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Tinham se passado dias e tudo corria perfeitamente bem. Era noite, Lucien e Elain estavam indo dormir e ele não sabia o que, mas algo entre eles estava mudando entre eles.

Foi um dia comum, ele trabalhou, ela fez suas entregas, almoçaram juntos e caminharam pelo território da casa, os dois de mãos dadas, Elain ouvindo seu parceiro comentar sobre o trabalho. Eles tiveram seu jantar tradicional, frente a frente, olhos nos olhos e antes de dormir, fizeram amor.

Lucien já estava vivo a tempo o suficiente para saber que o que ele e Elain faziam não era apenas sexo. Ali tinha amor, amor real, contato conectado, o prazer de um era o prazer do outro. Eles tinha uma parceria a parte, algo único e especial. Algo deles.
Eles estavam deitados, suados e exaustos quando ela lhe entregou um presente.

- O que é?

Ela sorriu, suave.

- Abra a vai descobrir.

Ao abrir, dentro da pequena caixa azul, estavam duas alianças douradas, gravadas na parte interna dos anéis, a frase:
"Ótan i Afrodíti orkízetai ston Ári".

Lucien pegou uma, olhando a parceira logo em seguida.

- São lindas. O que significa?

Elain sorriu, tocando o rosto dele.

- Significa: Quando vênus jura a marte. É uma jura de amor. "Quando nos vemos, juro te amar.", Mesmo que em silêncio.

Lucien pegou a mão de sua parceira e a beijou, logo pondo o anel em seu dedo e a beijando novamente, enquanto ela fez o mesmo e então, Lucien dormiu e Elain se distanciou, se vestindo e após planejar tudo, saindo pela porta da frente, as lágrimas rolando em seu rosto.

Ao atravessar para a Corte Noturna, seguiu todos os seus passos até o penúltimo deles. Os passos que levariam a sua morte.

Ou quase.

Eranoite quando Cassian, estava saindo de casa, viu Elain próxima a soleira da porta.

Ela era pequena, de modo que batia um pouco abaixo do peito dele, e se não prestasse atenção poderia até passar por cima dela, mas, ela estava ali. O rosto a mostra em uma grande capa longa que arrastava no chão e que cobria seu corpo, capa que parecia familiar para Cassian, mas claro, ele não falou nada.

- Boa noite, Cass. - Desejou Elain, com doçura.

- Boa noite. O que está fazendo aqui? Está tarde e frio, quer entrar? Nestha está acordada, ela...

Elain negou, forçando um sorriso.

- Eu vim ver você.

Podia parecer algo ridículo para quem vai de fora, mas Elain tinha uma mente mirabolante, sempre tramando algo ou bolando alguma história. Algumas dessas, se aplicavam a sua própria vida, pois ela acreditava piamente que suas irmãs possuiam doens obscuros, o mesmo dom, na verdade; fingir. Feyre conseguia engolir um mundo de problemas calada, Nestha tinha sérios problemas em falar seus problemas em voz alta e Elain era tão acostumada a se forçar a agradar os outros, que quando o fazia, parecia tão natural que Cassian apenas assentiu, envergonhado.

- Certo, obrigado. Eu estava indo fazer minha caminhada noturna, mas,...

Ela o interrompeu e se colocou ao lado do cunhado, a mão em seu braço.

- Certo, vamos juntos.

Cassian não conseguiu recusar a companhia dela, mesmo que quisesse. Não era que Cassian não gostasse da companhia de Elain, ela era ótima, mas, ele achava arriscado que andassem juntos, já que ela mal sabia como se defender se fossem atacados e ele para o mal da situação, tinha muitos inimigos.

Os dois seguiram lado a lado até três esquinas depois. Essa era uma rua clara, onde se via que na entrada da próxima rua, se começava a escurecer e Elain entendeu seu sinal. Era uma rua larga, com postes de luminárias, chão limpo e prédios que apesar de velhos, pareciam fortes.

- Cass, podemos comprar cerveja?

Ele ia responder que não costumava beber enquanto caminhava, mas quando se virou na direção dela, ela já tinha ido até uma taberna. Na verdade, ela entrou antes mesmo que ele saísse do lugar. Quando Cassian entrou, o valor do lugar o esquentou até os ossos, o frio da noite ficando para trás assim que ele fechou a porta.

Era uma taberna comum; mesas grossas de madeira, alguns sofás nos cantos, lamparinas encima das mesas e uma grande lareira no fundo. No bar, de costas tinha uma fêmea, com cachos castanhos, cantarolando baixo enquanto Elain já estava com quatro canecas grandes de cerveja na mesa, no balcão, tinha deixado o pagamento e se sentava em uma mesa próxima a um sofá de couro. Ele estava nervoso, não sabia exatamente o porque, mas sentia que tinha algo errado, mas, era Elain. Ela podia ter matado o rei e ter um negócio secreto de ervas, mas, ela não lhe faria nenhum mal, isso era algo que ele tinha certeza.

- Vai aguentar beber tudo isso?

Ele observou enquanto via ela levar a caneca de cerveja aos lábios rosados, que se abriram em um sorriso irônico que parecia familiar.

- Eu aguento, mas se não aguentar, não se preocupe, eu bebo por você.

Cassian riu, o som de trovão retumbante no ar. Ele então pegou a cerveja e a bebeu em três goles, enquanto ela ainda estava em seu segundo gole e estava longe de terminar.

O que tinha começado com duas canecas de cerveja, acabou indo para quatro para Cassian e então, como o tônico fez efeito em alguns minutos, ele dormiu e ela, o levou para o sofá de couro. Não é preciso dizer que ela estava chorando, porque ela chegava tremer, mas lá estava ela, afofando o travesseiro e colocando abaixo da cabeça dele e tirando os sapatos de Cassian, e em seguinte, a espada e então, respirando fundo ao abrir parte da capa e revelar a armadura que usava, a armadura do general.

Ela então se virou para Évora, que tinha tirado a peruca e agora tinha seu cabelos ruivos escuros, agora observando a cena, a calma em seu rosto.

- Tem certeza do que está fazendo?

Ela assentiu firmemente, parando de chorar, se preparando para o que iria enfrentar.

- Tenho certeza.

Evora, então respirou fundo.

- Tudo bem então.

Ela atravessou o balcão passando pelas suas sombras e abraçando a amiga.

- Sabe o que precisa fazer, não sabe?

Évora assentiu e Elain lhe deu as costas, ambas com lágrimas no rosto. Elain seguiu em frente, até a rua escuda, parando de chorar. Não podia se dar ao luxo de falhar ali, não iria morrer em vão.

Ao passaram por uma esquina, um lençol vou jogado sobre ela e uma longa lança atravessou o lençol, a cortando na coxa, o sangue sujando o lençol e antes que pudesse fazer algo mais, sentiu ser atravessada e jogada no chão, e não em um rio. A sua visão tinha repassado em sua mente várias vezes, e ela era clara. Ela se colocou no lugar de Cassian porque sabia que era realmente necessário, era isso que a voz de sua estrela guia lhe falava.

Ela estava machucada, no chão e ouvia barulhos de espadas sendo encostadas no aço uma da outra e seu estado piorou ao ouvir um grito, a voz de seu parceiro.

- NÃO!

Ela tirou a armadura, rasgou o lençol e pela pequena fresta, viu seu parceiro ao lado de dois machos caídos enquanto um correu até ela e a chutou no estômago, a empurrado para o rio.

Corte de Luxúria e Segredos Onde histórias criam vida. Descubra agora