar seus amigos. Era responsável e deveria ser paciente. Iria ir de todo o jeito.

O problema, é que Lucien deveria ter ouvido Elain.

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