Os dias de Lucien ao lado de Elain eram cobertos de alegrias, surpresas e doçura.
A névoa escura e fria que cobria os dias de Lucien se dissipavam a medida que o tempo com sua parceira ia ficando mais longo.Por vezes, acontecia da confiança de Lucien cair e ele temer estar sufocando ela, mas a sorte parecia ter virado ao favor dele, pois sempre tinha sinais de que ela o queria por perto: Ela lhe mandava pequenos bilhetes em seu trabalho, o esperava para jantar e tinha pego um obsessão com sempre deixar as roupas dele bem passadas e perfumadas com lavanda. Ele ganhava beijos de bom dia e de boa noite como se fossem prêmios, e os aceitava com todo o coração.
Certa manhã, Lucien acordou com a visão de sua parceira de pé, passando ferro em um vestido cor de rosa. Seus cabelos estavam em um coque, ela usava calças de sarja e uma blusa de lã, e ao ver que ele olhava para ela, sorriu.
Enquanto seguia sua rotina, ouvia Elain contar animadamente seus planos para a noite, que apesar de não envolverem ele, pareciam planos bons.
- Bom, hoje é um jantar com meus amigos mais próximos, estou pensando em fazer isso a meses! Lembra, te falei dele a alguns dias atrás? Bom, eu sei que parece bobo mudar meus planos de surpresa para as minhas irmãs, mas achei melhor recebê-los primeiro porque sei que elas não me magoariam com nada a respeito da decoração e você também não, mas sei que eles seriam sinceros, não de um jeito ruim, mas de um jeito claro, entende?
Ela estava na cozinha, e ele no banheiro enquanto se banhava, a ouvia com a atenção de sempre.
- Entendo. Acha que suas irmãs poderiam tentar não ser sinceras por medo de te magoar e acha que eu não posso ser sincero porque somos parceiros.
- Exatamente! E em minha defesa, você acharia o mesmo no meu lugar!
Era justo; porque era real. Ele e ela possuíam esse pequeno problema entre eles: a paranóia parecia os unir.
- Não nego.
Assim que sentaram para tomar café, ela continuou. Tinham pegado o hábito de comerem frente a frente no café da manhã, lado a lado no almoço, frente a frente no lanche e lado a lado no jantar. Era algo deles, momentos de diálogos de carícias trocadas, eram a base daquele relacionamento que parecia fazer os dois tão felizes.
- Eu preparei o cervo que você caçou outro dia e vou fazer ele no forno, com batatas, arroz, cenouras e ervilhas. Eu comprei o vinho que a fêmea disse que era o melhor e de sobremesa é a torta de avelã. Acha que parece bom?
Lucien sorriu, salivando ao imaginar apenas o cheiro.
- Acho que parece perfeito e que vai ter um longo dia pela frente.
Logo após isso, ela o acompanhou até a porta, o beijou no rosto como sempre fazia e pediu para que ele não chegasse tarde.
Evidentemente ele estranhou, já que pelo que tinha entendido seria um jantar somente entre os amigos dela.O dia se passou de forma muito diferente para cada um deles: Lucien trabalhava hora sentado, hora de pé, dando ordens e fazendo pedidos. Elain, passou o dia de pé, arrumando a casa, os jardins e assim que se sentou, foi para finalizar o jantar e logo após organizar tudo, se arrumou de modo que ficasse impecável.
Não é preciso dizer que graças a ansiedade dela, ela estava arrumada 15 minutos antes do horário combinado, mas graças aos céus, seus amigos a conheciam bem o suficiente para chegarem mais cedo, e assim fizeram.
Um por um, foram chegando: Aster, Fred, Fallen, Penia, Nuala e Cerridwen.Aster tinha levado uma travessa com carne de coelho e creme de batata. Usava um vestido preto, saltos azuis e os cachos estavam presos em um coque.
Fred levou uma torta de cereja, usando calças escuras, uma camisa clara e sapatos elegantes. Fallen estava ao seu lado, segurando uma garrafa de vinho e usando cores opostas.
Penia chegou usando calças azuis suaves apertas até as panturrilhas, uma blusa branca que mostrava os ombros e segurava um grande prato de salada.
Nuala e Cerridwen chegaram logo em seguida, usando vestidos pretos e dourados, com jóias em forma de lua. Elas levavam mais doces, de chocolate e menta.
Evidente que o último a chegar foi Lucien; esse entrou pela porta sem o terno, os cabelos amarrados em um coque frouxo e carregando vinho e flores. Assim que os olhos de todos se cruzaram com os dele, ele fitou Elain, como se esperando uma resposta e ela o fito, dando a resposta.
Ele tinha esquecido que também participaria do jantar e por consequência, não tinha se importado com a roupa apropriada. O clima só ficou um pouco estranho entre o casal, já que os outros receberam Lucien com saudações e sorrisos.
- Boa noite!
- Oi! Como você está?
- Que bom que você chegou! Senta aí!
E mais desse tipo de coisa.
Ele respondeu a todos com o mesmo nível de gentileza e assim que subiu, não demorou muito para que Elain aparecesse atrás dele.- Oi! Você se atrasou, aconteceu algo?
Ela o beijou no rosto com suavidade e ele estava tão apressado de arrumando que mal retribuiu.
- Sim, eu não sabia que também iria participar.
- Mas eu te avisei.
Lucien se virou para ela, trocando de roupa. Por um segundo, Elain precisou de todo seu autocontrole para não olhar para o corpo de seu parceiro, por isso resolveu encarar seus cabelos montados no coque.
- Não. Você disse: "Não chegue tarde.", E não, "não se atrase"!
Elain o olhou como se não fizesse sentido e para ela, realmente não fazia.
- Por que eu te pediria para não chegar tarde se você não fosse vir? Além do mais, o jantar seria em casa, como você não viria?
- Eu não sei! - Comentou Lucien. - Talvez quisesse que eu ficasse lá encima durante o jantar ou algo assim.
Elain gesticulou com as mãos, para que ele parasse.
- Por que eu manteria você isolado aqui?
- Porque seus amigos estão aqui e pensei que poderia querer ficar sozinha com eles!
Os olhos de Elain ganharam um tom de mágoa que imediatamente o fez parar.
- Achei que antes de parceiros, fossemos amigos.
Lucien quis voltar atrás assim que sentiu que tinha magoado ela, e assim, usando apenas uma calça a abraçou.
- Nós somos, mas... - Ele respirou fundo. - Vamos só deixar para lá, está bem? Não é nada de mais, e não importa de quem é a culpa.
- É sua.
Ela murmurou entre um meio riso, mas ele a ignorou.
- Eu vou me vestir e já desço, está bem? Ainda não jantaram?
- Ainda não. Te esperamos lá embaixo.
Ela ia saindo, quando na porta, enquanto colocava a camisa, ele a parou.
- Elain?
Ela se virou para ele, o vestido rosa chegava até os joelhos com a saia suave, um pouco justo a cintura e ao busto. Seus brincos eram as pérolas que Lucien tinha dado, os sapatos brilhantes e o cabelo estava preso com uma fita cor de rosa.
- Você está linda.
Dito isso, ela sorriu para ele, e todos os males de Lucien foram embora por um pouco mais de tempo.
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Corte de Luxúria e Segredos
Fiksi PenggemarCom um erro tudo pode mudar para Elain Archeron e Lucien Vanserra. As vezes, tudo só precisa de um empurrãozinho, ou no caso deles, um pouco de esclarecimento. Após verdades serem ditas, amizades são celadas e parcerias aceitas, mas, a paz não dura...