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Ingênuo?!

Ela o havia chamado de ingênuo! Aquilo era a forma de se falar de uma criança, ele tinha mais de 300 anos, como ela podia dizer aquilo?!

- Eu não sou ingênuo!

- Sim, você é. -Rebateu Elain. - E sabe o que é pior?

Lucien esperou, ainda afrontado.

- Você é o pior tipo de ingênuo. O ingênuo gentil. Você tem boas intenções e isso é lindo, mas faz com que pessoas usem você.

Lucien respirou fundo e a olhou no fundo dos olhos, a raiva e a magoa se misturando.

- Em algo mais que queira passar na minha cara? Que eu não sou bom o suficiente? Que não gosta de mim? Que queria outro?

Elain cruzou os braços, o encarando com uma frieza familiar, sem medo ou vergonha.

- Na verdade tem sim: Você não tem amor próprio, tem que parar de querer ajudar todo mundo e de se por para baixo e tem seu cabelo.

Lucien se frustou e sentiu a raiva queimar seu rosto novamente, a última parte o tinha realmente cutucando.

- Agora você foi muito longe! O que tem de errado com o meu cabelo? Minha personalidade já não é terrível e ingênua o bastante para você?

Elain mexeu na cesta e apontou o espelho para Lucien, fazendo com que a luz de seu olhos voltasse para outro lugar.

- Antes de mais nada, fale baixo ou eu irei fazer você comer esse espelho! E em segundo lugar, isso não é um insulto!

Lucien respirou fundo, arrependido

- Me desculpe, eu...

- Pare de se desculpar! Todo mundo erra com você, mas alguém pede desculpas?! E você não precisa pedir desculpas pelos erros de outras pessoas.

- Isso pareceu uma indireta pessoal. - Ele alfinetou.

- E foi. -Admitiu Elain. - Porém, eu não terminei. Me desculpe por falar do nada, eu comecei a gostar de falar com você muito rápido e eu sou carente, logo vou me apegar rápido e então quebrar a cara, mas até você partir meu coração, eu vou acreditar que você é diferente. Agora como eu ia dizendo: Você tem um cabelo lindo, o problema é que parece que você não cuida! A raiz está alta e as pontas precisam de um corte.

Lucien, por reflexo passou as mãos no cabelo e então olhou para as pontas quebradiças. Em geral, ele não se achava bonito; por isso, fazia questão que pelo menos suas roupas sempre estivessem impecáveis e prontas para quaisquer ambientes.

- Eu... Talvez eu precise me cuidar um pouco mais, mas, não tenho tempo.

Lucien voltou a andar, afim de se esconder do olhar invasivo de Elain, mas ela continuou mesmo com ele de costas a frente dela.

- Você tem tempo para as outras pessoas, por que não tem tempo para você?

- Pare de me fazer perguntas que não sei responder!

- Se você não tem tempo, eu tenho. -Rebateu Elain. - Posso fazer se você quiser.

Lucien parou e encarou a parceira.
Engoliu em seco e respirou fundo, e se aproximou, sem perceber a colocando contra uma árvore.

- Por que você faria isso?

- Pelo mesmo motivo que você veio passar o dia comigo. Eu quero passar mais tempo com você.

Lucien a olhou, como se procurasse algo, e então, desviou os olhos para o chão e voltou a olhar para ela.

- Mas, por que você está fazendo isso?

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