Um mês depois...
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•Soraya Thronicke...
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•_Soraya... arg... acho que já chega_ minha irmã entrou no quarto.
_Já chega o quê?_ perguntei, enquanto me arrumava pro trabalho.
_Tá lá na sala, vai lá ver_ falou.
_São flores de novo?_ ela assentiu.
Coloquei minha saia social cinza, e abotoei a minha blusa preta, pendurei minha toalha no lugar, e fui com minha irmã até a sala.
_Acho que esse é o maior buquê que ela já mandou até agora_ comentou meu irmão quando chegou ali também.
_São lindas mesmo_ falei baixo.
_Poderíamos fazer uma floricultura, com esse tanto de flores_ os dois mais velhos acharam graça.
_Vou colocar lá no quarto_ falei.
Peguei o buquê com cuidado, e caminhei de volta até o meu quarto, procurei por algo para colocá-lo dentro, deixando sobre uma mesinha, até ficou bonito.
_Ei soso, olha_ me virei para minha irmã.
_Um cartão também?_ ela balançou a cabeça em positivo.
_E uma caixa de chocolate_ eu falei que ela poderia comer.
Me sentei na cama, o cartão que veio era um pouco grande, maior que os anteriores que ela já mandou, e se me perguntarem sobre as flores e cartões, Simone tem feito isso desde que saí de lá, isso já faz mais de um mês.
Todos os dias ela manda, algumas já até murcharam, outras continuam lá na varanda de casa, o que vem escrito no cartão, é que ela está esperando por mim, e que tá sentindo muito a minha falta.
Encostei a porta do quarto, e comecei a ler o que estava escrito no cartão de hoje, dessa vez, a letra era diferente, falava que ela estava sentindo muita saudade, pedia perdão pelo o que me falou e o que as suas palavras causaram.
Dizia também que ela continua se sentindo um monstro por tudo isso, falou que tem dormido no lado em que eu dormia, e que tem sonhado comigo quase todas as noites, e sempre acorda chorando.
_O café está pronto maninha_ meu irmão falou.
_E-eu já estou indo_ tentei disfarçar, mas saiu embargada a minha voz.
_Ei minha pequena, chorando outra vez?_ entrou no quarto.
_Está tudo bem, já já melhoro_ ele sentou do meu lado.
_Sei que não deve estar sendo fácil pra você, sei o quanto está sofrendo por dentro_ fez carinho em meu cabelo.
_As vezes eu preferia nem existir, só pra não causar sofrimento em ninguém_ agora eu chorava de verdade.
_Não diga isso, você não causa sofrimento à ninguém, não fale bobagens_ me abraçou forte.
Eu preferi ficar calada, enquanto recebia o seu carinho, estava doendo, e muito, quanto mais os dias passam, mais a dor parece se tornar maior, sei que foi ela quem errou, mas sinto culpa por saber que ela está sofrendo.