8

179 15 0
                                    

A chuva havia começado de repente, uma gota se transformou em muitas e algo que era inicialmente fino começou a engrossar e aumentar rapidamente.

Quando Lucien se virou, Elain já se encontrava guardando todos os seus pertences. Lucien, que a ajudou e recolheu a toalha e suas roupas já encharcadas e sujas terra, correu a lado de sua parceira, que o guiava pela mão até a casa. Era alta e muito bonita, apesar de velha e pequena comparada a casa de Feyre ou ao lugar em que Nestha vivia.

Haviam três degraus para subir e lá encima, uma porta, que dava a uma varanda pequena e a entrada da casa.
Os dois estavam ofegantes enquanto fechavam a portinha.

- A chuva vai piorar. -Declarou Elain, pegando a chave escondida ao lado da porta. - Vamos entrar, só por favor, não repara a bagunça.

A porta se abriu e Elain deu espaço, enquanto com um fósforo em sua bolsa, começou a acender as velas e a lareira.
Pouco a pouco, a pequena sala ganhou luz e vida. Era pequena, não estava tão arrumada e estava com poeira, mas Lucien a adorou. As paredes eram de um amarelo desbotado, o lustre era firma e de madeira, nas paredes haviam um espelho quebrado, um quadro velho e uma prateleira com três livros e potes de vidro empoeirados. A lareira era discreta, e acima dela, haviam alguns caixas de madeira velhas e ao lado, um monte de madeiras, ao lado, um velho sofá azul com almofadas e perto do caminho para outra porta, um coxão encostado. Pelo chão haviam um tapete e baldes para a goteira, junto a caixas de ferramentas, tintas, pregos e algumas panelas velhas. Ao lado da porta, havia uma mesinha e três bancos pequenos.

Lucien, que havia se distraído com a sala, por fim, se aproximou de Elain.

- Quer ajuda?

Ela se virou, já tendo conseguido e lhe ofereceu o fósforo e um banco.

- Consegue acender o lustre?

Lucien assentiu.

Elain lhe entregou um banquinho, o ajudou a subir e esperou enquanto ele dava mais luz ao ambiente. Por fim, tudo estava claro. Ainda chovia lá fora e o céu começava a escurecer. Elain tirou de sua cesta a comida que havia comprado a colocando na mesa e tirando mais água de sua bolsa, colocando junto a copos limpos. Elain foi até a parte de baixo das prateleiras e de lá tirou o caldeirão, que o encheu com a água limpa das goteiras.

- Pode levar isso para o banheiro para quando formos tomar banho? Eu ainda vou esquentar, claro.

- Claro.

Lucien lutou contra as imagens de duplo sentido que surgiram em sua cabeça e foi até o lado dela, a ajudando a colocar o cadeirão sob o fogo da lareira.

- Obrigada! Se senta. Quer alguma coisa? O banheiro fica no fim do corredor.

Lucien negou, se sentando no sofá e Elain colocou a blusa de Lucien ao lado da lareira, de forma que conseguia calor, mas não era atingida pela fumaça. Ela andava de um lado para o outro, arrumando e organizando coisas de sua cesta. De lá, ela tirou dois lençóis e uma toalha. Dois, ela deixou no sofá e com a toalha, se aproximou e secou o cabelo de Lucien.

Um suspirou deixou os lábios de Lucien que sem notar, colocou as mãos na cintura de Elain, a puxando para perto.

Borboletas preencheram o estômago de Elain, que não se deu conta do sorriso que surgiu em seu rosto assim que as mãos de seu parceiro pousaram em seu corpo.
Os dois se perderam no tempo, e mesmo quando o cabelo de Lucien estavam quase que completamente secos, eles ainda se mantinham próximos. Quando Lucien se deu conta de onde estavam suas mãos, as abaixou, afastando da sua parceira.
O coração de Elain pareceu se quebrar e por isso ela se afastou rapidamente, indo estender a toalha. De relance, Lucien viu a mágoa nos olhos de Elain, e por isso se apressou em suas justificativas.

- Desculpe. Eu não queria... Não queria ter te tocado.

- Não queria?

A mágoa ainda mais presente, fez o coração de Lucien doer.

- Não, não é isso. Eu só não queria te deixar desconfortável. Você nem me olha nos olhos e...

Elain se virou de frente para ele, agora o encarrando, olhando no fundo de seus olhos.

- Você não me desconforta. Eu só fico nervosa perto de você e não sei o que fazer.

Lucien sentiu um sorriso de lado crescer e o coração de Elain acelerou enquanto ela respirava fundo.

- Eu te deixo nervosa? Por quê?

Elain riu com prazer, desviando os olhou e inclinado a cabeça para cima.

- Por quê?! Lucien, olha para você.

Lucien riu.

- Olha, eu sei que não sou tudo isso, mas não achei que chegasse a esse ponto.

- Mas é aí que você se engana. Você é isso tudo. Tudo mesmo. O pacote completo.

Lucien sorriu, olhando o chão e depois voltou a olhar para sua parceira. A fêmea de rosto mais belo, de olhar mais doce e de cheiro mais desejoso, o achava atraente?

- Você me acha bonito? É isso?

Elain se aproximou, tocando o rosto dele com carinho.

- Você é o macho mais lindo que eu já vi.

Os olhos de Lucien se iluminaram, e foi como se todas as mechas de seus cabelos brilhassem. Elain se virou em direção da lareira, e com o auxílio de um pano, começou a tirar o caldeirão dali. Lucien se levantou o pegou com a facilidade de quem leva um travesseiro.

- Pronto. Onde fica o banheiro?

Elain apontou o corredor.

- Siga reto e vá até a última porta.

Lucien pós a cabeça na porta e viu o corredor. Era um corredor curto, com duas portas, uma escada no final e uma janela que estava fechada. Não pretendia falar em voz alta, mas Elain foi mais rápida.

- Eu tenho medo de escuro. Se importa se eu ficar esperando na porta? Não quero ficar sozinha a noite.

O coração de Lucien se aqueceu e ele assentiu. O brilho de Elain tomou conta de seu rosto, que em seguida pegou um candelabro e seguiu Lucien até o banheiro, ficando no corredor, acendendo as velhas que haviam ali e no banheiro. Os ladrilhos eram verdes e brancos. Haviam duas estantes. Uma acima do vaso sanitário e outra ao lado, perto da pia e do espelho de corpo inteiro. Ao lado, havia o box, separado por uma pequena parede. Do armário embaixo da pia, Elain tirou duas toalha, uma calça e uma blusa grande.

- Eu costurei em caso de urgências e como a sua molhou...

Lucien a pegou. Era de um tecido barato e não estava bem costurada, mas Lucien que havia aprendido a ser grato desde cedo, agradeceu.

Corte de Luxúria e Segredos Onde histórias criam vida. Descubra agora