Já era manhã quando Lucien e Elain haviam terminado com a mudança e agora, estavam tomando café da manhã na casa de Feyre.
Pela primeira vez ali, ambos estavam sentados lado a lado, comendo enquanto conversavam juntos e se ouviam animadamente. Ela havia servido o prato dele com mais panquecas, enquanto ele tinha colocado mais suco para ela sem que ela nem notasse.
O diálogo era suave e gentil, falavam sobre planos para a casa, como: o que iriam fazer para o almoço, como iriam organizar os guarda-roupas e as festas que pretendiam ir juntos.
Eles eram observados por todo círculo íntimo, os olhos curiosos sobre eles, na outra ponta da mesa.
Não demorou para que ambos levantassem, no mesmo momento, Feyre se levantou, os olhos indo de Elain para Lucien.
- Lucien, podemos conversar?
O casal recém formado de olhou, articulando entre si, e então, ele a seguiu até seu escritório. Os outros saíram pouco a pouco, e quando Elain menos esperou, ela e Rhys estavam sozinhos.
Aquilo não a incomodava; apesar de normalmente não gostar de ficar a sós com outros machos, ela gostava de Rhys e de Cassian. Secretamente, ela preferia, porque, Rhys era diferente, ele era só... Rhys, e ela se agradava com aquilo.
Elain queria falar; queria dizer que adorava ele, e que por mais que amasse ela casa, sabia que não era seu lugar e não queria passar aquela infelicidade para os demais.
Para a surpresa dela, foi ele quem falou.
- Posso contar um segredo?
Elain assentiu, sem falar.
- Eu gosto de você, porque você me lembra alguém.
Ela inclinou a cabeça para o lado, se sentando na mesa, próxima a ele e pronta para ouvir mais.
- Não me leve a mal, eu adoro Nestha por mais que ela me assuste e serei eternamente grato a ela, mas você me lembra muito alguém a quem eu amei muito, e isso sempre acaba por me fazer querer te dar cobrir de coisas boas.
Elain lhe deu um pequeno sorriso, um sorriso gentil, como o sorriso que a irmã de Rhys teria lhe dado. Claro, ela era mais vaidosa que Elain, mas, ainda sim, o brilho gentil nos olhos, o fazia lembrar dela, o fazia lembrar do quanto sentia sua falta.
- Olhar você me ajuda a não esquecer a imagem dela.
Elain o olhou com doçura, os ombros relaxados.
- Não está magoado comigo, está?
Ele negou rapidamente.
- Chateado com você? Como eu poderia? Você apenas quer sua felicidade, esse é o seu direito.
Elain se aproximou mais dele, sendo recebida com apoio.
- Eu não queria te deixar chateado comigo, sou muito grata a tudo o que fez por mim, por Nestha e principalmente por Feyre, mas, aqui não é meu lugar, e não quero preencher um espaço que não é meu.
Rhys assentiu, compreensivo até o fim.
- Eu entendo, e de verdade, espero que encontre. Seja na Corte Diurna, ou em qualquer outro lugar, espero que encontre o que você procura.
Elain assentiu, feliz.
Feyre e Lucien estavam na porta do escrito dela, ambos encostado frente a frente. Feyre na porta, Lucien na parede, o silêncio os corroendo.
- Eu...
Os dois se pararam, Lucien dando espaço para Feyre começar, que passou a vez para ele, e então, após respirar fundo, começou.
- Olha, eu sei que posso ter errado com você, mas, espero que saiba que eu não sou o vilão aqui, nem mesmo você é. Eu não pude ajudá-la quando deveria, mas, agora eu posso ajudar Elain.
Feyre o olhou, seu coração apertando.
- Acha que Elain se sente presa aqui? Ela te disse isso?
Lucien negou rapidamente, Feyre respirando aliviado.
- Eu só estou ajudando alguém sair de um lugar onde ela não se sente bem, não quer dizer que é um lugar ruim, como era na Corte Primaveril, ela só não pertence aqui, como você ou Nestha, eu não pertenço aqui.
Eu errei com você por não ter te ajudado com Tamlin e sinto muito por isso.Feyre se abraçou, e então, os olhos foram para o chão.
- As vezes, você parecia tão mais bem que eu, que eu esquecia que você também tinha uma relação ruim com Tamlin.
Lucien sentiu os lábios se abrirem levemente, suas palavras item embora ao mesmo tempo que as de Feyre o atingiam com um tapa. Ela o havia batido sem o uso de mão ou armas, apenas fatos.
Um dia, em uma das cartas que Elain lhe mandou, ela contou de certa vez que havia apanhado de sua mãe, e que a senhora Archeron tinha dito algo como: "Eu estou te machucando porque te amo", mas logo, ela contou que nunca sentiu amor por parte de sua mãe, logo, declarou:
"Quem ama de verdade, não vai escolher a opção mais dolorosa para você e vai fazer de tudo para evitar sua dor."
A realidade era aquela; nua, crua e real.
Lucien só havia sido melhor amigo de Tamlin, porque também era o único amigo dele, e logo, não havia com quem ser comparado.- Eu não tinha nada, nem ninguém. Eu não podia salvar você, porque não seria salvo e espero que um dia me perdoe por isso.
Feyre levantou os olhos a tempo de ver Lucien limpando uma lágrima solitário de seu rosto, e por isso, logo começou a mudar o assunto.
- Elain me contou de vocês.
Lucien a olhou surpreso.
- Ela contou?
Feyre o examinou, suspeita.
- Ela me contou sobre a casa de vocês, e que vocês irão ficar juntos... Tem algo mais a ser contato?
Lucien negou, lutando contra uma risada.
Era mais provável que ele mesmo desse detalhes a Feyre do que Elain, infelizmente, o mesmo não poderia ser dito sobre os outros amigos dela, que a essa altura, já deveriam saber até a quantidade de beijos que eles haviam trocado.- Certo, só por favor, cuide dela.
Lucien assentiu.
- Ela é uma Archeron, não precisa de cuidados, mas ainda sim, terá o meu. Tem a minha palavra de que ela estará segura.
E então, voltaram para a sala de jantar.
Era tarde quando Lucien e Elain estavam na cozinha, ambos lavando a louça de seu almoço. Pela manhã, Lucien havia pagado o dinheiro de Denguos, e logo depois, haviam arrumado os pertences dela e cozinhado juntos.
O prato, havia sido carne de coelho, recém caçada por Lucien, purê de batata, arroz e salada, claro que ela havia empurrado o dobro de comida para ele, mas ele não reclamou, estava realmente faminto.
O suco tinha sido de laranja e como sobremesa improvisada, Elain havia surgido com bolinhos normais, o que para ele estava ótimo. Tinham comido na varanda e estava um lindo dia de sol, o que deixou tudo melhor para eles.
- Estive pensando, -começou Lucien. - hoje a tarde, preciso ir ver Vassa e Jurian, não irei demorar.
Elain assentiu, compreensiva.
- Eu vou dar uma volta, também não demoro.
Logo após tomarem seus cuidados, cada um seguiu para um canto, levando o coração de seu parceiro.
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Corte de Luxúria e Segredos
FanfictionCom um erro tudo pode mudar para Elain Archeron e Lucien Vanserra. As vezes, tudo só precisa de um empurrãozinho, ou no caso deles, um pouco de esclarecimento. Após verdades serem ditas, amizades são celadas e parcerias aceitas, mas, a paz não dura...