Meu CEO é um Vampiro - Livro I: O Pacto

XVI - Não confie em ninguém

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A mesinha de centro da sala havia sido removida. A escada de abrir tomava seu lugar e no último degrau, se equilibrando sozinha, estava Scarlett. A mulher terminava de checar o bocal de energia da luminária. Estava ainda com a esfera branca que filtrava a luz da lâmpada nas mãos. Tudo parecia normal.

O som da campainha à porta despertara a loira concentrada no que fazia. O susto quase a fizera cair. A escada de alumínio balançara e a mulher se agarrara a ela com uma das mãos enquanto segurava a esfera com a outra.

—Acho que é o Dennis com as pizzas, mãe! – berrara Hannah do quarto.

Dennis era um rapaz que trabalhava como ajudante na portaria do edifício Rose Red, onde Scarlett morava com a filha. Uma das inúmeras regras do lugar era que nenhum entregador subia para os apartamentos do prédio. As entregas ficavam na portaria e os auxiliares levavam para seus respectivos donos.

—Vá receber, estou um pouquinho ocupada aqui – exclamara a repórter com a mão direita erguida, recolocando o filtro da luminária – Não se esqueça do que conversamos – acrescentara, se referindo às regras de segurança.

Rose Red era um prédio de apartamentos caro, porém, seguro. A loira se gabava para as amigas do trabalho que nem mesmo Herald subia sem antes ser anunciado e autorizado, embora raramente o sujeito fosse ver a filha.

Mesmo assim, após o susto naquela manhã, Scarlett decidira que era melhor averiguar até os mínimos detalhes. O mundo era um lugar muito mais assustador do que as pessoas pensavam. Monstros que deveriam existir apenas nas mentes de crianças e adolescentes eram reais e a maioria nem suspeitava disso.

Ela própria jamais suspeitara. Tudo parecia... ficção.

Ainda pior, havia milhares de humanos cientes e que compactuavam com as criaturas. Ela não se sentia mais segura, não estava mais segura. Temia por sua vida e pela vida da filha. Precisava ser mais esperta e cautelosa dali em diante.

Não confie em ninguém – dissera o CEO na última vez que haviam se falado.

Ele próprio era uma das criaturas que ela temia. E ironicamente ainda sentia que Julian era a única pessoa em quem poderia confiar naquele momento.

Enquanto a filha estava no quarto estudando e falando com os amigos pelo celular, a loira fingira estar realizando uma faxina e vasculhara a casa toda por câmeras escondidas ou escutas, principalmente em cantos como aquecedores, iluminação ou saídas de ar. Nem mesmo os pequenos objetos de enfeite tinham escapados de sua busca minuciosa pelos apetrechos de espionagem.

Rose Red poderia ser um lugar seguro, mas quem poderia garantir que seus donos não estivessem na folha de pagamentos de algum vampiro? Enquanto ela estava trabalhando e a filha na escola, a casa poderia ter sido grampeada.

Felizmente, parecia ser mais uma paranoia de sua mente assustada.

Hannah estava à porta. Bem ao lado, na parede, havia uma pequena tela de LCD que mostrava quem estava à frente por três ângulos diferentes. Ao contrário do arcaico olho mágico, aquele sistema era seguro e nunca deixava dúvidas.

O rapaz estava parado com as duas caixas da pizzaria Tarantella nas mãos. Era um adolescente da mesma altura que Hannah e bastante magro. Seus olhos eram verdes muito claros, tinha cabelos ruivos e muitas sardas. Hannah sempre o provocava dizendo que suas orelhas eram grandes como as do Dumbo.

Hannah recebera o jantar e assim como fora instruída pela mãe na conversa daquela tarde, fechara a porta logo em seguida sem ficar socializando enquanto recebia o pedido. De acordo com Scarlett, elas deveriam aprender a serem mais diretas e práticas. Isso incluía não deixar a porta do apartamento aberta além do necessário e nem convidar desconhecidos para entrar.