Outro dia, Lucien e Elain discutiram novamente. Essas tinham sido as únicas duas ocasiões em que isso tinha acontecido, mas ainda sim, tinha sido algo capaz de fazer o chão estremecer, o fim da briga pelo menos.
Os principais pontos que motivaram a briga, foram: a insegurança e o tempo, mas necessariamente, a falta de tempo. Lucien tinha acordado atrasado já que tinha puxado uma pilha de velhos documento para arrumar e passou a madrugada em claro. Ele saiu de casa com tanta pressa que não beijou sua parceira e mal teve tempo para ouvir as palavras dela.
Tinham passado anos, depois dias e agora meses, e ele ainda sonhava em ouvir as palavras que acabou por não ouvir, o primeiro: "Eu te amo" dos lábios de sua parceira, e graças a pressa acabou por perde-lá.
Elain, em toda sua insegurança, ficou com o coração em sua mão. O medo de não ser correspondida a corroeu o resto do dia, e graças a isso ela se pós a passar o dia ocupada. Limpou os quartos, trocou os lençóis novamente, lavou roupa e limpou o chão da entrada e da sala, distribuiu as encomendas e até que por fim, parou nos jardins, com os joelhos na terra enquanto colhia as ervas daninhas e verificava suas verduras.
Lucien chegou um pouco mais tarde, quando ela estava entrando em casa, ele passou pela cerca, indo até ela, entrando como se mal a tivesse visto.
Aquilo a atingiu como um soco no estômago, mas apenas ignorou, lutando contra as lágrimas até ir ao banheiro, onde trancou a porta e tomou um banho longo.
Lucien por sua vez, não viu Elain e passou diretamente para o quarto, precisando de um banho. Seu corpo estava suado, pois tinha andando de cima a baixo e sentia como se tivessem aranhas em seu cabelo. Ao chegar na porta do banheiro e tenta-la abrir ficou surpresa ao encontra-lá trancada. Achava que Elain possivelmente estava nos jardins atrás da casa ou talvez até no escritório, já que se o tivesse visto passar, teria falado.
Para sua desagradável surpresa, ao chama-lá, ela não respondeu e após alguns minutos, ela abriu a porta e saiu do banheiro, sem nem se quer olhar para ele.
Aquilo fez seu coração quase se partir e antes que ela virasse para a sala, Lucien falou.- Não!
Ela se virou para ele, o rosto sem expressão.
- Perdão?
- Não vou ficar parado aqui e ver que está voltando a me ignorar. Eu vou entrar nesse banheiro, tomar um banho e depois disso, vamos conversar. Certo?
Elain deu de ombros.
- Não tem o que ser falado, você me ignorou e eu fiz de volta, simples.
- Eu não ignorei você!
- Você passou direto por mim pela porta!
- E por que você não disse nada? - Questionou Lucien.
- A regra é clara, quem chega deve falar!
- Certo, - respondeu Lucien, irônico. - e quem cria essas regras?
- A vida! E ela não é justa. Além do mais, você devia ter falado porque chegou, não eu! Eu já estava aqui!
- Eu não vi você! - Alegou Lucien, passando as mãos pelos cabelos. - Me perdoe se eu tenho o dobro do seu tamanho.
Elain abriu e fechou a boca.
- Certo, mas, e quanto a hoje de manhã? Quando estava saindo?
- Eu estava com pressa, só isso!
- Então não ouviu nada do que eu disse?
Lucien negou e ela respirou fundo, alisando o tecido vestido em sua cintura.
- Por que a pergunta?
Ela deu de ombros.
- Nada, é que as vezes acho que você não me vê.
Lucien a encarou com toda a indignação de seu ser.
- Não é verdade; eu sempre te dou toda a atenção que eu posso! Sinto muito se eu não satisfaço seu ego como todos os machos que se ajoelham diante de você!
O olhar de Elain deixava claro que ela tinha se magoado com aquelas palavras, mas ela ainda sim prosseguiu a briga, não seria ele a tirar suas palavras dela, não naquele momento. Elain escrevia porque palavras sempre ganhavam, e ela sentia como se pelo menos ainda tivesse parte de seu conforto de alma ali.
- Não aja como se você não gostasse de se ajoelhar diante de mim.
O tom tinha estalado como o de um chicote batendo no chão, mas ainda sim, ela não parou.
- Me desculpe se apenas um de nós fala, e tudo bem, talvez eu tenha te julgado errado, já que além de você me ouvir como ninguém, por um mísero segundo pensei que iria corresponder meus sentimentos ao invés de só me ouvir sem fazer nada.
Ela deu ênfase na última palavra e Lucien ficou cego de raiva, as mãos a puxando pela cintura.
- Quando não correspondi a você? Quando demonstrei menos do que o esperado? Vamos, me diga!
- Hoje de manhã, eu disse que...
Ela parou, se afastando e se sentindo repentinamente medrosa. O apavorante medo de não ser correspondia. Lucien por sua vez a incentivou com uma voz suave, genuinamente curioso.
- O que você disse para mim?
Ela desviou os olhos para responder.
- Já não importa mais.
Ela deu de ombros e se afastou estava prestes a sair quando Lucien a segurou pelo pulso e com calma a puxou para perto, colando seus corpos. Ele passou o braço pela cintura dela e a olhou nos olhos, a raiva indo embora.
- Para mim importa. O que ia me dizer?
Ela respirou fundo e Murmurou tão baixo que ele mal pode ouvi-lá.
- Fale mais alto, meu amor.
Ela respirou novamente e lágrimas desceram de seus olhos, o coração de Lucien parando.
- Eu ia te falar que te amo, Lucien.
E então, o coração voltou a bater rápido como as asas de um perdiz. Ela então voltou a falar, rápida como um coelho fugitivo.
- Eu te amo e sei que posso estar sendo muito acelerada, mas juro que é o que sinto e e é o que eu quero que você sinta. Eu amo você e amo estar com você. Tentei te evitar, tentei não pensar nisso e não ser egoísta, mas eu simplesmente não resisti e me apaixonei, eu amo você...
Nesse momento, Lucien puxou Elain para um beijo e a segurou em seus braços e a beijou com firmeza, como não faria em um longo, longo tempo.
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Corte de Luxúria e Segredos
FanfictionCom um erro tudo pode mudar para Elain Archeron e Lucien Vanserra. As vezes, tudo só precisa de um empurrãozinho, ou no caso deles, um pouco de esclarecimento. Após verdades serem ditas, amizades são celadas e parcerias aceitas, mas, a paz não dura...