O Homem que fala através do vento

O início de tudo

Cá estou eu no salão principal deste castelo em ruínas onde minha amada vive. Nunca tinha vindo nesta parte antes, mas hoje ela quis me trazer por ser para ela um dia especial da qual ela mantém em segredo.
Um pano tênue e transparente me permite ver o outro lado, claro, não nitidamente, aparentando ser a separação entre a vida e a morte.
Passando para o outro lado do pano pude ver paredes rachadas e colunas quebradas.

Na parede central de tudo onde há um trono empoeirado e quebrado, atrás há uma enorme árvore, tão grande e robusta, suas folhagens são fartas, ela parece muito forte e antiga também. A árvore brilha, uma luz ligeiramente amarelasa é emitida da mesma e suas folhagens esverdeadas também reluz uma luz esverdeada iluminando o local.
O ambiente gelado deixa o momento mais dramático, o local cuja única iluminação é da árvore e o lugar em ruínas contribui para esse feito. E lá está ela! Com esses olhos cintilantes ela me encara, invadindo minha mente com o mais terrível dos encantamentos como se em seus olhos habitasse a mais profunda magia. Tomado por um temor de sentimentos que não consigo discernir, seus braços envolvem meus ombros enquanto gentilmente ela aproxima seus lábios dos meus

Um beijo doce e envolvente é dado de ambas as partes, mas então, tudo ao meu redor começa a tremer e oque já estava em ruínas começa a cair gradativamente. Ao abrir os olhos olhos percebo que ela não está mais na minha frente, e que a árvore deixou de brilhar. Uma risada completamente maligna percorre pelo local e o medo invade meu ser. O que eu fiz?

Tomado de temor, corro para longe deste castelo, no meio do caminho me deparo com um riacho, caio de joelhos perante ao mesmo e, ao ver meu rosto refletido na água, pude ver que há uma rachadura em todo o lado direito do meu rosto.

O que eu fiz? O que aconteceu?
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Anos depois

O sol brilha como nunca hoje. O dia está lindo hoje, a brisa suave graceja meu cabelo enquanto os pássaros voam para suas árvores cantando uma melodia doce.
Estou voltando para casa com as cestas cheias de azeite, farinha e algumas frutas que comprei na feira local, mas enquanto andava, um homem parou na minha frente.
Ele não diz uma palavra, apenas permanece analisando todo meu rosto, seu olhar é tão penetrante que parece estar olhando minha alma

- o que deseja? -pergunto quebrando o silêncio

- sou um Soldado, busco jovens corajosos que digam sim a missões que ninguém quer cumprir. Como está o seu dia, jovem moça?

- muito bom, obrigada

O homem me faz perguntas bobas como o que eu gosto de comer, se meus pais me esperam em casa, o que eu gosto de fazer... não entendi o intuito disso, dou respostas curtas sinalizando que não estou nem um pouco interessada em conversar mas ele não parece perceber, ou se percebeu, não se importa

- me desculpe ser rude mas onde o senhor que chegar?

- uma última pergunta, jovem moça. Você tem coragem?

- o que? Por que esta pergunta?

Ele examina todo meu rosto e com um sorriso satisfeito ele diz

- você tem coragem. Chega de enrolações, estou aqui para lhe convocar a uma missão

- missão? Desculpe, mas não estou interessada

- esta missão é sobre salvar os cativos do reino e derrotar a hoste maligna que os governa -prosseguiu ele ignorando totalmente minha negação

- eu não fui feita para isso, não é minha vocação. Desculpe decepciona-lo

- jovem, eu sei que é você. Você tem sangue de guerreiro correndo nas suas veias, apenas não descobriu ainda