Soraya Thronicke...
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•_Um menino está à caminho_ eu e Simone nos olhamos, com um sorriso no rosto.
Seríamos mães novamente, agora de um menino, nosso garotinho em breve estará aqui conosco, já é muito amado, desde a sua descoberta eu já o amava, Simone saiu um instante da sala, quando voltou, seus olhos estavam vermelhos, sei que ela não quis chorar aqui na minha frente.
Em uma conversa que tivemos, ela me contou que sonhava em ter um menino, pois era um desejo do seu pai, ter um netinho, uma pena que a chegada dele veio muito tempo depois da partida do Ramez, imagino a dor da saudade que Simone sente, das conversas que tivera com ele, eu a entendo.
_Está tudo bem?_ perguntei.
_Sim, está... só um pouco emocionada_ beijou minha mão.
Continuei deitada, alguns minutos depois a médica mandou eu levantar, já sentia muita vontade de fazer xixi, não ia aguentar até chegar em casa, então fui até o banheiro dali mesmo da sala, como mandou a médica.
Levantei meu longo vestido, baixei a calcinha, e sentei no vaso, foi um alívio, fiquei sentada por mais alguns segundos, logo levantei, fui lavar as minhas mãos, me virei para sair, mas parei ainda com a mão na maçaneta.
_O que cê acha? ninguém vai saber_
_Você só pode estar louca, não é?_
_É apenas uma proposta, que é bem tentadora por sinal_
_Me dê licença, vou buscar a minha..._
_Quantos centímetros você tem? deixa eu pôr a mão, isso ninguém vai saber_
_Me larga, a minha mulher está me esperando, sai de perto de mim_ a sala ficou muda.
Saí no outro instante, não vi Simone ali, a médica sorria, mas ao me ver, fingiu ser uma boa profissional, me receitou uma vitamina, minha vontade era de dar na cara dela, mas me contive, vai que ela me empurre contra a parede, me machuque, ela é maior que eu.
_Se cuide direitinho, querida_ semicerrei os olhos em sua direção.
Ela me deu a mão para segurar, tive que apertar, me acompanhou até o corredor, mas onde diabos a Simone se meteu? não a vi por ali, perguntei para algumas enfermeiras, não souberam me responder.
Caminhei então para fora do consultório, passei por dois carros no estacionamento, pude ver a Simone ali, de costa para mim, com as mãos apoiadas na janela, parecia agoniada, toquei em seu ombro.
_Sumiu, não me esperou, o que houve?_ estava fingindo que não tinha escutado nada.
_Eu quis pegar um ar, tá calor_ disse.
_Por quê está com os lábios marcados por um batom que eu não uso?_ ela arregalou os olhos.
Rapidamente começou a passar a mão, depois passou com o próprio blazer em sua boca, será que a mulher forçou um beijo? apesar de saber da fidelidade de Simone comigo, ver isso me machucou, doeu lá dentro de mim, só de imaginar a possibilidade de ser traída, já me machuca desde agora.
_Não é isso que você está pensando amor, acredite em mim_ falou, desesperada.