Soraya Thronicke...
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•Eu tentava ao máximo não chorar nesse exato momento, respirava fundo, estava no quarto que era meu, na casa dos meus pais, eu ainda continuava aqui, já havia chegado no último mês da gestação.
Lá na sala, escutava as gargalhadas de Afrodite, ela brincava com sua outra mãe, Simone estava aqui, uma outra vez, veio ver a filha, não aguentava essa distância da nossa pequena.
Então eu me sinto a pior pessoa do mundo por ter saído do nosso lar, grávida e com nossa outra filha, sei que foi difícil para ela isso, não há um dia em que eu não sinta culpa, como sempre sinto.
_Ei maninha, tá tudo bem?_ meu irmão apareceu ali.
_Eu sou uma pessoa horrível_ ao lhe dizer isso, eu desabei em chorar.
Ele correu para a cama, sentou e me puxou para um abraço apertado, deitou a cabeça em seu peito, deixei sua blusa cinza toda manchada das minhas lágrimas, mas ele não se importou.
_Não diga isso, não, mana_ sussurrou.
_Mas é a verdade_ ele carinhou minha mão.
_Você fez o que foi preciso ser feito para não se repetir tudo de novo_ eu sei o que ele quis dizer.
Repetir tudo de novo seria ter uma briga com Simone, ela me pedir desculpas e voltar tudo ao normal, isso sim desgasta uma relação, a pessoa após pedir desculpas, se sentirá mais leve do que aquele que o desculpou.
_Você agiu certo, não se culpe_ falou outra vez.
Coloquei a mão na boca para impedir alguns soluços do meu choro, não queria que Simone ouvisse, nem mesmo a minha irmã que também está em casa.
Fiquei em seu abraço por mais um tempo, logo ele precisou ir para seu trabalho, voltei a ficar sozinha no quarto de novo, até uma miniatura da Simone aparecer ali.
_Oi filha, vem cá, vem_ coloquei as pernas para fora da cama.
_Mamãe, colo_ a coloquei sentada sobre minha coxa.
Seu cabelo tava banhado de suor, resultado das suas brincadeiras com a mãe, usava apenas uma calcinha por cima da fralda, obra de Simone deixá-la assim.
_Está com fome?_ ela brincava agora com o meu colar.
_Oi... posso?_ perguntou Simone perto da porta.
_Pode, claro_ ela entrou.
Sentou na beirada cama, depois chegou mais um pouco, e mais um pouco, e mais um pouquinho, até estar quase colada à mim, Afrodite pulou para o seu colo.
_Como está se sentindo hoje?_ perguntou.
Péssima, era assim que eu me sentia, mas fiquei na dúvida de dizer a verdade, ela poderia falar que eu sou culpada por estar assim porque foi eu que escolhi isso.
_Sinto que vou parir à qualquer momento_ ela gargalhou.
Sua gargalhada foi acompanhada por nossa filha também, que sorria sem saber do quê exatamente, olhei para elas duas, e vi o quanto são parecidas, cada detalhezinho, não há um defeito sequer.
_Oi Simon, como vai garotão?_ ela falou baixo, com a mão em minha barriga.
_Você não andou se alimentando direito?_ perguntei.